O dinheiro que Rico me mandou, eu não sabia o que fazer, era muito dinheiro.
Então escondi no meu quarto, pois passou na minha mente que algum dia ele poderia me cobrar esse dinheiro.
Hoje é segunda feira, duas semanas depois do tiroteio.
E, adivinha para onde eu estou indo? Para casa da Valéria, fazer a unha dela.Ela me ligou esses dias, confesso que meu coração parou por imaginar que ela poderia estar sabendo de algo e veio me cobrar, no direito dela, mas o mais culpado foi ele.
Não sou hipocrita, eu sei que eu errei pois descobri que ele estava casado e mesmo assim fiquei com ele, de novo! Acho que o que eu passei foi castigo.
Passo pela loja e só encontro JoJo.
- Onde está minha mãe?- Foi pegar uma encomenda lá no asfalto.
- Hmm... Avisa ela que estou saindo, por favor!
- Aviso sim mona.
Dei tchau e fui saindo.
Valeria me passou seu endereço e disse que não tinha como errar a casa. Então fui subindo o morro, passando por vielas e becos que não conhecia.
Em cada esquina tinha um "vapor" com armas, radinhos e mochilas que acredito eu, tenha drogas. Era triste de ver, a maioria tinha menos de 15 anos, deveriam estar na escola. E não em esquinas com drogas e fedendo a cc e suor seco.
Mas, infelizmente, o sistema é falho e quem mora na favela não é bem visto, por isso não conseguem um emprego descente, muitos estão nessa porque precisa ajudar a familia, talvez mãe doente ou pai, ou até mesmo irmãos que precisam comer. É triste.
Nem todos tem a mesma oportunidade.Sinto meu coração falhar quando vejo a casa de Valeria.
É como se tivesse levado uma facada no coração, é a mesma casa que ele tirou minha virgindade e fez juras.
Realmente, não tinha como errar!
Engulo em seco e toco a campaninha, quem me atende é um vapor que disse que ela estaria me esperando lá na sala.
Entrei e deixei minha mochila perto da mesinha. Ajeitei minha roupa.
Olhei para o sofá, que ele me deitou e relembrei de seus beijos. Como eu sinto falta.
Fecho meus olhos e respiro fundo, pareço patetica ficamos poucas vezes e eu já me apaixonei igual uma idiota.
Escuto os baralhos dos saltos de Valéria, olho para a escada e vejo ela descer de vestido tubinho vermelho, que mais parece uma segunda pele, saltos enormes e os cabelos loiros e compridos soltos em suas costas, em seu pescoço está uma corrente grossa com um pingente enorme, de longe da para ver que é ouro puro, em seu pingente está a letra R, com a inicial do vulgo Rico. Como uma verdadeira cadelinha.
- Olá querida, te fiz esperar muito?
- Não, cheguei agora mesmo! - respondi.Ela sorriu, de um jeito falso, e me olhou de cima abaixo, eu não estava muito arrumada, apenas um short jeans e uma blusa azul curta, sem maquiagem e os cabelos soltos.
Ela me diz onde vamos fazer as unhas e começo a montar meus equipamentos. Ela quer fazer fibra de vidro.
Depois que nos acomodamos, ela pergunta se quero algo para beber, como eu queria terminar aquilo logo neguei e comecei a limpa as unhas dela e lixar.
Ela queria elas bem longas e decoradas, com brilhos e pedras.
Eu amo meu trabalho e amo ser independente mas aquilo estava sendo um inferno, estava com medo de me encontrar com ele, de ver ele e não saber como me comportar na frente de Valeria.
Estava me sentindo muito mal!Ela dizia sobre suas viagens, seus passeios pelo rios e suas bolsas caras. Como se a coisa mais bonita fosse viver do dinheiro do trafico.
Mas eu nem posso falar muito, eu fiquei logo com o chefe do morro.
- E você namora? - ela me pergunta na mesma hora que alguém chega, mas nem me viro para olhar, estava concentrada no meu trabalho.
E mesmo assim respondo. - Não, eu não namoro.
- Mas deve ter muitos bofes atrás de tu, né não? - ela disse insistindo. - Sua mãe me disse que tem um tal de Edu, né? Te curiando.
- Edu é só um amigo. Não tenho vontade de ficar com ele, não agora.
Quando ela ia me responder, a pessoa que chegou se pronunciar.
- Boa tarde!
É nesse momento que me arrepio toda, que sinto meu coração errar as batidas e minha respiração falhar, sinto como se eu fosse infartar a qualquer momento. E por incrível que pareça, seu cheiro vem até meus nariz me deixando bebada de saudades.
Rico é um verdadeiro chefe.
Me sinto amuada, pois, vejo que ele não causa isso só em mim. Vejo Valéria dar um sorriso malicioso para ele, vejo seus pelos se arrepiarem e se estremecer.
- Boa tarde. - respondo sem nem ao menos olhar, com medo de ver a indiferença em seu rosto.
- Aru, esse é meu marido, você deve conhecer é o chefe do morro! - disse se gabando.
Eu não sabia como reagir, então só dei um sorriso para ela e respondi.
- Não conheço. - e dou um sorrisinho sem graça, ainda sem olha -lo.
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Oiiiiiiiiiiiiiii mil desculpas pela demora, maaaaaaaas aqui está um cap novinho.
Muito obrigada pelos comentarios e cada mensagens, me incentivou bastante.
Um xxxxxxxxeiro e até logo. ❤
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No alto da Rocinha [ PARADA]
RomanceAruna é uma menina frágil demais para a pouca idade, e sonhadora demais para pouca oportunidade. Seu jeito gentil sempre foi seu ponto forte, e onde ela passava sempre arrancava suspiros dos homens, e até mesmo de algumas mulheres. A morena sempre...