O capítulo é pequeno, apenas pra fazer vocês entenderem o contexto de algumas coisas.
Foi muito bizarro escrever isso, porque se trata de duas crianças e, sei lá, achei muito pesado, mas explica de forma clara como as coisas começaram.
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26 anos atrás
— Parabéns pra você... — Camila batia palmas junto com o grupo de pessoas ao redor da mesa. Olhou para o lado, vendo sua irmã tão feliz quanto ela. Ao ver que estava sendo encarada, a menina sorriu, segurando na mão da garotinha.
Ao terminar a canção e depois de muitos abraços desejando a felicidade das duas crianças, Karla e Camila assopraram a vela, cada uma fazendo um pedido secreto.
— Vamos brincar! — Karla, a mais velha, puxou a mão da irmã para o quintal, que estava com um grupo de crianças também se divertindo.
As duas garotas, apesar de completamente diferentes, eram próximas e sempre estavam juntas, seja na escola, em casa e até quando iam dormir. Indo de encontro ao que todos esperavam, Camila demonstrava ser mais responsável, mesmo a diferença de idade sendo de apenas cinco minutos. Ambas eram muito sociáveis, mas Karla era muito mais esperta e impulsiva. Ainda assim, elas pareciam unha e carne.
— Peguei você! — Camila gritou, pondo as mãozinhas no ombro da irmã.
Infelizmente, foi forte demais, e a menina de seis anos acabou caindo por cima do balando de ferro. O choro foi alto e logo chamou a atenção dos adultos ali presentes.
A mais nova se aproximou, pretendendo ajudar a irmã, mas logo se assustou ao ver o líquido vermelho enfeitando a pele pálida da garota. Ela gritou, acompanhando a outra, aterrorizada com a cena que via: o braço dela estava virada de forma estranha, com um corte enorme e profundo.
Foi tudo muito rápido: Sinu e Alejandro levaram Karla para o hospital, com Camila tentando se acalmar e acalmar a irmã, ao mesmo tempo, o que não era possível para uma criança de seis anos.
Três horas depois e Camila não sabia mais o que fazer. Imaginou os piores cenários que uma criança da sua idade poderia, sabendo que se sentiria horrível se algo acontecesse por sua culpa. Felizmente, Karla estava bem, apesar do braço engessado.
Camila ajudou a cuidar da sua irmã e tudo estava como sempre foi: as duas unidas e felizes. Até aquela terça-feira.
— Você acha que ela vai deixar? — Karla sussurrou, se aproximando do quarto com a irmã.
— Você já ficou muito tempo sem brincar. — A outra estendeu a mão para bater na porta, mas a voz de Sinu a fez parar.
As duas ficaram em silêncio, uma encarando a outra, querendo ouvir o assunto, que, coincidentemente, era sobre uma delas.
— É a terceira reclamação da escola em menos de um mês. — A mãe das meninas disse.
— É normal na idade dela, querida. — Alejandro respondeu. Camila e Karla se aproximaram, querendo ouvir mais.
— Camila nunca teve nenhuma briga na escola. — Ouviu a voz da mulher mais uma vez. — Já tentamos levar Karla no psicólogo várias vezes, mas ela insiste em fazer isso.
— Ela está se adaptando. Acabamos de nos mudar.
Um suspiro foi ouvido.
— Às vezes eu queria que ela aprendesse um pouco com a irmã, Camila nunca me deu nenhum tipo de trabalho.
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Farce
RomanceNatal era o pior dia do ano para Camila: significava que sua família estaria reunida e não havia nada mais detestável que isso. Ter que ver sua irmã gêmea ser elogiada e superestimada pelos seus pais, quando eles não faziam a mínima ideia de quem el...