Funeral

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Depois de prendermos os rebeldes, e dar uma “arrumada” básica no castelo, chegou a hora de finalmente descansar. Uma equipe de busca foi enviada para achar o Kaleon mas duvido que ele esteja por perto, e nenhum dos soldados dele sabe onde ele pode ter ido. Mas por enquanto, a paz reinava em nossa dimensão.

Estava morrendo de sono mas tomei um banho antes e tirei qualquer lembrança do Kaleb da minha pele. Amanhã iriam enterrá-lo num lugar bem longe daqui e eu não queria saber onde era, estava mais preocupada com o funeral do Harry.

Você deve estar se perguntando: “Como assim funeral do Harry?”. Na verdade vai ser uma cerimônia de despedida, já que nem o corpo dele conseguimos achar... Vão falar palavras bonitas e depois colocar fogo num barquinho com a data de nascimento dele. É a coisa mais antiga que eu já vi (vou ver na verdade) mas é melhor do que não fazer nada.

Me enrolei na toalha e fui pro quarto procurar alguma coisa pra vestir. O sol começava a nascer lá no horizonte e pintava o sol num tom de rosa, ainda bem que a cerimônia só seria a tarde. Procurei alguma coisa pra vestir, algo que fosse confortável mas tudo o que eu tocava parecia pesado de mais ou frio de mais. Era ruim não ter o príncipe do fogo ao seu lado pra te aquecer durante a noite. Caminhei até a minha cama e a blusa dele ainda estava lá em cima. Coloquei apenas ela e uma calcinha e me deitei, completamente exausta, rezando pra essa dor no meu peito ir embora.

-Mila? Está acordada? – Paloma batia levemente na porta e eu cogitei a possibilidade de não abrir, estava tão bom ficar no quarto sozinha com o cheiro do Harry. Parecia errado quebrar esse momento. Mas eu tinha que enfrentar a realidade. Segundo dia sem ele do meu lado.

Levantei bem devagar e abri um pouco a porta.

-Não tem ninguém por perto né?

-Não... Posso entrar?

Abri de vez a porta e ela encarou minhas pernas.

-Vai acabar ficando gripada

Eu comecei a rir. Depois de tudo o que passamos aqui, acho que seria bom ficar gripada, só pra ter certeza de que eu ainda era humana. Sentei-me na cama e esperei ela falar. Meu cabelo parecia um ninho de rato, então, improvisei um coque.

-Como você está?

-Bem...

-Não mente pra mim Mila! Não tivemos tempo de conversar depois... De tudo o que aconteceu, e eu sei que não sou sua melhor amiga nem nada, mas é o que você tem por enquanto e eu queria te ajudar.

Eu a abracei rapidamente e ela retribuiu meu gesto de carinho. Há algum tempo atrás, se me dissessem que eu estaria abraçando a Paloma por conta própria, eu estrangularia a pessoa. Hoje, isso parece a coisa mais natural do mundo.

-Você é sim minha melhor amiga Paloma. E agradeço por você estar aqui comigo... E eu to bem na medida do possível. De alguma forma parece que nada mudou. Meu coração continua batendo do mesmo jeito, não consigo acreditar que ele se foi... As vezes, escuto alguém chamando meu nome, e parece que é ele. Isso acaba comigo sabe.

-Sabe que vai ficar tudo bem não sabe? Você tem amigos aqui, gente que te ama de verdade, sei que ta doendo e é possível que isso não passe nunca mas... Um dia, você vai conseguir superar e seguir em frente Mila. Você é forte e tenho certeza que o Harry não ia querer que você se fechasse pro mundo.

-Nos meus sonhos Paloma, eu simplesmente fecho os olhos e vejo tudo se alinhando sabe... Como se fossem constelações e eu sinto ele do meu lado. Sinto ele do meu lado a todo o momento e eu não sei como lidar com isso. Tenho medo de bloquear essa sensação e não sentir mais nada, mas não quero ficar assim, porque eu sei que ele não vai voltar. É tão difícil...

A Profecia dos AmuletosOnde histórias criam vida. Descubra agora