Capítulo 11

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Eu tinha pensado muito em como fazer ele descobrir e achei essa forma a melhor.

Capítulo pequeno, porque é o deu.
.
.

Um minuto e vinte e dois segundos.

Esse foi o tempo em que Shawn ficou parado, me olhando.

Fiquei encostada na parede, o olhando como uma ovelhinha olha pro lobo, esperando o momento que ele começaria a falar.

Pareceu uma eternidade.

- Por quê? - Foi a única coisa que ele perguntou. Balancei a cabeça, mordendo o lábio. - Eu quero saber por quê.

- Você não entenderia...

Shawn caminhou em minha direção, parecendo furioso.

- Esse parece ser o motivo pra todas as mentiras que você conta. Eu quero saber de tudo. Agora.

Soltei o ar que prendia, apertando as mãos umas nas outras.

- Não tem o que saber. Você me e no outro dia confundiu nós duas. Fim.

- Fim? - Perguntou. - Fim? Eu vivi um mentira por dez anos e tudo que você faz é me falar como se fosse a coisa mais simples do mundo?

- Não foi uma mentira, você conheceu ela por três anos... - sussurrei - Antes de se casar.

- Eu casei com ela porque pensei que era você! - Exclamou, apontando o dedo em minha direção. - Qual o problema de vocês duas? Que tipo de jogo doentio é esse?

Abracei corpo, agradecendo pelas unhas estarem curtas e não arranharem meus braços quando os apertei.

- Quantas vezes? Quantas vezes vocês trocaram quando estavam comigo?

- Duas.

Shawn esfregou o rosto, parecendo extremamente nervoso.

- Por que você nunca me contou?

- Não ia fazer diferença. - sussurrei, mas Shawn ouviu muito bem e pareceu ficar furioso.

- Não ia? E o que ia? Me deixar viver a vida inteira numa mentira? - Exclamou. - Eu tinha o direito de saber! No momento em que ela mentiu você deveria ter tido!

- É o que você ia fazer? Ahn? - Levantei o queixo. - Porque eu tenho a sensação de que não mudaria nada!

- Não se atreva... - Interrompeu a fala, passando as mãos entre os.fios castanhos. - Você é tão mentirosa quanto ela, a diferença é que você é covarde.

- Não fale o que não sabe. - murmurei, os dentes cerrados.

- Mas é exatamente isso: eu não sei de nada! - gritou - Você viu ela me enganando e ajudou!

- Claro, Shawn, eu diria a verdade e ela encontraria outra forma e vocês ainda estariam casados.

- Eu só casei porque...

O interrompi:

- Não, Shawn, não foi! É engraçado que a primeira vez que você olhou pra mim foi no dia que eu coincidentemente estava parecida com ela.

- Isso é a maior besteira que eu já ouvi.

Ri.

- Você ficou com ela por anos e mesmo vendo que ela era completamente diferente e que ela não tinha a droga de uma tatuagem, em nenhum momento se questionou! Não porque você não sabia, mas porque talvez você quisesse que fosse ela!

Ele se aproximou mais, a nossa diferença de altura deixando-o mais intimidador que o normal.

- Para de por palavras na minha boca. Você também não sabe de nada. Tudo na sua vida parece girar em torno da sua irmã e eu não tenho culpa disso.

Balancei a cabeça, tentando esconder o que aquelas palavras me causaram.

- Nem sei porque estamos aqui discutindo isso. Foi só uma noite idiota de sexo. - menti. Pra mim, foi uma das melhores noites da minha vida.

- Não fale assim...

- Mas é a verdade! Foi um noite, há dez anos atrás, não tem importância, não significou nada!

- Você está mentindo.

- Não. Não estou.

- Sim, você está. - Quebrou o espaço que faltava entre nós. Me esmaguei contra a parede, quase como se quisesse me fundir a ela, mas não adiantou muito, pois Shawn estava tão próximo que eu conseguia sentir o calor do seu corpo. - Não sei que merda fez você ficar calada, mas não se atreva a olhar nos meus olhos e dizer que não significou nada.

A mão dele segurou meu queixo, levantando-o até que eu não tivesse nenhuma escolha a não ser olhar para ele.

- Eu passei todos esses dias culpado por estar me sentindo atraído, me senti culpado quando duvidei que não era Karla ali e me martirizei cada segundo e eu sei que você sentiu o mesmo...

- Já disse que qualquer...

- Qualquer um te deixar assim? - Indicou o meu corpo com a cabeça e só aí vi que estremecia, ofegante, ciente da proximidade. - Qualquer um?

- Sim. - repeti, irritada com minha própria fraqueza.

- Então se eu beijar você agora - Aproximou o rosto do dela. Camila prendeu a respiração, os lábios ficando secos. Ela conteve a vontade de umidecê-los com a língua. -, não vai sentir nada?

Apertando o maxilar, o olhei fixamente, quase como um desafio, e disse:

- Não. Não vou.

Algo brilhou no olhar dele, mas não tive tempo de descobrir, pois Shawn já estava com os lábios pressionados aos meus.

Foi tão automático: no segundo em que senti sua pele contra a minha, imediatamente estava completamente entregue.

Ele poderia fazer o que quisesse comigo e eu jamais contestaria. Segurei sua nuca com as duas mãos, desfrutando do seu gosto. Shawn murmurou algo e apertou minha cintura, pressionando meu corpo contra a parede com o seu.

Ofeguei, puxando-o para mim, como se nenhuma proximidade fosse o suficiente.

Estava prestes a jogá-lo na cama e subir em cima dele como uma louca, quando, lentamente, Shawn se afastou.

Ele me encarou atentamente e aproximou os lábios do meu ouvido, em seguida.

— Nunca mais se atreva a dizer que não sente nada. — Se afastou, saindo do quarto e batendo a porta com força.

Caminhei até a cama, me sentando, cobrindo o rosto com as mãos.

O que eu faria agora?

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