Epílogo

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*Notas da Autora: Direitos autorais da imagem deste capítulo: https://libredd.it/r/Kaylemains/comments/irz3sd/solar_coven_kayle_by_anna_perci/


Morgana

A escuridão sempre era um toque bem-vindo. A alma dela já havia se esvanecido há muito tempo. Não sabia mais o que era amor, muito menos carinho. Suas irmãs a amavam, e era um sentimento recíproco, mas depois da traidora do sol, não sabia assimilar o sentimento, nem depositar a mesma confiança novamente em alguém.

Se arrastando até sua cadeira velha, depositou os papéis em cima da mesa. Os novos tratados e as novas solicitações, todos os dias seus súditos eram escutados e seus pedidos eram anotados. Como rainha e sem nenhum consorte, Morgana tinha de administrar todo o reino sozinha e não podia deixar que nada faltasse a seus adoradores.

Com os pensamentos bem longe deu início a leitura, se espantando com o tanto de leite que estava faltando ao povo. Pelo que estava lendo, rumores sobre uma criatura estar devastando os pastos e matando as vacas estavam correndo pelo reino. Trataria disso ainda naquele mesmo dia, não gostava nada de saber que alguma criatura tinha tamanha ousadia.

Um papel dourado chamou sua atenção. Seus olhos dispararam no remetente. Yone. Interessante, pensou.

"Ahri tem evoluído bastante, começando a descobrir que tipo de criatura passou pelo caminho apenas pelo cheiro ou pelas marcas das garras. Seus feitiços estão ficando mais poderosos também, mas ainda sinto algo a prendendo. Por acaso se trata daquele assunto delicado do qual falamos? Porque se for, terei que pessoalmente resolver o empecilho para a garota seguir em frente", parou a leitura para suspirar. Jhin de fato estava de volta na redondeza e procurando por Ahri. Ela devia sentir o chamado e isso a estava desconcentrando.

"Ademais, está tudo certo. Mas preciso da resposta sobre a proposta que lhe fiz quanto a ela. Aceitas ou não?
Encarecidamente, Yone".

Suspirou mais uma vez. Garoto insistente e petulante, pressionando uma rainha, como ousava? Grunhiu, se encostando na cadeira para descansar.

Um brilho atraiu seu olhar para a caixa vazia há anos em sua parede de relíquias.

Morgana se levantou tão rápido que derrubou a cadeira. Atravessando a sala a passos largos parou em frente a caixa.

– Impossível – disse com os olhos se enchendo de lágrimas

A espada que um dia fora sua estava ali dentro da caixa em perfeito estado e do mesmo jeitinho que deixou antes da traidora a levar consigo.

Passos silenciosos vieram detrás, Morgana conjurou as correntes mentalmente para as pontas de seus dedos, pronta para atacar sem piedade caso fosse preciso.

– Pode abaixar a guarda, Morgana – disse uma voz que há muito não ouvia – Ou devo dizer, vossa alteza? – cuspiu, escárnio transbordando em sua voz – Achei que já estava na hora de nos encontrarmos novamente

Morgana abriu a caixa sem mover um único dedo, fazendo a espada levitar até suas mãos. Se virou para a mulher atrás de si com os olhos cheios de mágoa e rancor.

– O que faz aqui? – perguntou, tentando ocultar o embargo em sua voz e falhando completamente

– Precisamos tratar de negócios, você, eu e Eles – disse num tom sério

Morgana estreitou os olhos.

– Eles quem?

As asas da mulher loura em sua frente se levantaram, alçando um voo baixo para apenas levitar, o dourado das asas preenchendo a sala com puro brilho, como se ouro ostentasse em cada pena. Fora para machucar Morgana, esfregando na cara como ainda podia voar, diferente dela.

– Os Deuses, Morgana – disse com um leve sorriso – Os meus Deuses

Antes que Morgana pudesse dizer qualquer coisa, a espada em sua mão foi para as dela.

– Se quiser recuperá-la, venha pegar você mesma. Diga ao seu reino que sairá em missão e deixe Evelynn no comando – praticamente ordenou

– Temos a mesma idade e eu sou a Rainha de Wicca, com que direito você pensa que pode... – começou

Gargalhada saiu dos pulmões da traidora.

– Não me venha com essa de mesma idade – ralhou – Sou alguns minutos mais velha e bem mais madura que você, Morg.

O apelido saindo de seus lábios soava como uma ofensa, um tapa bem dado em sua cara. "Se lembre de quem é e se coloque em seu devido lugar" parecia dizer.

Erguendo o queixo, encarou os olhos dourados de Kayle, a Traidora do Sol, sua irmã.

– Pare de fugir e venha me enfrentar. Estaremos te esperando.

Foi tudo o que disse antes de alçar voo e ser engolida pela escuridão da noite.

Morgana sabia o que deveria fazer, apesar de sua mente lhe implorar para ficar e cuidar do reino. Por isso convocara Evelynn mentalmente, ordenando que viesse o mais rápido até sua sala de planejamento.

A Rainha de Wicca por hora era Evelynn, a verdadeira rainha estaria indisponível até segunda ordem.

– Que os Deuses Antigos me ajudem – sussurrou Morgana

Caminhando com os próprios pés, Morgana foi em frente, até que se esbarrasse com Kayle, pronta para o que quer que viesse.

Mas, caros leitores, a verdadeira Rainha de Wicca não estava nada pronta para o que viria, não estava mesmo.

*********

Em "Virtude: A Verdadeira Escolhida"

– Pare, Morgana! – gritou Kayle – Pare de pensar e apenas faça, agora!

Se Morgana não o fizesse, Kayle estaria morta e mais uma culpa seria cravada no coração da bruxa.

– EU NÃO CONSIGO! – gritou de volta

Diante dos olhos de Morgana, Kayle caiu em direção ao abismo, jogada pelo monstro que a mantinha presa.

Algo se despertou em seu interior, uma explosão de cores parecia estar acontecendo dentro de si. Roxo, amarelo, cinza, preto, branco? Dourado? NÃO! Branco, vermelho e dourado, eram essas as suas verdadeiras cores!

Com os olhos em chamas, Morgana mergulhou no abismo e pela primeira vez desde que caíra do céu, Morgana voou, proferindo as palavras que um dia o próprio Oráculo sussurrou em seus ouvidos.

– Eu sou Morgana, filha de Mihira, Rainha de Coven, Patrona de Ashen e eu não terei medo!

Enquanto descia, Virtude surgiu em sua mão, sua legítima espada. Ninguém a pararia agora!

Doce Vingança: Evelynn e VayneOnde histórias criam vida. Descubra agora