- Eu te amo.- disse ele e isso bastou para meu coração acelerar loucamente e querer sair pela boca, para um calafrio percorrer minha coluna e permanecer em meu corpo, para que eu ficasse sem resposta e louca, completamente louca para me atirar em seus braços novamente, mas ele não para aí e continua com a declaração.- E creio que te amei desde a primeira vez que te vi. Nunca achei que esse sentimento voltaria um dia em minha vida, mas aconteceu. Eu te amo. Te amo. Te amo. E sempre irei te amar. Você é minha e eu sou seu.
- Eu te amo, Maurício.- falo com a voz embargada. Minha emoção está tão viva que sinto poder desabar a qualquer instante e é o que acontece, pois, logo sinto lágrimas frias percorrerem minhas bochechas.- Te amo tanto e sinto por ter só estragado sua vida até agora.- ele começa a passar as costas das mãos, de forma delicada, para limpá-las.
- Por favor, Tara, não chore. Me sinto um inútil quando não consigo consolá-la.- olho para ele e vejo uma expressão semelhante à dor.
- Desculpe.- falo entre fungados.
- Não precisa se desculpar. Escute,- sinto que ele pede isso para que eu não desvie o olhar do dele. E eu não o faço, continuo encarando com ternura o homem que em tão pouco tempo, já me fez tão mais feliz.- minha vida já estava estragada há muito tempo. Você não a estragou coisa nenhuma, muito pelo contrário, foi você que a fez melhor.
- Ah, Maurício...- aproximo meu rosto e o beijo levemente, mas basta isso, para meu corpo enviar correntes elétricas por toda extensão. Separo nossas bocas e encosto minha testa na sua, porém, ao admirá-lo, noto que não me olha e mantém os olhos fechados com força, como se tentasse suprimir alguma aflição. Percebo que ele sofre com algo e quero ajudar. Então, sussurrando, questiono.- O que houve, meu bem? Me conte o que está acontecendo.
- Não é bem o que está acontecendo, Tara. É o que já aconteceu.- O sofrimento dele parece ser gigante e acabo fechando os olhos com força. Estamos os dois, exceto pela calça que o Visconde colocou e pela chamise de novo em meu corpo, sem vestes. As testas grudadas e o silêncio confortante, quebrado apenas pelo barulho que as fortes rajadas de vento da noite fria produzem de vez em quando, conosco.
- Conte-me.- peço. Com uma das mãos envolta por trás de sua cabeça, alisando seu cabelo e a outra parada em sua coxa, abro os olhos e vejo que os dele me encaravam. Vários sentimentos pareciam se misturar, alguns desconhecidos por mim.
- Prometa-me que irá me deixar terminar e então, só então, dará seu veredito sobre o ocorrido. Sua opinião é tão importante para mim que eu ficaria louco se pensasse pouco de mim depois disso. Mas quero que seja sincera. Não omita nada. Fale, assim como você sempre fez, o que pensa. Preciso disso mais do que nunca. Isso pode afastar a ti, mas se for necessário, o faça. Te amo de mais para prender você a algo que não merece.
- Como pode sequer cogitar que você não é merecedor de mim, Maurício? Às vezes, acho que a egoísta aqui não merece nem Clara, nem a ti.
- Pare de se julgar egoísta. Você não é isso. Você é bondosa, linda, inteligente e tantas outras coisas boas... Já eu... Meu passado não é apenas flores, Tara. O oposto disso. Está repleto de espinhos, tantos que muitas rosas sucumbiram e as que, milagrosamente, ainda existem, estão prestes a seguir o mesmo destino.
- Não se eu puder me livrar dos espinhos antes e semear novas no lugar das que já se foram.
- Não se pode mudar o passado.
- Mas podemos construir um futuro.- respondo.- Agora, discorra sobre seus espinhos.
☀️
Ele me conta sobre os acontecimentos passados, sua antiga amada e a tragédia que aconteceu para com ela, o ódio de Maurício que o afastou de tudo e só o fez enxergar pessimismo nas coisas, turvando sua visão para a bondade que existia, sua amizade com Luísa que o fez perceber que havia outro caminho e que alterou sua rota, sua vingança.
