Herdeiros

42.inicio

ALRY:

Meu corpo inteiro estava congelado de dor, uma dor insuportável e agonizante, que tornava difícil até respirar. A dor latejava das minhas costas, aonde tinham arrancado tudo de mim, as assas de um anjo são como sua vida e nesse momento eu estava vazia, num poço escuro aonde a tristeza e a Escuridão me abraçavam. Acabou, tudo acabou, a essa altura meu reino estaria destruído, meu irmão morto, meus pais sequestrados, minhas família desmoronando,minha tia morta e todos que conheci também estariam era só questão de tempo.

Eu não tinha como ir atrás deles, não tinha forças nem pra me levantar, meu corpo fragilizado pela dor que nem se movia era inútil! Eu não podia mais enxergar nada, pós meus olhos foram arrancados, tudo o que fazia era sentir, através da minha magia, sentir o que estava ao meu redor, mas isso não seria o bastante. Eu tremia de frio por culpa da febre, meus ferimentos deveriam ter infeccionado, tentei respirar e percebi que estava com uma máscara de oxigênio, movendo um pouco a mão tinha um cateter no meu braço, apenas mover a mão me fez gemer de dor, eu estava debilitada demais, então ouvi a porta se abrindo o que me fez congelar, medo, pânico e desespero consumiram meu cérebro, por favor não, de novo não.... Ouvi a porta sendo fechada e fiquei totalmente imóvel por puro terror de ser punida de novo, pelos deuses por favor, que eles não fiquem me tocando de novo, que eles não me torturam de novo, por favor.... Por favor..... Por favor....

- Eu não vou te machucar- ele falou e sua voz era grave e distante.

Minha consciência estava começando a pesar, como se o esforço pra me manter acordada fosse enorme, na verdade era, aguentar essa dor excruciante era horrível.

Eu queria vomitar, a sensação das mãos asquerosas daqueles homens em mim me fazia ter náuseas e enjôo, enjôo de mim mesma. Era como se tô toque deles ficasse marcado em meu corpo por toda a eternidade e me casasse repulsão de mim mesma. Eu queria arrancar minha pele, eu queria morrer....

- Eu só vim ajudar, você está segura agora- ele falou se aproximando de mim, pela primeira vez percebi o tecido que ficou sob mim, era macio, eu estava num cama talvez? Não sei, passei tanto tempo no chão frio, que esqueci como era ao conforte de uma cama, por favor, que ele não me toque, que não faça o que estou pensando- Preciso que você tome o remédio, vai te ajudar com a dor- ele falou bem ao meu lado o que me fez congelar de medo, se pudesse chorar estaria derramando todas as minhas lágrimas agora, mas eu só tremia de medo.- por favor, eu não vou te tocar, só toma o remédio e eu vou embora- ele falou e eu abri a boca, senti a mão dele quando ele colocou o remédio na minha boca e eu a engoli, logo quando ele se afastou.- Vou trocar suas atadura mais tarde- ele falou saindo e só por saber que ele voltaria fez meu corpo estremecer pelo terror que assolava minhas memórias neste instante.

Não teve mais nada, simplesmente o barulho oco da porta fechando e eu sentei, reprimi qualquer barulho. Vamos Alry, Vamos, acorda Alry, você precisa sair daqui, não Importa se machucaram você, se te cegaram, esquece essa coisas voláteis, sua família está lá fora, está em qualquer lugar, precisa ajudar! Precisa salvar seus pais! Precisa.... Senti algo quente escorrer, minha mão foi até minha lombar ao sentir, era viscoso, era meu sangue. Minhas mãos tatearam meu corpo e eu achei o cateter, o tirando e com o dedo mesmo estanquei, tateei no escuro a procura de alguma porta, não achava, comecei a entrar em desespero. Porquê comigo! Porquê!? Não, não, eu cheguei tão perto!

- A direita- a voz serena me vez dá um pulo de susto- um pouco mais a sua direita- ela o mesmo homem de antes, não fui, nem me movi, sentia o olhar dele sobre mim- a porta fica a sua direita, um pouco a abaixo a maçaneta. Aqui- o rangido foi claro da pronta abrindo- aqui não é a sua prisão Alry, não tem guardas, nem em lugar nenhum, só tem eu e você nessa casa, se quer ir, vá.