Amando o Visconde (TRONNOS-2)

🎩 Capítulo 41 🎩

"Eu tinha 17 anos e, como falei, um pouco antes disso, fui mandado para uma escola só para meninos contra minha vontade. Eu estava confuso sobre minha identidade, sobre quem eu era e isso só piorou quando fui forçado a conviver com pessoas que eu sequer conhecia, de uma sociedade que parecia não me aceitar. Assim, quando nas férias, eu resolvia voltar para a tribo, porém, parecia que os meus também se afastavam de mim, como se eu fosse contagioso e eu começava a acreditar que havia mesmo algo errado comigo e só quem poderia entender um pouco era você, Tara (ele olha para mim momentaneamente e logo volta sua narração), mas também passei a acreditar que isso era mais uma falácia, já que você passou sua vida inteira dentro da sociedade, parecia se sentir acolhida por aqueles ao redor, desde muito nova parecia conhecer seu lugar no mundo (nessa hora, eu bufo com tal comentário e falo, quebrando meu voto de silencio prometido: 'Quão irônico isso soa agora, não é? ' Ninguém diz nada e logo a narrativa é retomada). Enfim, com o passar do tempo, parecia que tudo só piorava, ninguém falava comigo, fosse na escola, fosse na tribo. Comecei a me isolar, a pegar brigas onde estudava, a ficar com uma fama terrível. Foi assim que aproveitaram o ensejo vantajoso da situação e a desconfiança intensa sobre mim e se apropriaram da oportunidade que surgiu. Na minha terceira folga escolar, tentei novamente visitar meus familiares tribais, foi aí que Thauan apareceu."

— Meu irmão? Você o conhecia? — Íris, de repente, questiona.

Os olhos de todos os ouvintes parecem bolas de gude rodando dentro das órbitas oculares, prestando atenção na cena, absorvendo tudo e, certamente, tentando chegar em algum veredicto da situação.

— Mais do que isso. Ele foi meu único amigo. Ou assim eu pensava. Grande tolo.

"Ele chegou de repente e eu estava tão solitário que, no princípio, tentei repelir o contato não trocando conversa, mas ele parecia insistir em falar comigo como se se importasse por eu estar só e sentisse na obrigação de mudar a situação. Bem, foi assim que ele me fez acreditar na época. Ficamos amigos rápido e, naquelas férias, era como se nos conhecêssemos há anos, mas eu não lembrava de tê-lo visto antes. Isso porque ele contara que fugira quando criança afirmando que queria seguir a profissão de juiz algum dia e que se continuasse onde morava, não conseguiria, mas aí sua família o encontrou, só que decidiu mandá-lo para um internato, almejando que ele concretizasse seu sonho. Então, ele foi. Mas estava de volta e agora tinha encontrado o amor da sua vida, sua antiga amiga de infância, Nala, que crescera e despertara nele diversos sentimentos. Só que tinha um pequeno problema: ela estava noiva e era da tribo dos zoewas. Eles tinham se conhecido quando eram crianças, nos encontros que as duas tribos eram obrigadas a realizar, por causa da profecia, e tinham feito uma promessa de se casarem um dia. Ao que parece, o sonho de Thauan de virar um grande juiz era maior que o de se casar com sua amiga, mas tudo bem, eles eram pequenos e tudo não passava de profanas juras, ditas pelo barganhar dos pequeninos e não um encontro de almas gêmeas... até que ele voltou naquele ano e, durante mais um encontro das tribos, ele a viu, depois de tantos anos. Ele não parava de falar que queria reconquistá-la e que precisava de meu auxílio porque, segundo ele, eu era o único que poderia entendê-lo. Nesses anos, a Tara e sua família já não apareciam mais para as reuniões sobre a profecia, desde o conhecimento sobre meu comportamento, mas os zoewas e os tribalis estavam tentando mudar isso e trazê-los novamente, entretanto, o que aconteceu horas mais tarde, mudaria todo o curso da história e afastaria sua família completamente."

— Espera. — Interrompe Íris. — Você está nos dizendo que meu irmão de alguma forma teve algo a ver com isso?

— Eu não estou dizendo que "de alguma forma teve algo a ver", estou afirmando que a culpa foi totalmente de seu irmão.