Capítulo 13 (Antepenúltimo)

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MESTRE

- O que foi que aconteceu? - Pergunto a Josh assim que o encontro. Ele parecia surpreso, mas eu não iria me deixar ser enganado. - Eu deixei que as visse de longe, não que deixasse pistas.

- Eu não... - Ele parou por um segundo, então pôs uma das mãos nos cabelos. - ...minha carteira. Droga.

- Ela achou, mas não está desconfiando de que está vivo. A culpa recaiu para mim. Ela acha que eu estou brincando.

- Eu não queria deixar aquela carteira lá, foi uma situação de emergência, eu tinha que ir embora rápido ou seria descoberto.

- Depois desse tempo todo, a última coisa que vou fazer é desconfiar de você. - Respondi. Respiro fundo e sento em cima da mesa. - Você sabia sobre ela e Max?

Vejo o rosto de Josh mudar.
Ele sabia desde o início de tudo que eu tinha um filho, que ele estava sob proteção depois de um atentado e não tinha permissão para sair.

Max havia sido sequestrado por um grupo de canibais que estávamos caçando. Eles cercavam as comunidades em busca de qualquer descuido, e foi em uma das buscas que Max liderava que foram pegos.

De 6 pessoas, apenas duas sobreviveram e uma ficou sem uma perna. Eu havia perdido 4 pessoas, que viraram jantar de malucos. Max ficou inconformado quando foi transferido para a Staleville e pior ainda quando foi dispensado de qualquer atividade, mas eu não podia arriscar perde-lo de novo.

- O que houve entre eles dois? - Josh me tira de pensamentos. Ele realmente não sabia e apesar de que, há alguns anos atrás eu teria adorado dar essa noticia, agora eu estava sem saber como dizer.

- Eles casaram. Ela estava com uma aliança brilhante nos dedos. Disse que ele agora usava o sobrenome dela, tem vergonha de ser um Bryant. - Josh estava estático, absorvendo a notícia. Então ele olhou para mim, respirando fundo. Parecia engolir o próprio choro.

- Sobrenomes não importam mais nos dias de hoje. Nem mesmo casamentos. Nada. Tudo não passa de acordos de mentira. - Então ele sai da sala. E eu resolvi não incomoda-lo pelo resto do dia. Ele precisava de tempo.

CRISTAL LEVIGNE

- Arrrgh! - Grito enquanto arremesso uma cadeira velha na parede, que se despedaça inteira. - Desgraçado!

Ando de um lado para o outro, tentando segurar meu ódio e não acabar de destruir a casa em ruínas. Respiro fundo e passo as mãos no rosto, tentando clarear a minha mente.

- Calma, Cristal... calma. - Digo e volto a andar, então meu sangue volta a ferver e eu chuto a droga da mesa, que sai deslizando sobre o que restava da casa. Continuo respirando, então resolvo voltar para casa, mesmo inconformada com as respostas vazias de Mestre.

A casa em ruínas ficava ao lado dos muros da Associação, então eu fui andando até o portão de entrada. Quando abriram o portão, fui direto para casa. Sem questionamentos, sem problemas, sem nada.

Eu só tinha que fingir que estava tudo bem. Tinha que fingir que não estava procurando respostas sobre o meu ex-namorado morto, enquanto meu marido me esperava em casa.

Quando entro no banheiro, encosto as duas mãos na pia e me encaro no espelho. Eu estava com olheiras, meu olhos azuis estavam vermelhos e eu podia ver o ódio irradiando deles. Tiro meus cabelos do rosto e respiro fundo.

A Garota e os Zumbis - A FugaOnde histórias criam vida. Descubra agora