Capítulo 2

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Nota da autora no comentário ao lado

          Elder era uma cidade realmente pequena do interior do Maine

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          Elder era uma cidade realmente pequena do interior do Maine. Você podia chegar á ela pela longa estrada (se tivesse paciência) depois de passar por muitas árvores, um esquilo ocasional no meio da estrada e quase nenhum outro carro de passeio (os únicos outros automóveis eram caminhões fazendo seu caminho através do país).

          A cidade tinha dois mil seiscentos e poucos habitantes, uma comunidade rural de gente comum e decente. Uma cidade onde todos se conheciam, onde ainda havia almoço comunitário de domingo, onde se podia ouvir pássaros cantando o dia inteiro e á noite se podia ver as estrelas no céu. Onde o cheiro de torta de amora tomava conta das ruas durante as tardes de primavera e onde as mães não precisavam verificar os antecedentes criminais das potenciais babás.

          Monty Tyler, o sacristão* da igreja de São João, viera buscar Ethan no aeroporto do Maine com sua caminhonete caindo aos pedaços. Uma coisa velha e enferrujada que uma vez fora azul, mas agora sua cor era simplesmente indefinida. O carro era propriedade da paróquia e era usado para todos os tipos de afazeres que necessitassem de um deslocamento maior, desde o transporte de cestas básicas para os habitantes mais pobres, ou para levar o padre até alguns dos ranchos mais afastados para realizar sacramentos quando as pessoas por algum motivo não podiam vir até a igreja, ou para ajudar a desatolar alguma vaca que havia ido para o brejo. Literalmente. E dessa vez a tarefa do dia era buscar o novo padre no aeroporto

          Estavam na estrada fazia um tempinho e Ethan pensava consigo mesmo que uma pessoa só percebia realmente que está no interior do país quando via uma placa de transito descrevendo um veado saltitante e os dizeres logo abaixo em letras garrafais: "Cuidado, travessia de animais". Ethan balançou a cabeça com um suspiro, sabendo muito bem que alguns motoristas preferiam ignorar essa placa, e quando um animal desavisado cruzava a estrada, o motorista preferia atropelar o pobre bicho do que diminuir a velocidade.

          Monty (Montgomery, como era o nome de seu avô) era um jovem magro e alto de cabelos negros e profundos olhos castanhos com um profundo sotaque do Maine, que não era exatamente caipira, mas era interessante. Com um sorriso Ethan imaginou como seu próprio sotaque irlandês devia parecer para o rapaz ao seu lado no carro. Ele usava roupas simples. Jeans, uma camisa de flanela em tons de verde e um boné com o logo de um time de beisebol. O rapaz mantinha uma barba rala na tentativa de parecer mais velho, mas ele não devia ter mais do que vinte e poucos anos de idade.

          Ele estivera calado durante boa parte da viagem, mas quando Monty puxava assunto sobre alguma coisa Ethan se demonstrava bastante interessado.

          Durante a pequena viagem de duas horas entre o Aeroporto do Maine e a pequena cidade que seria seu lar, Monty lhe contou que havia sido coroinha da igreja e que depois que o sacristão anterior morrera de septicemia dois anos atrás, ele o substituíra. Oque não fora difícil, realmente, pois ele já conhecia de cor e salteado a rotina da igreja. Disse-lhe então que não se preocupasse, que se tivesse qualquer duvida, ele o ajudaria. Ethan lhe lançou um sorriso sincero em retribuição. Gostara de Monty e de seu sotaque do interior, e de sua presteza. Ele devia ser um bom rapaz.

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