3. Armadilha

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Autora falando:

Quando a gente pensa que a Adora é a hipnotizada da história, aí eu venho e posto esse capítulo... (Só queria comentar isso aleatoriamente mesmo.)

Boa leitura <3



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Para quem poucas vezes usou do poder vampírico, Catra estava orgulhosa do resultado que obteve no jantar de boas vindas. Ou aquela humana era facilmente impressionável, ou realmente melhorou suas habilidades de hipnose. Essa sensação de controle era tão nova e perigosa. Não experienciou isso antes da transformação e muito menos quando entrou para o clã. Ter alguém tão benevolente assim era fora de sua realidade, mesmo que todo o jogo mental tenha usado só de sua aparência. O que despertara na Adora nada mais era do que desejos suprimidos pela própria humana durante muito tempo, verdade. Contudo, ser a protagonista despertando esse subconsciente lhe causava um certo deleite.

Nunca fora o tipo de pessoa confiante, nunca sequer acreditou que poderia se sentir desejada por alguém, independente do método. Não só por ser parte de sua personalidade construída, mas por nunca ter verdadeiramente abraçado sua sexualidade quando humana.

Não se via seguindo a tradicional juventude do início da década de 70, formando suas famílias e vivendo em empregos primários na Romênia socialista ainda abalada pela guerra de duas décadas atrás com a União Soviética. Era um ponto divergente naquela pequena cidade, a mulher que fazia de tudo para afastar as propostas matrimoniais dos homens, a que se recusava a encaixar em tarefas limitadas pelo seu gênero. Isso fazia de Catra alguém constantemente rejeitada, até que intencionalmente aceitou esse papel para manter essa distância da tal vida que não queria ter.

Começou a explorar o motivo de sua apatia sexual por homens participando de um grupo secreto de mulheres estrangeiras, muito influenciado pela mais nova sensação da América do Norte e Europa ocidental: a luta pela igualdade de gênero. Foi através deste que descobriu sobre diferentes orientações sexuais que iam além da heteronormatividade, foi quando percebeu que o vislumbre que tivera por certas colegas de escola durante a adolescência não era só por simples admiração. Desde então, passou a ver o mundo com muito mais esperança, como se agora tivesse um espaço só seu nele, onde podia ser o que queria ser.

Até Shadow Weaver resolver capturar sua família e acabar com sua juventude de vez.

Não aproveitou nada da descoberta que fizera sobre si em vida humana. Teve uma experiência ou outra como vampira, mas, nada que a fizesse esquecer o quanto queria sua mortalidade de volta mesmo sendo impossível.

Isto porque parte do que queria de volta era a capacidade de se identificar com outra pessoa, de nutrir sentimentos, sejam bons ou ruins. Queria as falhas humanas, a intensidade de sentimento e a percepção de que o tempo não é infinito e tudo deve ser aproveitado. Naquele jantar, algumas dessas coisas voltaram e a fizeram ter uma pequena sensação de vida novamente. Identificou-se com Adora, sentiu uma certa atração por ela até. Amou conversar sobre a rotina humana da curadora, de como ela criou as próprias oportunidades na vida e não tem um fio de medo sequer de admitir nos momentos em que falhou.

Adora era uma mulher independente que lutava pelo que queria conquistar. Tudo o que Catra gostaria de ter sido. Talvez o que Catra procuraria em uma parceira antes de tornar-se imortal.

Enfim. Não é como se tivesse tempo para sequer fantasiar sobre isso. Acima de tudo, seu objetivo com Adora era completamente diferente. O que seu eu do presente precisava agora era de uma humana para sequestrar para que finalmente tivesse acesso a sangue regularmente.

Atraída Pela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora