Capítulo 2

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A pior coisa do que acordar de mau humor, é acordar de mau humor com alguém chamando o seu nome.

Era assim todos os dias que Karla estava aqui. Sim, eu culpo minha irmã por tudo, minha cicatriz na perna esquerda, ter casado com o cara por quem eu era apaixonada, o aquecimento global, a morte de Jesus...

Mas o pior da semana de natal era o segundo dia depois do jantar. Minha mãe criou uma tradição nossa onde eu e Karla nos vestíamos iguais e isso se perdurou por anos. Karla amava, afinal, ela podia se aproveitar disso.

Busquei toda a paciência que eu tinha e desci as escadas, encontrando todos já reunidos na mesa.

— Bom dia. — Murmurei, me sentando no mesmo lugar de ontem.

— Você perdeu o seu pai tentando tirar a neve na varanda ontem. — Minha mãe disse.

Sorri.

— Ele caiu de novo?

— Tive que fazer massagem por mais de uma hora. — Ela olhou para ele. — Apesar de saber que ele exagerou pra eu demorar mais.

Ri, olhando para Alejandro.

— Você ainda está com dor, pai? — perguntei, preocupada.

— Eu estou doente, não virei vidro, querida. — Brincou. — Como logo, sua mãe já está com as roupas.

Fiz careta, e peguei um pouco das frutas que estavam na mesa.

— Uau. — Karla falou, me olhando. — É a primeira vez que eu vejo você sorrir em... Anos. — disse. Eu havia esquecido que ela estava aqui. — E... Sumiu.

Ignorei, voltando a me alimentar. Me desliguei da conversa ao meu redor pelos dez minutos que se passaram.

Depois, subimos para o quarto, onde minha mãe mostrou os vestidos. Eram vermelhos, de manga comprida e justos no corpo. Vesti e alisei o cabelo, calçando a bota preta que veio junto. Me olhei no espelho, vendo que eu parecia uma junção estranha minha e da minha irmã.

Olhei para trás, vendo que Karla terminava de se arrumar. Era como olha num espelho.

Um espelho podre, velho, sujo e que não servia para nada.

— Uau... — Shawn disse, os olhos arregalados. — Vocês estão idênticas, eu nunca vou me acostumar com isso.

— Bom, você consegue diferenciar porque a única que vai abrir um sorriso aqui sou eu. — disse, passando os braços pelo pescoço dele.

Eca.

— Sabe, irmãzinha, só porque você não tem um namorado, não significa que eu não possa abraçar o meu. — Karla me olhou.

— Karla, pare de provocar sua irmã. — Minha mãe disse.

— Eu não tenho culpa se ela me trata como se eu fosse a pior pessoa do mundo!

— Talvez porque você seja! — respondi, sem me segurar.

— Você não precisa falar assim... — Shawn começou, mas eu o interrompi.

— Me desculpe, alguém disse que você podia se meter em algo dessa família? Não pode!

— Camila! — Meu pai repreendeu.

— Não, pai, ela vem me provocando desde que chegou aqui...

— Talvez porque você me trata como se me odiasse! — Karla exclamou.

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