Permaneci em silêncio, encarando o homem na minha frente, que me olhava furioso. Pensei que poderia fingir, já que há alguns anos ele havia nos confundido, mas fui tão estúpida.Ele viver anos com minha irmã. Tiveram dua rotina e eu não sabia um porcento disso, como Esperei saber enganar?
— O que você fez com sua irmã?
O tom da pergunta dele m irritou.
— Perdão? — Me sentei, tentando sair dali, mas Shawn parecia firme na decisão de me manter por perto.
Era inteligente porque eu estava a um passo de sair correndo pela porta.
— O que você fez? — repetiu, a voz ficando mais alta e nervosa.
— Eu já contei pra polícia...
Ele me interrompeu.
— Você acha que eu sou estúpido o suficiente pra acreditar naquilo? Eu quero a verdade!
— Eu disse a verdade! — exclamei — Um carro nos seguiu, batemos numa árvore e ela... — Parei de falar. Dizer que ela morreu em voz alta era horrível.
— E você viu a oportunidade perfeita pra pegar a vida dela pra você? — perguntou. Ri alto, jogando a cabeça pra trás. — Qual é a graça?
— A graça é você achar que eu queria a vida dela. — Respondi. — Eu fiz o que fiz porque precisei.
— Nada justifica! — gritou, perdendo a paciência. — Você fez eu enterrar a minha esposa, achando que era você! Se dependesse de você, eu nunca ia saber que ela estava morta!
Abracei meu corpo, tentando engolir a culpa que sentia. Meus pais sofriam por mim, enquanto eu estava viva.
— Eu fiz o que fiz por causa dos meus pais.
— Que merda eles têm a ver com isso?
— Você e idiota? O que você acha que iam fazer quando descobrissem que não era eu ali?
Shawn esfregou as mãos no rosto e eu aproveitei pra me levantar. Ele estava sofrendo, era óbvio, visto que acabou de descobrir que sua esposa morreu.
— Você fodeu com a vida de todo mundo. Se eles descobrirem, vão vir atrás de mim também. Tem alguma ideia do que fez?
— Eu precis...
— Nada disse teria acontecido se você não tivesse pedido a porra do dinheiro emprestado!
— Eu fiz pra pagar o tratamento do meu pai!
Shawn me olhou incrédulo, como se não acreditasse no que ouvia.
— Como você pode ser tão cínica? — Levantou. — Karla pagou todo o tratamento...
Ri mais uma vez.
— Você é mais idiota do que eu pensava. — Balancei a cabeça. — Eu paguei aquela droga porque se dependesse da sua esposa, meu pai morreria doente!
— Não fale dela assim. — Deu um passo a frente, apontando o dedo em minha direção. — Você não tem esse direito. Não depois do que fez. Ela jamais mentiria pra mim.
— Claro. — Zombei. Respirei fundo, cansada de tudo aquilo. — Eu não vou fizer aqui discutindo com você.
Caminhei em direção ao corredor, chegando no quarto.
— Onde você pensa que vai? — Ele perguntou, vindo atrás de mim.
— Embora. — Peguei minha bolsa com algumas coisas e estava prestes a sair do cômodo quando ele fechou a porta.

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Farce
RomanceNatal era o pior dia do ano para Camila: significava que sua família estaria reunida e não havia nada mais detestável que isso. Ter que ver sua irmã gêmea ser elogiada e superestimada pelos seus pais, quando eles não faziam a mínima ideia de quem el...