*Notas do autor: Espero que gostem da leitura! Que este capítulo ilumine tanto quanto uma maga muito poderosa possa iluminar os céus.
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Vayne
A caminho do castelo, só conseguia pensar em como sua vida tinha mudado tanto em poucos segundos daquela maldita noite. Tinha perdidos seus pais por culpa de uma demonia que até hoje descobrira tão pouco a seu respeito.
Aos 22 anos, praticamente pedida em casamento pelo homem que pensara ter sido seu melhor amigo, mas não passava de um babaca covarde, abusador de mulheres. Um arrepio perspassou por seu corpo ao lembrar do toque forte que lhe deu há poucos minutos atrás, a violência que continha naquele olhar.
Talvez as coisas fossem assim mesmo, aprendemos em quem podemos confiar e que as pessoas não são quem pensamos ser nem sempre da maneira mais gentil, mas sim a mais grotesca possível, possivelmente com uma mulher esquartejada por um homem que não soube receber um "não".
— Mantenha a cabeça no lugar, menina
Ela quase tinha esquecido que estava acompanhada, yordles eram tão pequenos...
— Ela está perfeitamente no lugar, se quer saber
Poppy apenas rangera os dentes.
Vayne não conseguia se lembrar da última vez que colocara os seus pés no caminho de pedras que levava até a ponte do castelo de Demacia. Tinha por volta de seis anos, era a melhor amiga da princesa e do príncipe, viviam brincando e treinando com suas espadas. Claro que Luxanna nunca atribuía o verdadeiro valor às espadas, preferia os cetros, afinal de contas era uma maga, gostava de usar magia. Mas até hoje Vayne não entendia sua fixação pelos estudos de correntes. Se esse encontro fosse realmente levá-la até sua antiga amiga, iria perguntar se os estudos a tinham levado a algum lugar depois de anos.
Atravessara a ponte sem dificuldades, graças a sua companheira que parecia ser algum membro da corte. Tentava sem parar lembrar quem era essa yordle, por que não conseguia se lembrar?
Como se ouvisse as travas rodopiando a mente de Vayne, Poppy começou a girar o martelo. Um pequeno lembrete. Não tinha sido um convite amigável. "Olá, amiga Vayne! Saudades dos bons tempos, venha tomar um chá". Era algo mais como "Você invadiu minha casa e vai pagar por isso". Engoliu em seco.
Diante da imagem perante seus olhos, ambas suspiraram. Já era de se suspeitar. O reino de Demacia sempre fora um dos mais belos que Shauna tinha visto. Com seus portões alados se retorcendo em galhos mágicos, uma neblina que não se sabia a origem pairando no primeiro andar do castelo, flores de todos os tipos serpenteando-o, desde as mais inofensivas às mais tóxicas, enfeitando as paredes de todas as torres.
Mas uma torre em específica era escura, sombria e com flores fétidas e letais. Tratava-se da torre de Shyvana, a meia-dragoa do reino, a guardiã de algo muito poderoso que até hoje Vayne não sabia o que era.
— O que pode ser tão poderoso para ser trancado e mantido com um monstro? — perguntara quando mais nova
— Primeiro, ela não é um monstro, faz parte da família — respondera Lux, com um tom ofendido — E segundo, nem eu sei, papai apenas diz que mantém essa coisa lá há séculos, mas acho que nem ele sabe
Se fosse algo tão forte, capaz de reduzir demônios a cinzas, ela descobriria.
Poppy foi desacelerando os passos, anunciando a chegada.
Os guardas verificaram as identidades. Com tantos seres místicos, qualquer um podia vestir o corpo de outro alguém.
— Poppy, chave de segurança — disse o brutamontes à esquerda
— Precisa mesmo? — perguntara a yordle já levantando o martelo, mostrando o selo da realeza
— Você sabe quais são as regras, guardiã — respondeu a moça à direita
Era uma moça. Vayne engasgara e a moça apenas a encarou.
Poppy ergueu o martelo e recitou algum tipo de prece numa língua que Shauna nunca ouvira antes.
— É bom tê-la de volta — respondeu a moça com um sorriso
Vayne quase correspondeu, mas lembrou-se que não era com ela que estavam falando.
— Identifique-se
— Sou a Vayne
A guarda ergueu uma sobrancelha.
— Minha prisioneira, é a moça que invadiu o castelo essa madrugada — respondeu a yordle
Os olhos de ambos os guardas se arregalaram, como se reconhecendo o trabalho árduo que teve para conseguir invadir a propriedade.
Mas não tinha sido nada, Vayne só quase morrera umas quatro vezes, nada demais.
— Bom, precisaremos colocar uma etiqueta em seu pulso para...
Uma luz radiante cortou o céu, era impossível de se olhar com os olhos totalmente abertos, mas era impossível também não observar o arco-íris brotando dali. A luz era tão forte que Vayne jurava que poderia ficar cega se olhasse por mais tempo.
— Creio que ela não precisará de etiqueta — uma voz feminina disse de algum lugar, muito perto — Eu mesma irei a acompanhar
Diante da voz, os guardas pareceram enrijecer.
— Como quiser, alteza
E então princesa Luxanna surgiu das sombras, e ao seu lado, um homem com longas correntes estava com os dedos entrelaçados aos dela.
— Shauna Vayne — disse — Há quanto tempo
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Evelynn
Tanta fome, tanta dor. A succubus estava atirada no chão, gemendo intensamente, não por prazer, mas pela mais terrível dor, cuja fazia seus dentes baterem e seus ossos roerem.
Fazia semanas que não se alimentava, tentando se conformar com a alimentação humana, refeições diárias. Mas precisava de sua fonte de poder, precisava de agonia, sofrimento.
Se ajoelhando, com as mãos ao peito, ela começou a sussurrar para os ventos, começou a rezar para seus deuses adormecidos, para seu pai.
— Me dêem forças para continuar, me mostrem o caminho que preciso percorrer para achar uma fonte
Após finalizar suas preces, os ventos pareceram soprar com mais força. Pai. De repente, um freixe de uma luz forte rasgou o céu com força total.
Aguçando os sentidos, Evelynn escutou gritos, não gritos de desespero, reparou. Eram gritos de apreciação. Humanos tinham deuses de luz? Hum, interessante.
— Se eles gostam do que veem, vamos ver se irão gostar com os olhos furados!
A gargalhada que se seguiu poderia ter arrepiado a criatura mais poderosa do universo.
E então, com o silêncio da noite, a mulher de olhos amarelos mergulhou no escuro, para a origem da luz. Para Demacia. Para Vayne.
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Doce Vingança: Evelynn e Vayne
RomanceAos dezesseis anos de idade, Vayne se deparou com os pais mortos diante da cama, seus corpos ensanguentados e uma mulher com chifres e um sorriso completamente frio. Diante da agonia de Vayne, a demônia em sua frente só ampliava o seu sorriso. "Por...