— Tudo bem, eu entendo. — Ouvi o som abafado da voz de Shawn. Pisquei os olhos, olhando para o meu lado. Ele não estava ali. — Não, nada agora. — Levantei a cabeça, vendo que ele se encontrava sentado em uma poltrona de frente para a cama com um telefone no ouvido, parecendo extremamente sério. — Não, Marcus, eu ainda preciso pensar. Continue fazendo o que eu pedi.
Me sentei, coçando os olhos, ainda sonolenta. Olhei para a janela vendo que ainda era madrugada. O que era tão importante ao ponto de ligarem de madrugada para ele?
Bom, não era da minha conta.
— Não queria acordar você, desculpe. — Ele disse, colocando o telefone na escrivaninha ao lado dele. Não respondi, voltando a me deitar.
Ouvi passos e um suspiro alto. Ah, que se dane, eu quero saber o que era!
— Hm... Era... — Comecei, mas ele me interrompeu.
— Sua irmã estava roubando a empresa do meu pai.
— Ah. Nossa. — Pisquei, voltando a sentar. — Que coisa.
Shawn cruzou os braços.
— E você não parece nem um pouco surpresa. — Dei de ombros. — Por quê?
— Estava óbvio pelo orçamento.
— Não. — Ele balançou a cabeça e caminhou até cama. Meu corpo pareceu acordar no mesmo instante. — Não é só isso. Em nenhum momento você pareceu surpresa.
Me mexi, inquieta.
— Bom, talvez eu só saiba disfarçar bem.
— Eu não sou idiota, Camila. Como é que eu confiei cegamente na minha esposa e você nem se surpreende ao ouvir que ela desviou dinheiro de uma empresa que era da família do marido dela?
— O que você quer que eu diga? Não sei responder essa pergunta. — menti. A resposta era longa, mas existia.
— Por que você você não ficou surpresa? — Fiquei em silêncio. Como explicar para ele quem Karla era? — Por que, Camila? Responde!
Me levantei, jogando os cobertores para o lado.
— Não vai mudar nada! — Exclamei, nervosa.
— Se não muda nada, por que você não responde? — pressionou, também ficando de pé.
— Não muda nada! — repeti. Acho que nunca ouvi tantos "porquês" numa conversa.
— Então me responde! — Subiu o tom.
— Por que você quer tanto saber? — Exclamei.
— Porque parece que eu estou começando a descobrir que não conhecia a mulher com quem me casei e você parece ser a única pessoa que sabe quem ela era!
Dei alguns passos para trás, sentindo a parede fria atrás de mim.
— Talvez conhecêssemos pessoas difere... — Ele me interrompeu, dando dois passos para frente.
— Não. — Balançou a cabeça. — Chega dessas respostas vagas, eu quero algo concreto. Qual é a dificuldade de falar?
Olhei para o lado, não querendo encará-lo. O que eu diria? Todas as coisas que ela fez comigo desde que... Nascemos? Não duvido que ela tenha chutado meu rosto no útero da nossa mãe.
Não tinha como explicar tudo sem que eu parecesse uma medíocre fazendo drama.
— Talvez você devesse descobrir sozinho. — disse.
— Então tem alguma coisa. — Ele falou. Dei um passo para a frente, querendo sair. — Não. — Me prendeu contra a parede, os braços apoiados de cada lado da minha cabeça. — Eu quero saber.

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Farce
RomanceNatal era o pior dia do ano para Camila: significava que sua família estaria reunida e não havia nada mais detestável que isso. Ter que ver sua irmã gêmea ser elogiada e superestimada pelos seus pais, quando eles não faziam a mínima ideia de quem el...