☆ Capítulo 12 ☆

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Christian

Água, água, água.

Estava cercado por água.

Eu nado, nado, nado e nada.

Não achava.

Tentava enxergar mas não conseguia, estava escuro demais, fundo demais.

Não parei de procurar, nadei, nadei e nadei, não parei nem quando meus pulmões começaram a queimar por ar, meus olhos ardiam, meu músculos latejavam pelo enorme esforço que estava fazendo, mas mesmo assim não parei.

Eu procurei, procurei, procurei, mas é inútil.

Não encontro.

Eu nunca encontrava.

É tudo culpa minha.

Sempre a mesma coisa.

Nunca consigo salvá-la.

Acordei ofegante e molhado de suor, meus olhos ardendo com a coleção de lágrimas.

É sempre o mesmo pesadelo.
Não consigo salvá-la nem no diabo do sonho!

Um soluço estrangulado escapou de meus lábios.

Lágrimas rolam soltas sem o meu consentimento.

Me encolhi ainda mais na cama, tentando a todo custo amenizar a dor que me dilacera dia após dia, após dia.

Tenho um vazio no peito, que desconfio que nunca será preenchido.
Minha vida se tornou isso, pesadelo, dor, culpa, vazio. Não consigo dormir direito a três anos. Desde aquele dia. Desde que eu arruinei minha vida e a vida da minha família.

Esfreguei meus olhos e me levantei, lavei meu rosto, respirei fundo, mas a dor no peito não passa, só piora, me destroçando de dentro para fora. Lentamente.

Me arrumei, calça, camisa, casaco, meia, sapato. Me concentrei nisso, em arrumar meu cabelo, me vestir, como se nada estivesse errado.

Mas está tudo errado.

Eu daria minha vida se pudesse voltar atrás e consertar tudo, mas não posso, ninguém pode.

Sai do quarto, passei pelo corredor decorado com diversos quadros e arranjos florais e os detalhes em dourado nas paredes. Desci as escadas, até a sala de jantar.

Minha mãe estava sentada em seu lugar na enorme mesa, grande demais para apenas três pessoas. A muita diversidade de comidas e bebidas, tem comida suficiente para alimentar mais umas oito pessoas.

- Bom dia - cumprimentei ao me sentar ao lado da cabeceira da mesa, perto do assento vazio de meu pai.

É bom que ele não esteja aqui mesmo, não estou nem um pouco animado em reencontrá-lo tão cedo, ainda mais depois de ontem. Eu odiei a forma como ele falou com Morgana, ninguém fala com ela desse jeito. Ninguém.

Minha mãe apenas balançou à cabeça, sem nem me olhar, finge estar concentrada em comer, para não ter que sequer falar comigo.

- Dormiu bem, mãe? - perguntei, por que ela não parecia bem. Suas olheiras estavam mais nítidas. Seu rosto estava fino e ela magra demais.

- Sim - ela respondeu secamente, como se fosse um incômodo falar comigo.

Peguei o bule e me servi, tomei um gole do café para ver se ajudava a amenizar a queimação no meu peito. Claro, não funcionou.

- Quem era a garota com você ontem a noite? - perguntou, e em sua voz eu reconheci o mesmo tom vazio que em minha própria voz.

Minha mãe não se incomodou em me olhar, apenas tomou um gole do seu chá. Peguei um pedaço de bolo, coloquei no meu prato e comecei a comer.

Como Seduzir Um Lorde Onde histórias criam vida. Descubra agora