Capítulo 19

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          Aquela manhã de sábado havia chegado nublada e fria

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          Aquela manhã de sábado havia chegado nublada e fria. A cor cinza das nuvens no céu e o escuro do asfalto contrastavam com as cores das folhas das arvores que ele via de cada lado da estrada através do para-brisa da caminhonete. A estrada tinha alguns buracos, sim, e dirigir pela direita ainda era um conceito estranho para o irlandês, mas ele não encontrava grandes dificuldades para dirigir.

          — ... a torcida aguarda ansiosa para ver o Portland Sea Dogs entrar em campo na próxima terça feira... — a voz do apresentador de um programa esportivo aleatório ecoou animada e cheia estática através dos autofalantes do radio daquela caminhonete velha. Ethan não era muito fã de beisebol, nem fazia ideia de quem os Portland Sea Dogs eram, então ele tirou uma mão do volante e a estendeu até o aparelho de som do carro, girando o botão para procurar outra estação de rádio. Coisa que estava demonstrando ser difícil, considerando que ele estava dirigindo em uma estrada no meio do nada, longe de qualquer antena de transmissão decente.

          — ...a ganhadora da promoção pode... aqui na emissora... retirar os ingre... ‒ em outra estação de rádio, outro apresentador disse com palavras cortadas, o som tão cheio de estática que foi quase impossível entender qualquer coisa.

          Ethan suspirou em frustração e tentou sintonizar outra estação de rádio. Se Monty estivesse com ele pelo menos os dois estariam conversando, mas na falta do amigo, o rádio serviria para encher o veículo com um som ambiente, qualquer coisa para quebrar o silêncio dentro daquela caminhonete. Ele estava quase desistindo de encontrar algo para ouvir quando de repente uma música* com um pouco de estática mas ainda bastante clara fez-se ouvir pelos autofalantes. Satisfeito com seu achado, Ethan voltou a segurar o volante com as duas mãos e a prestar atenção na estrada.

          Era uma música country que ele não conhecia, parecia antiga e era calma, e serviria como um som de fundo. Não que ele realmente se incomodasse com o silêncio em si, mas naquele dia particularmente ele sentia algo estranho e o silêncio parecia fazer essa sensação se intensificar.

          Era difícil explicar. Ethan estava em um debate interno para não usar o termo "presença" para descrever o que ele havia sentido (e ainda sentia, falando honestamente) desde o momento em que ele havia acordado no alto da escada que levava ao salão da igreja em seu bizarro episódio de sonambulismo, mas era difícil chamar isso de outra coisa.

          Depois que Ethan havia se fechado novamente em seu pequeno apartamento, ele não conseguira voltar a dormir e por um tempo ele simplesmente ficou ali, sentado no escuro e no silêncio. Outra coisa que o estava deixando o padre inquieto era o sonho que tivera. A sensação de que um grande felino o perseguia, uma voz que ao mesmo tempo que parecia sussurrar, também parecia vir de todos os lugares ao mesmo tempo.

          Aquela voz...

          Por algum motivo, aquela voz lhe parecia estranhamente familiar de uma forma subconsciente.

O Padre e a BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora