Como Seduzir Um Lorde

☆ Capítulo 23 ☆

Christian

Não fui muito longe, consegui andar somente até a esquina, então parei e me deixei tombar contra a parede com os olhos fechados. Eu tentava em vão recuperar o fôlego, recuperar o controle sobre minhas emoções, mas não conseguia.

Aquela garotinha não me saia da cabeça, quando a vi foi como se eu tivesse sido atropelado, mas atropelado pelas minhas lembranças tenebrosas do passado, que me dilaceram até hoje.

Os olhos dela.

Aqueles olhos tão parecidos com os de Alice, me fizeram reviver tudo de novo e de novo, e outra vez. Eu tinha que sair de lá porque não estava conseguindo respirar.

Meu passado estava me matando aos pouquinhos naquele momento, porque tudo voltava a tona com força total. Se repetindo inúmeras vezes e acabando comigo no processo. Eu até mesmo conseguia ouvir de novo a voz de Alice em minha mente, lembrava daquele dia como se fosse hoje.

- Chris! Chris! - ela dissera animada, seus olhos azuis brilhantes e um enorme sorriso no rostinho - Você acha que vamos vê um peixe-palhaço?

Ela estava tão empolgada que ficava pulando para cima e para baixo ao meu redor, enquanto eu arrumava a manta para o nosso piquenique em um lugar verde e vibrante, e mais ao longe ficava o fim do campo com uma depressão que dava direto para o mar logo a baixo.

Só ela me chamava de Chris, bem, do jeito que ela falava saia mais como "quis", mas eu adorava. Ela dizia que meu nome era muito complicado, então passou a me chamar assim.

- Acho que sim, pequena - respondi, e abri um sorriso quando ela me deu um sorriso enorme - Basta que procuremos direitinho. Eles são muito espertos.

Alice vira retratos de peixe-palhaço em um livro em nossa casa e desde então estava doidinha para ver um com os próprios olhos, ela me perseguiu pela casa durante uma tarde inteira para que eu a levasse para um piquenique e depois pudéssemos procurar por um peixe-palhaço.

- São espeitos como eu? - ela apontou para si mesma, rindo.

Uma risada me escapou e eu a observei com um sorriso. Ela usava um vestido florido, seus cabelos cor de chocolate presos em uma trança que eu mesmo fiz, porque desde que ela nasceu eu sempre traçava seus cabelos e ela adorava, e eu também. Seu rostinho angelical, seus olhos azuis brilhantes e seu sorriso doce que sempre conseguia o que queria de mim.

- Sim, querida. Espertos como você.

Ela olhou para mim e sorriu como se eu fosse o melhor homem do mundo, e percebi que minha vida toda estava naquele sorriso. Ela foi o melhor presente que eu poderia ter recebido. Ela era uma parte de mim e isso nunca mudaria, eu a amava mais do que qualquer coisa no mundo...

Balancei minha cabeça bruscamente, senti lágrimas escorrendo por meu rosto e abri os olhos com meu coração despedaçado. Um suspiro trêmulo escapou dos meus lábios e meu peito doeu. Limpei minhas bochechas e descansei a cabeça contra a parede respirando profundamente e observando a lua no céu.

Um grito desesperado cortou a noite seguido por uma voz masculina alterada, depois de novo e então reconheci uma das vozes, a que gritou e meu coração parou dentro do peito.

Morgana.

Disparei pela rua escura, sentindo dedos gelados de pânico apertarem meu estômago, um arrepio me percorreu só de imaginar o que poderia estar acontecendo. Eu estava apavorado. Se algo acontecesse a ela...

Eu não podia nem pensar. Eu não suportaria. Não. Isso me mataria. Mataria o que restou de mim.

Eu não conseguia ver nada a minha frente, só sentia o medo irracional de que alguma coisa poderia acontecer com ela. Por que eu sai de perto dela? Por que? Eu sou um maldito idiota por tê-la deixado daquela forma.