Ofertão 1,99 [taekook]

Epílogo - Deixar Ir

O par de amigos, brothers e camaradas tinham os fios de cabelo esvoaçantes lá do alto da montanha Yudalsan.

Jungkook colocava a mochila no chão com cuidado e encostava na sua perna para que a mochila não tombasse. Colocou a mão em uma orelha fitando o horizonte, mexendo no brinco que Taehyung um dia furou para ele. Taehyung, enquanto isso, mascava o seu chiclete na boca, revendo os arquivos da galeria com um sorriso entre cada bola de goma de mascar que estourava. Aliás, uma mensagem de Jung Hoseok lhe capturou a atenção na barra de notificações assim que recebeu-a.

Leu rapidamente e coçou o queixo.

— Ei, escuta só, partiu roda de samba mais tarde, Jungkook? O Hobi tá perguntando se a gente vai.

— Só vou se você for.

— Eu também só vou se tu for.

Jungkook então selou os lábios do outro. Se certificou:

— Então vamos?

— Demorô — e Taehyung respondeu Hoseok, dizendo que iriam, porque a roda de samba estava entrando para um dos programas em que Jungkook e Taehyung gostavam de frequentar às sextas-feiras depois do trabalho na empresa. No caso de Taehyung, depois da faculdade, que só vinha após o horário flexível de trabalho no marketing da rede de supermercados Imperdível. — Enviei.

Disse e voltou a ver os vídeos após mandar a mensagem.

— Ok, meu bem — Jungkook respondeu ameno.

— Ai ai, Jungkook... Namoral, eu poderia perder o dia todo só te vendo todo sem graça de frente pra uma câmera.

Falava daqueles mesmos vídeos. Ele não conseguia superar Jungkook igual um bicho do mato quando gravado.

— Pare de ver isso, vai...

— Tá bom, parei — sorriu quadrado e guardou o celular no bolso de sua mochila. A jogou pelo solo rochoso e apertou o amarrado feito no casaco xadrez em sua cintura quando Jungkook se abaixou ao solo e abriu a própria mochila. — Tu quer ajuda?

Perguntou-o, sabendo que Jungkook precisava agir.

— Não, amore. Obrigado.

Ele afirmou estar tudo bem enquanto tirava da mochila uma urna prateada com as cinzas do avô.

— Tá nervoso? — Taehyung perguntou.

— Não muito — ele respondeu levantando a urna consigo em meio ao vento que quase os fazia sair do lugar. Ventava muito naquele local tão aberto e foi por isso que uma montanha foi escolhida para se despedir. — Eu estou em paz comigo mesmo, entende?

— Bacana, acho que isso vai te ajudar pra caralho. Cê disse pra tua família, né?

— Uhum... Eles concordaram, por mim.

— Eu falei, Jungkook, às vezes tem que matar a cobra e mostrar o pau pro povo te respeitar e te ajudar.

— É, eu sei... Me falta sangue nos olhos, sabe? — refletiu e pensou que se não fosse pressionar os primos agora, estaria atolado de trabalho e sem ajuda. Mas, estalou a língua no céu da boca, deixando pra lá. — Vamos?

E Taehyung assentiu.

Num braço, Jungkook segurava a urna prateada de tamanho médio.

— No teu momento, Jun.

— Tá bem...

E Jungkook fechou os olhos e respirou fundo uma vez e depois mais outra. Assim que abriu as pálpebras, prestou atenção para a direção do vento e virou-se para o lado contrário. Aquela era a melhor posição, e Taehyung, fez o mesmo.

O Jeon olhou para baixo, para a urna em seu braço. Abriu-a com a outra mão, retirando a tampa e aos poucos tombando aquele reservatório.

O primeiro fio de cinzas que caiu da urna prateada se perdeu no ar, sendo levado pela direção do vento. Ao perceber, Jungkook levantou minimamente a urna e cortou aquele rastro de cinzas. Seja por uma questão incalculada ou por apego às memórias do avô, virou a cabeça para a direção que o fio de cinzas foi levado e abaixou o olhar.

Tudo havia sido levado... Ele não via sequer uma poeira no ar e a sensação de "perder" era francamente esquisita.

Apesar da enorme vontade de levantar aquela urna e simplesmente a fechar, fechou os olhos com força e continuou a despejar as cinzas sem cessar, continuamente, até não restar nada. Pronto, mas e agora? O que sobrava?

Em sua memória, cenas do avô Byun brincando consigo, o carregando nos ombros, lhe ensinando a fazer contas de adição e subtração e o tranquilizando sobre todos os questionamentos da vida. O coração apertava tanto... Mas, o deixou simplesmente ir.