Mas existia um porém. Ele parece se culpar, ainda, pela morte de Lizzie. Isso não está certo. Pelo que ele me contou, ele não teve nada a ver e não poderia fazer nada diferente, ele fez tudo que pôde. Ele a amava e a perdeu... O quão doloroso isso deve ser? E se eu o perdesse, como me sentiria? Conseguiria suportar uma vida sem o visconde? Não, não quero pensar nisso. Você não o perderá, Tara.
- Então, quando vi que Lizzie havia partido para sempre- continuou ele.- achei que meu coração tivesse ido junto com ela. Agora, porém, percebo que ele realmente se foi.- arregalo os olhos com aquela afirmação. O que ele tinha dito? Eu ouvi corretamente?
- O que?- acabo notando que minha indignação se revela em palavras audíveis e não apenas em um exercício imaginário.
- Ele se foi com Lizzie e um vazio ficou no lugar. Até que você apareceu e semeou um novo. Só teu. Inteiramente teu. Isso me fez ver que a vida pode dar uma segunda chance, basta apenas se deixar levar, se deixar ser conduzido nessa loucura que é viver, que é aprender com a tristeza para descobrir o tesouro que a felicidade é. Caramba, Tara, você me salvou. Meus amigos contribuíram grandemente para que minha existência fosse suportável e até mesmo agradável, mas você... Você foi a responsável para que eu voltasse a enxergar as cores, as flores, o céu, o oceano e me maravilhar todo dia, aliás, todo segundo. Com seu sorriso, sua franqueza, sua inocência, sua inteligência e seus olhos sagazes que buscam resposta para tudo.- estou tão feliz com as palavras de Maurício que não consigo falar nada, apenas me deliciar com tudo aquilo, com aquele homem maravilhoso e gentil que adentrou com tudo em minha pacata e infinita rotina.- E pensar que você entrou em minha vida com tanto estardalhaço. Fazendo barulho.- acabo rindo lembrando do dia em que nos encontramos pela primeira vez. Tenho que fazer um comentário quanto ao momento icônico dito.
- Aquela menina estúpida que achava estar em um sonho com o misterioso homem do baile e o beijou por achar que tudo aquilo não passava de uma idílica e suculenta experiência?- meu sorriso se alarga e os olhos do Visconde parecem duas estrelinhas de tamanho brilho. Ele é tão perfeito. Tão lindo.
- Você não é uma menina, Tara. É uma mulher. Ademais, foi sua entrada tão maravilhosamente de repente e louca que fez minha alma acordar, digo, ressuscitar.- Não estava aguentando, minhas mãos coçavam, implorando para ficarem nos fios dele e minha boca formigava, por isso, acabei o beijando ferozmente e fui retribuída com a mesma intensidade.
- Sabe...- digo, rindo e soltando sua boca novamente.- Estava me recordando do dia em que estávamos numa carruagem... Eu queria ter dito o quanto você estava esplendoroso e radiante, mas não consegui.- ainda com um sorriso bastante largo, concluo.- Bem, estou dizendo agora.- Ele tem um sorriso repuxado, seu olhar sonhador em meus olhos.
- Eu te amo.- e volta a me beijar docemente.
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Quem diria, uma postagem em plena terça! Me senti em débito para com vocês, amados leitores.
Sinto que estou publicando quase que raramente e isso não é certo com quem acompanha a história tão assiduamente.
De qualquer modo, estou fazendo meu possível para entregar capítulos ótimos para que aproveitem o livro.
Espero que tenham gostado desse. S2
Quem sabe eu não tenha alguma ideia para reparar minha ausência... Até lá, peço que continuem acompanhando, o mistério ainda será resolvido. 😉
XoXo! 💋
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Amando o Visconde (TRONNOS-2)
RomantizmTara é uma jovem que possui uma beleza exótica que chama atenção por onde passa, mas desconhece a aparência que tem, já que usa sempre o mesmo penteado e vestidos que não a favorecem tanto. Sua personalidade afasta os seus pretendentes porque ela é...