Capítulo 10

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Havia se passado uma semana. Eu ainda sentia a dor no peito, dormir à noite era difícil. Cada dia que passava era um desafio, mas eu prometi que iria tentar.

Eu estava sentada na sacada, Max havia instalado um balanço e eu passava a maior parte do tempo sentada, pensando.

Estava frio e eu usava um casaco, abracei as pernas e respirei fundo.

- Você foi a melhor coisa que me aconteceu. - Josh me dizia, estávamos em nossa cama, embaixo dos lençóis, rindo, nos abraçando, nos amando.

- Como eu posso lidar com as lembranças? O que eu faço com elas? - Falo sozinha.

- Elas não devem ser esquecidas. - Tomo um susto, então me viro e vejo Max. Ele estava logo atrás de mim, então deu a volta e subiu na sacada, sentando ao meu lado. - Pra isso que servem as memórias, pra relembrar e ficar feliz com os momentos bons que teve.

- E se esses momentos só te trazem dor? - Eu podia sentir que ele me encarava, mas eu não podia olhar para ele.

- Nem sempre a melhor saída é esquecer. É melhor lembrar e transformar tudo de ruim, em bom, no que foi bom. - Eu finalmente o encaro e forço um sorriso.

- Obrigada por vir aqui todos os dias desde que aconteceu. - Abaixo minhas pernas e observo minhas unhas, que estavam roídas e quebradas. - A Jamie não tem falado, não tem comido, não tem feito nada. As vezes sinto que... tenho que deixar meu luto de lado para ajuda-la, ou não vamos passar por isso. Você tem sido um ótimo amigo, obrigada por tudo, Max.

- Eu estou aqui para o que precisarem. - Ele observou que eu estava com movimentos repetitivos nas mãos, como tentar arrancar as cutículas, então segurou minha mão e apertou.

- Obrigada. - Eu senti uma lágrima brotar, então a enxuguei.

- Atrapalho? - Ouvimos a voz de Mestre, imediatamente levantei.

- O que quer? - Pergunto. Vejo Max ficar ao meu lado.

- Vim dizer para arrumarem as suas coisas. Vão voltar pra Ace.

- O quê? Qual o seu plano agora?

- Eu não tenho plano, garota. Já eliminei quem eu queria. - Eu fiquei parada, apenas observando suas feições duras.

Eu não perdi mais tempo e entrei, chamando Jamie para, finalmente, juntar nossas coisas.

MAX BRYANT

- Eu vou com elas. - Finalmente digo. Meu pai me olha com dúvida.

- Claro que não, é perigoso. Você lembra o que aconteceu da última vez em que esteve fora. Eu te tirei quase morto daquela casa.

- Eu não vou continuar com isso, você sabe que eu nunca concordei com nada disso. Eu quero mudar a minha direção, já se você quer continuar no caminho para o inferno, pode ir sozinho.

- Max, não me desobedeça. - Me viro para ele, parando de andar.

- Você não é digno de respeito e obediência desde que matou a minha mãe e tem vivido essa vida podre. Eu vou e se quiser me impedir, que seja. - Me viro de costas e continuo andando.

- É por causa dela, não é? O que ela te disse? Ela te prometeu algo? - Paro novamente e balanço a cabeça.

- Ela não fez nada, só me mostrou que é uma boa pessoa, diferente do que eu vejo aqui.

A Garota e os Zumbis - A FugaOnde histórias criam vida. Descubra agora