10. Coragem

51 9 0
                                    


Autora falando:

Oi oi! Com um delay, mas aqui vai um novo capítulo com POV Adora para vocês.

Boa leitura <3



.

Adora já estava acostumada com a correria do trabalho neste último ano. Só hoje que as tarefas pareciam especialmente infindáveis. Precisava chegar em 15 minutos no apartamento de uma amiga e ainda não tinha saído de uma reunião presencial que tinha quase certeza que poderia ser substituída por um e-mail. Calculou que, caso corresse, chegaria apenas alguns minutinhos além do que já avisou que atrasaria, não tão apresentável quanto queria, contudo.

Enquanto media internamente sobre chegar mais tarde ainda ou aparecer com pizzas tamanho gigante debaixo dos braços, seu chefe anunciou o fim da conversa. Alguma frase-chave como 'resolvemos isso em um outro dia' ou 'por hoje é isso' a tirou do transe e ativou o modo fim de expediente nela. Despediu-se em segundos e correu pelo Museu a fora.

Quer dizer, não correu. Escolheu preservar a higiene para a noite já que não teria tempo de passar em casa para se arrumar. Depois de um suspiro sem esperanças, resolveu pegar o celular no meio do caminho para avisar que não chegaria no tempo avisado. Sim, acabou optando pelo atraso do atraso. Sabia que até conseguir pegar um táxi ou algo do tipo precisaria esperar, além de depender do trânsito. Foi nesse momento que viu uma notificação de mensagem na caixa de seu endereço de email do Museu, ignorada antes por motivos de: estava na reunião.

Leu por alto porque não conteve a curiosidade e o assunto mencionava uma pesquisa anônima na Transilvânia.

— Esse lugar, — balbuciou para si mesmo com um sorriso pequeno no rosto — entrando no meu caminho de novo depois de um ano.

Era estranho relembrar essa viagem. Por mais que este tenha sido o momento da virada de sua carreira, o caminho das pedras para um pouco de reconhecimento, parte dela sentia uma certa agonia em relação ao tempo passado lá.

Agora se via a caminho da tal festa com uma sensação de nostalgia enorme, capaz de causar uma ansiedade indecifrável. Tudo porque quanto mais o tempo passava, menos fazia sentido as memórias picotadas que trouxera de lá. Enquanto as negociações eram vívidas como se tivessem ocorrido ontem, os momentos fora de expediente na Romênia eram copiosos. Lembrava-se de chegar naquele quarto de hotel magnífico, tomar um longo banho e dormir. Só. De dia acordava, explorava o lugar sozinha e encontrava com a herdeira à noite somente para falar de negócios.

Catra era o nome dela, disso não esquecia. E nem do par de olhos coloridos, um âmbar e outro azul. Ou das sardas sob o rosto, a juventude, o sorriso inconscientemente sedutor. Atrevia-se pensar que sentiu uma leve e rápida atração por aquela mulher, mas, por questões profissionais, nunca deixou que saísse do imaginário.

Ou deixou?

Não sabia ao certo, essa era a verdade.

Tão confuso quanto seu sentimento era a sua noção de partida da Romênia. Não conseguia resgatar absolutamente nada do dia que embarcou de volta, a não ser que o alarme de seu celular tocou aleatoriamente durante o voo, e assim acordou do que parecia o sono mais profundo de sua vida. Também tinha o tal bilhete confuso no bolso de seu casaco:

"Os documentos importantes estão na sua mala de mão, e as obras, nas despachadas (tudo bem protegido). Foi muito bom ter sua visita, porém é melhor ainda que esteja partindo sã e salva. A partir de agora, siga a vida e não me procure.

Atraída Pela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora