Ofertão 1,99 [taekook]

03. Escorregadio

O beijo que Jungkook quase roubou fez um estrago nos poucos parafusos de Taehyung.

Se tivesse demorasse uns segundos a mais, teria o beijado. Por um momento, naquela hora, sentiu que nada mais importava, nem mesmo o gênero da pessoa. Entretanto, não era o primeiro homem que tentou lhe beijar, mas era o primeiro que lhe colocou em dúvida se ter recusado foi o que de fato queria. Fez-se uma curiosidade de como era o beijo dele. Jungkook parecia ser educado, responsável e empático, um gentleman, mas não esperava que fosse rápido com suas relações. Taehyung chutava que ele primeiro levasse a pessoa para degustar de vinhos ou algum outro programa fora de sua realidade. Com aquela roupagem toda de um homem gentil, sutil e fino, comia pelas beiradas quanto às suas intenções.

O Kim, após tudo aquilo, tomou um banho de água geladíssima. Sua mãe havia visto-o entrar pela sala e subir apressado as escadas, indo para o quarto. Depois de alguns longos minutos, Taehyung desceu e quis se esquivar de qualquer assunto que tocasse no nome do Jeon. Katherine estava encantada com a educação dele. Azar de Taehyung, que teve que ouvir a mãe tecendo elogios ao outro.

No dia seguinte, já não haviam mais inúmeros pensamentos sobre o que aconteceu. Ufa. Julgou ter sido só um susto, um pânico insignificante e um delírio de sua parte ficar mexido com o neto do falecido.

Nada que um dia de trabalho não apague.

— Olha o pesado, seu arrombado! — Taehyung gritou carregando uma caixa em tempo de apanhar na rua. Caso acontecesse, jogaria a caixa descrita como "pesado" na cara de um.

— A donzela é forte... — ouviu sem dar ideia.

Achava impressionante como a maioria dos homens que atrapalhavam a passagem não sabiam ouvir nada quietos. Na comparação de uma pessoa que só estava transitando carregando uma sacola de mão com algo leve, Taehyung achava uma grande desonestidade acharem que aquele trambolho em seus ombros podia esperar a lerdeza alheia. Questão de bom senso. Também não queria estar gritando com ninguém, mas precisava. Era a única forma de ser escutado. Infelizmente, fazia parte de suas atribuições carregar aquelas malditas caixas de produtos até o depósito em loja, de macacão de tigre e tudo, porque era mais simples após isto apenas calçar as pantufas desengonçadas e a cabeça de tigre, pertencentes à fantasia.

Continuou caminhando com a caixa nos ombros, entrando loja adentro e despejando no chão do depósito. Bateu uma palma da mão na outra e tirou a poeira. Apontou seguidamente para cada caixa de papelão que continham lotes de tábuas de cortar carne. Fazia mentalmente a conta de quantas caixas tinham naquele espaço apertado cujo empilhou-as. Estavam todas ali.

Agora era voltar para a rua, o calçadão.

[...]

Taehyung fechou o horário de trabalho com dor na lombar e ainda tinha que enfrentar a outra jornada que era a faculdade. Antes disso, iria para casa e, de lá, para as aulas. Um pouco contramão, mas a passagem para voltar em casa e depois ir para a faculdade custava mais barato do que jantar fora. Daí já aproveitava e jantava em casa, tomava banho e chegava um tanto atrasado, mas nunca perdia completamente a aula e nem gastava a mais.

A rotina só era quebrada em provas, porque atrasos eram intoleráveis.

O transporte de ida para casa àquela hora era sempre lotado. Por vezes, quando o trânsito dava um nó, tinha de ir em pé ou não passava logo pela catraca, apenas ficava na área de embarque como outros passageiros e sentava na escada da porta.

Mas, hoje não estava tão sufocante assim. Dois ônibus da mesma linha passaram quase ao mesmo tempo. Os irmãos Kim perderam o primeiro, mas deram muita sorte ao pegar o de trás, que vinha bem mais vazio. Taehyung foi esperto e contou quantos lugares vazios avistava e quantas pessoas estavam à sua frente. Daria para Jin sentar, menos mal, pelo menos seu irmão mais velho iria sentado.