Pra mim, não tem certo nessa história, os dois têm seus motivos pra tudo que tão sentindo, a vaca da Karla que tem culpa de tudo..
.Shawn não voltou pelo dia inteiro.
Foi bom, porque me deu tempo para absorver o que havia acontecido. Não sabia o que aconteceria a partir de agora, nem como reagir diante dele. Era tudo uma incógnita e não havia nada pior do que a sensação de estar no escuro em relação à sua própria vida.
Passei o dia conversando com Karen e com Black. A mãe de Shawn era muito simpática e sabia deixar alguém confortável, além disso, parecia a única que não estranhava quando eu falava alguma coisa diferente do que Karla diria. Quando me questionaram sobre Shawn, disse que ele tinha ido resolver alguns assuntos, o que pareceu convencer, já que seu pai foi fazer o mesmo. Se ouviram a discussão, não comentaram nada sobre.
Mais tarde, após tomar banho e ficar alguns minutos na varanda, me deitei na cama, achando quarto grande demais de repente.
Me virei de um lado para o outro, apertando os olhos, tentando a todo custo pegar no sono. Não consegui.
Uma hora depois, ouvi passos pelo corredor e meu corpo ficou em alerta. A porta se abriu e agradeci por estar de costas para ela quando Shawn entrou.
Fiquei quieta enquanto ele se movimentava pelo quarto e tentei agir como se dormisse quando o mesmo entrou no banheiro, tomando um banho rápido.
O cheiro de sabonete invadiu minhas narinas quando, minutos depois, a porta de abriu. Fiz um esforço para não soltar um suspiro. Senti o colchão afundar ao meu lado, mas não movi um músculo.
O quarto ficou em um silêncio ensurdecedor, apenas o som das nossas respirações sendo ouvido. Comecei a achar que ele tinha adormecido e já estava feliz por poder parar de fingir, quando ouvi:
— Eu sei que você não está dormindo.
Soltei o ar, o que teria me entregado se ele não soubesse.
Não falei nada, mas meu corpo ficou tenso quando senti ele se movimentar e o calor so seu corpo esquentou o meu. Sua respiração bateu na minha nuca e não teve um pelinho que não ficou de pé.
Como sempre, condenei meu corpo por reagir desta forma.
— Me deixar ver. — Ele disse.
Não precisou de muito para que eu soubesse o que era.
Me virei, ficando de barriga para cima, encarando o homem inclinado em minha direção, o corpo apoiado no braço esquerdo. Empurrei os lençóis para baixo, feliz pelas mãos não terem tremido como consequência do meu nervosismo. Quando estava no meu quadril, levantei a blusa do pijama até que estivesse nas duas curvas suaves do meu peito.
Shawn encarou as palavras escritas ali, os olhos neutros, sem demonstrar nada. As pontas dos dedos tocaram a pele manchada e, involuntariamente, meu abdômen estremeceu. Ele notou, os olhos subindo para os meus rapidamente e permanecendo ali por alguns segundos, antes de voltarem para o mesmo lugar de antes.
Ele contornou a pequena frase com leveza, como se não acreditasse que aquilo estava ali.
— Quando eu perguntei sobre a tatuagem à sua irmã, ela disse que eu estava bêbado e devo ter imaginado. — Ele começou, a voz rouca em um tom baixo, quase um sussurro. A mão descansou na minha barriga, parada, mas, para mim, era como se ele tivesse acendido uma fogueira em baixo dela.

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Farce
RomanceNatal era o pior dia do ano para Camila: significava que sua família estaria reunida e não havia nada mais detestável que isso. Ter que ver sua irmã gêmea ser elogiada e superestimada pelos seus pais, quando eles não faziam a mínima ideia de quem el...