Capítulo 6

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Acordo com o ar sendo expelido dos meus pulmões. Parecia que havia algo o tirando de mim, me deixando sem vida.
Foi quando caí da cama, batendo meu corpo com força no chão de madeira, coloquei a mão no peito, sentindo uma dor forte.

Respira, Cristal.
Respire!
Você não vai ficar louca!
Você não v...
Você ficou louca!
Você matou seus pais!
Você os arrastou para o inferno!
Você.
Somente você!

Minha visão escureceu enquanto eu ainda ouvia aquelas vozes em minha cabeça, enquanto meu coração batia acelerado, meu pulmão não encontrava o ar, a dor invadia meu peito.

Eu só consegui gritar.

Escutei um barulho alto vindo de algum lugar que não conseguia identificar. As vozes ficaram mais altas. A dor subiu do peito para a cabeça, e então alternou entre os dois.

JAMIE WHITE

Estava chegando em casa quando vi Max, ele veio até mim para me cumprimentar. Dou um sorriso sem graça.

- Oi. - É o que consigo dizer.

- Oi, Jamie, não é? - Faço que "sim" com a cabeça. Ele estendeu a mão para mim, que fiquei receosa em tocar nele, mas apertamos as mãos. - Não fomos apresentados diretamente.

- Por acaso, você viu a Cristal? Eu não a vi o dia todo. - Algo em seu rosto mudou, eu só não sabia identificar o que era, mas era estranho.

- Infelizmente, não.

- Ah... então é bom que eu comece a procurar por ela, já está começando a escurecer. - Dei passos para trás, então o vi acenar com a cabeça.

Quando estava prestes a entrar, ouvi um grito vindo de dentro.
E eu me desesperei quando abri a porta às pressas e vi Cristal jogada no chão, com uma mão no peito.

- Cristal! Não. - Corri até ela, jogando a bolsa com algumas frutas que eu havia trago no chão. - Eu a segurei em meus braços, tentando arrasta-la para a enfermaria, mas ela era pesada para mim.

Corri até a porta, vendo Max saindo, mas não tão longe.

Eu sabia que ela me mataria, mas mesmo assim, eu gritei por ele.

- Max! Socorro! - Ele se virou para olhar, então veio correndo.

Max segurou Cristal nos braços. Ela estava tão mal, que não conseguia sequer abrir os olhos.

CRISTAL LEVIGNE

- Jo-Josh...? - Eu disse enquanto sentia meu corpo balançar. Eu estava nos braços de Josh, finalmente. - P-por...que... me d-dei...xou esp-p-perando?

Eu tentava abraçá-lo, mas não tinha forças. Meu peito ainda doía, mas estar em seus braços deixava tudo melhor.

JAMIE WHITE

- Ela vai ficar bem? - Perguntei ao médico.

- Ela teve um ataque de pânico, está anêmica... a Srta. Levigne tem se alimentado? - Respirei fundo e encarei Max desajeitadamente, logo em seguida balanço a cabeça, negando para o doutor.

- Há dias em que ela não come. Só se alimenta de uma fruta ou outra para ficar de pé. - Respondo.

- Nós vamos médica-la. Volto com mais notícias, Srta. White. - E o médico sai, me deixando sozinha com Max.

- Bom... me desculpa por... - Acabo soltando uma risada involuntária. - ...por ela ter achado que você era meu irmão. Digo, o namorado dela, Josh.

- Não se preocupe, ela não estava bem.

- Pode ir, se quiser, eu fico aqui até liberarem ela. - Sento em uma cadeira, com as mãos nos bolsos do casaco. Vejo ele sentar ao meu lado.

- Também quero saber se ela vai ficar bem. - Ouço ele dizer.

E eu não aguentei.

- Não adianta ir atrás dela. - Digo sem pensar.

- Hã? - Ele olha para mim, eu não sabia se ele só queria que eu repetisse, ou realmente não tinha ouvido. - Como assim?

- Eu não entendo seu interesse tão repentino nela... só é estranho.

- Eu só estou curioso. Meu pai não é de falar de seus inimigos, mas... tem algo estranho entre ele e Cristal.  - Ele respirou fundo, então tirou o que parecia ser um celular do bolso. - Jamie, eu já havia visto o rosto da Cristal antes mesmo de vocês virem para cá.

Ele me mostra algo no celular.
Eram várias fotos aleatórias de Cristal, a maioria delas eram em momentos normais em que ela estava distraída, trabalhando.

- Ah, meu Deus... onde... onde você achou isso?

- No quarto do meu pai. - Ele guardou o celular. - É loucura, eu sei, mas quando a vi aqui, foi como um choque. Eu não entendo o motivo do meu pai estar tão interessado nela, mas queria descobrir.

- Max, isso é muito sério. Eu não acredito que isso seja somente por... ela ter aparecido na área dele, ter fugido. Eu preciso descobrir.

CRISTAL LEVIGNE

Abri os olhos subitamente, eu estava na sala de enfermagem. Havia um acesso com soro em meu braço e eu sentia minha garganta seca.

Quando estou prestes a retirar o acesso, vejo Jamie entrar pela porta.

- Nem pense nisso. - Ela senta ao meu lado, segurando minha mão. - Você se sente melhor?

Respiro fundo, me lembrando do motivo de ter me sentindo daquela forma.

- Jamie... eu... - Imediatamente sinto um nó na garganta, as lágrimas que eu nem percebi que haviam se formado caíam sobre minhas bochechas e eu sentia meu nariz escorrer. Coloco minhas mãos pálidas no rosto e choro, soluçando. Sinto Jamie me abraçar.

- Mestre fez algo com você? - Ouço ela perguntar, mas nego com a cabeça.

- São meus... - Respiro fundo. Eu tinha que encarar aqueles sonhos, eu tinha que admitir para mim mesma que não estava tudo bem. - ... são meus pais.

Jamie me olha, os olhos arregalados, parecia ter visto fantasmas, assim como eu.

- Seus pais? Como...?

- Eu tenho tido flashbacks em meus sonhos. E da última vez, eu sonhei com o dia em que eles morreram. Tenho certeza, Jamie, que o próximo vai ser a morte deles.

Jamie estava em choque, parecia surpresa com aquilo.

- Quando começou?

- Antes mesmo de conhecer vocês.

A Garota e os Zumbis - A FugaOnde histórias criam vida. Descubra agora