Ofertão 1,99 [taekook]

16. Triste com T

— Espera! — Jungkook fugiu de novo das mãos de Taehyung e se afastou, arrastando a cadeira. Respirou fundo e tentou novamente convencer Taehyung: — Tae, essa não é uma boa ideia. Você acabou de chegar aqui em casa, descanse um pouco, sossegue, sei lá, só mantenha o lóbulo da minha orelha inteiro. De onde tirou essa ideia?

— Da minha cabeça, ué. Confie em mim! Tu é um homem ou um rato?

— Um rato — Jungkook respondeu de imediato, não fez questão alguma de sair com a imagem de "machão".

Oras, homens também podem ter medo de Kim Taehyung focado em lhe causar uma puta inflamação na orelha.

Mas, Taehyung encasquetou-se com aquela ideia desde o início. Já tinha vindo da roda de samba com aquela cisma. Achou maneiro o Hoseok, o líder do grupo de músicos Hoseok e os Solzão de Lascar, ter um brinco na orelha. Iria ficar legal no Jeon também. Pois é, sobrou para o castanho que acabou buscando Taehyung no ponto de ônibus. De mala e cuia e uma falta na faculdade, Taehyung lhe surpreendeu e lançou a braba: "cara, bora furar tua orelha?"

Jungkook caiu feito um patinho... Se fodeu. Taehyung só tinha um cubo de gelo e um brinco de haste pontiaguda, querendo fazer história só com isso. Bobinho. No máximo iria esculhambar a orelha alheia, garantindo uma entrada no pronto-socorro por ter titica de galinha no lugar de neurônios.

— Bora fazer assim, no "três" eu cravo o brinco — sugeriu.

Jungkook massageou as têmporas. Puta que pariu. Algo errado não estava certo naquela cozinha enquanto, à mesa, ambos faziam uma presepada daquelas. Poxa, mas olhando para Taehyung, com aqueles dois olhinhos pidões aguardando o aval para ferrar com a sua vida, podia-se de tudo.

Hora de Jungkook fazer valer a pena o plano de saúde.

— Tá bom, tá bom... Vai em frente...

Taehyung sorriu de orelha a orelha. Besta, o brilho de seu sorrisão poderia atingir até mesmo as panelas, reluzindo tudo.

— Põe mais ânimo nisso, Jungkook. Parece até que tô te ameaçando com a faca — brincou, com a joia encostada na orelha dormente pelo cubo de gelo antes pressionado no local. A joia era uma faca, mas espetava como a ponta de uma. Jungkook riu, de nervoso. Foi só isso que Taehyung esperou para ser rápido o suficiente, morder a pontinha da língua, concentrado, e no timing certo cravar aquele brinco na orelha do outro. Sem contagem regressiva, sem espera e sem nada. Pressionou e foi!

Jungkook deu um sobressalto, a orelha ardeu e o xingamento feio disparado.

— FILHO DA P-

Mas, ainda assim, o próprio se freou em não direcionar aquilo inteiro para Taehyung.

Taehyung deu dois passos para trás com a merda feita. O brinco ficou um pouco deslocado do local que marcou com canetinha, mas deu certo. Furo feito. Enquanto Jungkook parecia morrer, querendo encostar na orelha, Taehyung se reaproximou para ver de pertinho.

Assoprou o lóbulo e Jungkook amoleceu na cadeira, fazendo valer o estereótipo de filho único, criado a leite com pêra. O famoso xodó dos avós, dramático.

— Ih, olha lá, tá vermelhão — observou Taehyung e apontou como se Jungkook pudesse ver a própria orelha. Estalou a língua no céu da boca várias vezes e compensou a observação elogiando a obra-prima: — Ah, mas também tá maneiro! Saca só!

E Taehyung deu a volta na mesa da cozinha, segurou o espelho pequeno e quadradinho numa boa distância para Jungkook se ver. Este, conferiu a orelha no reflexo e ficou boquiaberto.

— Você é impossível, Taehyung... Dá para acreditar? Eu, de brinco — disse incrédulo, sem nunca ter cogitado furar a orelha. Modificar o corpo não era uma coisa em que particularmente tinha interesse, mas, curtiu. — Até que não ficou tão mal...