Capítulo 16

4 2 0
                                    

Caminhamos durante duas horas para dentro da floresta. Cada dupla irá para um lado diferente na tentativa de evitar assustar os animais. Essa floresta é repleta de animais, e vinte caças, da para alimentar pelo menos a população toda durante um bom tempo, porém, quero um pouco mais para não deixar faltar.

Eu e Erick não nos falamos desde ontem a noite. Ele apenas acompanha meus passos. Estou indo em direção ao lado mais aberto da floresta, onde os cervos preferem se alimentar. Paro na árvore observando, como eu imaginava. Há um grande cervo no centro da clareira. Fico quieta, levanto meu arco respirando fundo.

Não sinto mais a presença do Erick, apenas eu e o cervo. Quando vou soltar a flecha, vejo o cervo caindo no chão com um alto barulho. Fico sem entender, mas viro para meu lado e vejo Erick abaixando o seu arco.

_ Era meu. _ Digo.

Ele anda em direção ao cervo.

_ Pensei que queria me ver caçando. Então eu fiz isso. _ Fala ele com um tom rude.

Sigo até o cervo. Ele retira a flecha delicadamente. Amarra as patas deles e pede desculpas baixinho. O observo. Ele não me olha, estar me evitando, me fazendo ficar desconfortável, mas não digo nada. O animal parece bem pesado, acredito que iremos revessar para carregá-lo.

_ Deixa que eu o levo primeiro. _ Digo.

Erick sorrir sarcástico.

_ Pode deixar que eu o carrego só.

Seu tom me atinge no estômago. Ele estar muito seco. Tranando-me com tom grosseiro. Não consigo entender o motivo.

_ Eu só queria ajudar. O cervo parece bem pesado, podemos revessar e...

_ Já falei que não precisa.

Levanto-me olhando para ele séria.

_ Por que esta grosseria? _ Pergunto com os punhos serrados.

Ele se levanta olhando no fundo dos meus olhos. Para quem estava evitando fazer isso ele não importa mais em olha-los bem.

_ Só não preciso da sua ajuda.

Fico sem palavras. Mesmo eu o tratando mal, ele nunca foi tão rude comigo. Respiro fundo e rebato.

_ Você já o caçou, agora deixa eu pelo menos ajudar a levá-lo.

Tento abaixar para pegar o cervo do chão, mas Erick me impede. Seus olhos ficam mais fixos que nunca nos meus.

_ Por que você faz isso? Por qual motivo insiste em me provocar?

Fico sem resposta. Ele estar com sangue nos olhos.

_ Não estou te provocando. Apenas quero ajudar.

Ele me solta sorrindo. Não estou entendo esse excesso de raiva agora. Erick pega o animal ensanguentado e coloca em um saco de tecido. Saindo em direção para a árvore que ele deixou seu arco. Vou atrás dele, seguindo seus passos.

Erick coloca o saco no chão e se vira para mim. Paro na hora. Seu semblante estar mais sério do que antes. As sobrancelhas então arqueadas e  seus lábios apertados. Aproximo mais um pouco e ele me manda para, fazendo um gesto com as mãos. O obedeço.

_ Não se aproxime mais por favor.

_Por qual motivo?

_ Você ainda pergunta o motivo?! _ Ele sorrir agora, mas é um sorriso bem sarcástico misturado com o sentimento de raiva. _ Por que você me provocou ontem? Por qual motivo você se vestiu daquele jeito e me beijou? _ Ele suspira. _ Você me encheu de desejo e parou do nada. _ Ele me olha nós olhos e continua. _ Por que Mérida você mexe tanto comigo? Por que eu deixo me levar pelo desejo de tê-la em meu corpo?

Fico perplexa. Sem fala. Meu coração estar com o ritmo acelerado, minhas mãos suam e minhas veias estão pulsando. Não sei o que dizer. Não tenho as respostas para a metade das perguntas dele. Ele percebe que não vou responder, observo seu olhar triste e melancólico. Ao se virar ele amarra o saco com mais força.

_ Temos quer ir.  Na verdade, demos sorte de encontrar esse cervo tão rápido. _ Ele não se vira para mim. Ando mais um pouco, ainda estou a alguns metros de distância dele.

_ Erick! _ Falo.

Ele se vira, mas não me olha. Seus olhos estão assustados, seu corpo se mexe lentamente. Erick estar olhando para trás de mim. Viro-me sem pensar. Um urso pardo estar a menos de um metro de mim. Não percebi ele chegando. Fico parada, mas já é tarde demais. Ele se levanta e vem para cima de mim. Só sinto o impacto me atingindo. Caio no chão, mas me levanto rapidamente. Não foi o urso que me atacou. Erick me empurrou para longe das garras dele, mas vejo o seu braço esquerdo sendo atingindo e sua pele rasgando. Sem pensar duas vezes, retiro meu arco pendurado nas costas. Pego uma flecha e atinjo o urso em cheio nas costas. Ele arqueja de dor. O flecho novamente em sua pata esquerda e ele sai em retirada. Corro para perto de Erick. Seu braço estar muito machucado. Tenho que leva-lo imediatamente para o acampamento.

_ Erick? _ Ele estar acordado, mas não responde.

Retiro minha blusa de couro. Estou com outra por baixo. Como o tecido dela é de algodão, fico apenas com minha roupa íntima. Pego a camisa e enrolo no braço dele para estancar o sangue. Visto minha jaqueta.

_ Erick? _ Ele não responde.

O levanto com dificuldade. Coloco seu braço no  meu ombro e levo para floresta adentro.

As Crônicas De Morgan (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora