Capítulo 4

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- Não tinha ideia de que tinha um filho. - Digo.

- É, geralmente não é bom que saibam das suas fraquezas. - Mestre respondeu. - Max, vai. Eu cuido das suas peças.

Então Max sai.
E me toquei do motivo de achar o seu sorriso familiar, me lembrava do sorriso de Mestre.
Mas de resto, eles não eram parecidos, o tipo físico, a cor dos olhos, tudo.

Eu ainda estava em choque, olhando para onde Max estava.
Aquela era a brecha que precisávamos. Max podia ser a chave para tudo. Para descobrirmos mais podres do passado, para que Mestre nos deixasse em paz...

- Vamos, Cristal, vai ficar parada o dia todo? - Ouvi sua voz atrás de mim.

Revirei os olhos e continuei meu trabalho, mesmo com a mente em Max.
Quando finalmente terminamos, Jamie foi embora primeiro. Ela estava suja de graxa, sentindo dores, eu pedi que ela fosse.

Eu estava tentando fechar a porta do galpão, parecia estar emperrada e mesmo com toda a força do mundo, eu não conseguia empurrar.

- Talvez o problema seja esse. - Me assusto e olho para onde vinha a voz. Max estava tirando um galho grande que estava segurando a porta.

- Olha, você... - Respirei fundo. - ...devia não assustar os outros assim.

- Me desculpe. - Ele riu.

- E devia se manter longe, seu pai me odeia.

- É, eu sei. Por isso estou curioso. E outra, eu não sou uma criança. Sou mais velho que você, sei como lidar com...

- O que? Uma garota? - Eu empurrei a porta e ela finalmente fechou.

- Com lunáticos, canibais, zumbis... enfim. Já vi coisa o bastante.

- Por isso fica trancado aqui? Por isso as pessoas de fora não sabem sobre a sua existência? - Ele balançou a cabeça.

- Na verdade, se fosse por minha vontade, não estaria. - Levanto uma das sobrancelhas.

- Olha, sendo bem sincera, eu não entendo como.

- O que exatamente?

- Como ele pode ser seu pai?

Ele olhou para o chão pela primeira vez desde que nos encontramos de novo, dando um sorriso triste.

- Acho que é uma pergunta que não posso responder.

O encarei, aproveitando para ver todos os seus traços de novo, sendo pega de surpresa pelos seus olhos e parando imediatamente de espiar.

- Eu... eu tenho que ir. Ficar conversando não vai me ajudar a limpar minha ficha. - Quando passo por ele, sinto sua mão segurar meu braço. Engulo em seco e me viro para ele. - O que foi?

- Eu não sei. - Eu não sabia o que pensar daqueles olhos me encarando, mas algo me dizia que não era bom. Nós ficamos apenas encarando um ao outro, enquanto meu coração disparava.

Será que ele estava tentando descobrir algo?
Será que Mestre o havia mandando fazer isso?
Ele não estava tentando ser meu amigo.

- Eu sou comprometida, melhor me deixar em paz. - Me soltei dele, talvez com mais força do que o necessário.

Eu apenas dei as costas e sai quase correndo. Quando cheguei em casa, fechei a porta com força e me encostei nela.

- Cristal? - Ouvi a voz de Jamie, então ela sai do banheiro apenas de toalha. - O que foi? Seu rosto está vermelho...

- Nada! Nada. Apenas aquele... aquele cara. - Vejo Jamie rir.

- Sim, até eu tenho que admitir que é inacreditável. Não queria admitir, mas a beleza é de família. Mestre é um velho idiota, mas é um velho idiota bonito. - Imediatamente Max sumiu da minha mente, depois de ouvir aquele absurdo.

A Garota e os Zumbis - A FugaOnde histórias criam vida. Descubra agora