Sheilla Castro se orgulha muito de sua trajetória no esporte que escolheu para a vida: o vôlei! Porém essas inúmeras medalhas e títulos em grupo e individuais nunca chegariam aos pés da realização de ter se tornado mãe.
Gabriela Guimarães estava no...
Ficar 13 horas dentro de um avião com pessoas falando sem parar e crianças chorando deveria ser proibido. Um pouco foi minha culpa por ter comprado passagens com voo direto da Turquia para o Brasil as pressas. Me levantei pedindo licença para um senhor que estava do meu lado depois de segurar o xixi o máximo que deu e quase não consegui passar por conta da sua enorme barriga que quase encostava na poltrona da frente. Desviei de algumas crianças no corredor e pulei alguns brinquedos caídos pelo chão e com um pouco de pressa ignorei a aeromoça que tentava chamar minha atenção desde que embarquei.
O ruim dos banheiros de avião é que são minúsculos nos obrigando a fazer manobras para poder usá-lo, minha estatura não ajudava muito nesse momento, afinal esses banheiros não foram feitos pensando em pessoas de 1,90 de altura. Ao levantar a tampa do sanitário senti um cheiro forte de urina e vários respingos por todo o assento.
-Ótimo Gabriela, nunca mais eu pego um vôo em cima da hora. As pessoas podem ser muito porcas- murmurei comigo mesma em indignação.
Dei graças a Deus por fazer xixi em pé e simplesmente desabotoei minha calça jeans e a abaixei junto da cueca que eu usava. Me aliviei, lavando as mãos logo em seguida na também minúscula pia e voltei ao meu lugar e novamente foi uma luta para sentar-me. O botão da camisa do senhor acabou se prendendo no rasgo lateral da minha calça. Por fim ficamos uns cinco minutos tentando desenroscar o botão enquanto outra aeromoça me pedia para que me sentasse já que estávamos chegando ao nosso destino. Meu celular apitou avisando de uma mensagem, desbloqueei o aparelho e logo vi que era Gattaz me perguntando o horário que eu desembarcaria e que horas mais ou menos estaria em casa.
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Achei estranho essa pergunta tão especifica, mas deixei para lá, afinal Carol sempre foi meio doida.
Mentalizei tudo que tinha acontecido nessa semana. A temporada tinha acabado em menos de 24 horas e eu já estava voltando para casa. Casa! Essa palavra me traz muitas sensações, a saudade da minha família, principalmente da minha mãe e meu irmão mais velho. Sem falar no meu cachorrinho Nadal que estava enorme e cada vez mais arteiro, pena que ficaria somente alguns dias em Belo Horizonte e logo partiria para Saquarema para me juntar com as meninas e a comissão técnica da sfv para disputamos o vnl (liga das nações de voleibol).
Logo que desembarquei tratei de pegar minhas malas e chamar um uber para me levar até em casa. O caos da cidade continuava o mesmo, pessoas voltando do trabalho ou saindo para se divertir. Coloquei meus fones de ouvido logo após dar o endereço de Dona Helena e fechei os olhos em busca de um pouco do descanso que não consegui durante o voo por ene motivos que acabei adormecendo nessa não muito longa viagem de carro. Acordei somente no portão de casa com o motorista me chamando. O paguei agradecendo a corrida. Ao colocar os pés na calçada da casa em que morei por quase toda vida uma nostalgia me acertou em cheio.
Caminhei em direção ao portão quando o barulho de um carro me chamou atenção. Uma BMW vermelha vinha mais devagar do que o normal e parou do outro lado da rua. Me senti sendo observada e teria ido de encontro ao carro se minha mãe não tivesse aberto o portão e me tomado em um forte abraço. O fato de ter minha mãe junto de mim me fez esquecer por alguns segundos do belo carro do outro lado e quando virei a cabeça em uma última olhada ele já não estava mais lá.
Fui puxada para dentro de casa com inúmeras perguntas se estava me alimentando direito e como estava tudo na Turquia. O resto da noite passei matando as saudades de minha mãe e do Nadalsinho que estava a coisa mais linda do mundo e a imagem da BMW foi logo esquecida.