Resquício de Poder

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*Notas da autora: Direitos autorais da imagem do capítulo: https://www.artstation.com/artwork/baQQbG

Vayne

A sala para as refeições era simplesmente imensa, o que não surpreendia Vayne em nada, afinal de contas aquele palácio era o maior que já adentrara em toda a sua mísera vida.

Leblanc caminhava pelo lugar como se fosse dona do próprio. Isso despertara a curiosidade dela, será que todas as bruxas viviam em harmonia? Não tinham disputas pelo poder e eram todas iguais perante uma a outra? Isso soava como a perfeição, isto é, se retirássemos o fato de serem criaturas malignas que assam crianças em seus fornos gigantes.

Engoliu em seco lançando um olhar para a lareira. Se precisasse fugir, podia contar com a ajuda de fogo e ferro, os objetos mais temidos pelas bruxas. Isso sem contar com símbolos. Disfarçadamente, Vayne puxou um dos talheres de sobra e o prendeu em seu corpete. Faria bom uso mais tarde.

Quando se sentaram na mesa extensa de madeira, LB apenas estalou os dedos e uma refeição majestosa surgiu em seus pratos. Ela estava boquiaberta. Poderia ficar ali pra sempre se continuassem a servindo daquele jeito. Até que então um pensamento a atingiu. E se estivessem a engordando, deixando-a rechonchuda para depois fazerem-na de banquete? Horrorizada, cogitou começar um jejum. Então, não ousou sequer tocar nos talheres dispostos a sua frente, por mais tentadores que fossem os ovos mexidos, a torrada com mel, o iogurte fresquinho e algumas frutas que pareciam terem sido colhidas naquele exato instante.

– Acho melhor você comer se quiser durar mais de cinco minutos no treino, Shauna – disse LeBlanc de boca cheia

Vayne lançou um olhar vesgo para ela. Não era comum, em toda a sua vida, mulheres mastigarem de boca aberta ou sequer falarem com a boca cheia.

LB arrotou, sobressaltando-a.

– Ah, desculpe, esqueci que foi criada por uma família metida à besta – riu consigo mesma – Os Lavanders, né?

Apenas assentiu em resposta, ainda incrédula.

– Hum, já ouvi o pior deles. Dizem que há uma maldição ou uma barganha, pacto, sei lá, que eles fizeram com um ser adormecido há séculos. Afinal de contas, quantos anos você dá pra aquela mulher?

– A Madame Lavander?

Ela riu de novo.

– "Madame" – gesticulou fazendo graça – Um nome tão chique pra uma mulher que tem mais de 200 anos, não acha?

Vayne engasgou com a própria saliva.

– Como disse? – conseguiu perguntar

– Mais de 200 anos – repetiu – Não sabia?

Negou com a cabeça.

– Hum... viveu por 10 anos com a mulher e nem sabia a idade dela? Você é bem estranha, né?

Isso a irritou.

– Olha, meus pais eram tudo o que eu tinha. E, infelizmente, eram próximos da família Lavander. Desculpe se eu não nasci bruxa e privilegiada como você que se banqueteia como quiser e faz o que bem entender da sua vida

Assim que proferiu as palavras, fechou a boca rapidamente. Ela tinha ficado maluca? Havia respondido grosseiramente uma bruxa que não tinha a mínima noção de quais eram os seus poderes. Seria condenada pela ousadia?

Mas para total choque de Vayne, LeBlanc gargalhou, tipo, gargalhou muito mesmo, literalmente quase caindo da cadeira.

Enxugando as lágrimas de sangue douradas de seus olhos, ela olhou para Shauna e disse.

Doce Vingança: Evelynn e VayneOnde histórias criam vida. Descubra agora