🎩 Capítulo 45 🎩

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Por volta de três horas antes...

— Muito bem, o que faremos será algo extremamente perigoso.

— Perigoso do tipo: não tentem em casa, pois porão a vida de quem está ao redor em risco ou não façam isso para não terem consequências abstratas negativas, como uma repreensão dos pais quando se é criança? — Questiono para Luan que responde em seguida.

— Perigoso do tipo: não seja acéfalo de sequer tentar pensar nisso e se, pensar, não coloque em prática e, se colocar, você está ciente dos seus futuros danos físicos e de seus presentes danos mentais. — Tá bom... agora eu estou ficando preocupada. Ele espera um momento, dando a oportunidade de qualquer um se pronunciar antes que ele comece a descrever o que pensa. — Vocês já ouviram falar em pólvora, certo? — Todos assentem. — Mas sabiam que os chineses a descobriram há quase dez séculos? Para prepará-la precisaremos de substâncias diferentes como, por exemplo, carvão e enxofre. Bem, há quem diga que a descoberta da pólvora por esse povo tenha sido acidental, mas a nossa recriação não será. — Na verdade, acho que estou tendo um surto psicológico neste exato momento.

— Como é que é? — Fala uma abismada Clara. — Você está pensando em explodir as coisas?

— Isso mesmo, espertinha. Jogar tudo para os ares. — Ele esboça a formação de um sorriso de fazer qualquer dama desmaiar.

— E como... como acha que isso resolverá as coisas?

— Isso nos dará passagem para a fuga. É assim que os guardas que restaram na aldeia precisarão de reforços. E quem mais para ajudar se não os guardas da entrada?

— Mas alguém poderá se ferir. — Sua face demonstra agonia e Luan parece perceber na hora essa angústia.

— Não. Ninguém irá se ferir. Porque você e Maurício farão explosões em uma distância considerável de todos. Além do mais...

— Espera! Espera! — Falo, quando minha cabeça foca nos nomes que ele acabou de citar e no que ele os incumbiu de fazer. — Você não está mesmo pensando em colocá-los perto de algo tão perigoso assim, está? Colocando, principalmente, Clara em perigo mais uma vez!

— Nossa, obrigado pela consideração! — Interrompe Maurício fazendo graça.

— Ah, convenhamos, você sabe o que eu quis dizer. Clara está machucada. — "Ei", ela fala no meio de meu diálogo. — E você tem uma capacidade física melhor de escapar ileso.

— Nossa, obrigada pela consideração! — Desta vez é Clara quem imita Maurício.

— Você entendeu. Não é machismo, é biologia e noção. Veja, você ainda está em recuperação. Pode até ser mais veloz que ele, mas com um pé dolorido não será mais rápida que uma tartaruga. Sua respiração não está 100% e fôlego pode te faltar e terá fumaça. As coisas podem tomar proporções inesperadas e fogo pode voar por todo lado. Pensem bem, isso não é racional.

— Como eu dizia, antes de ser brutalmente interrompido... além do mais, privilegiaremos o barulho e não o fogo. Precisará ter fogo, mas em uma dose que possa ser contida para não correr o risco de prejudicar a fauna e flora. Por isso, será mais seguro fazer em uma clareira e até sei onde. Vamos calcular milimetricamente tudo antes de pôr em prática. Não estou falando que será seguro. Não. Não será. Contudo, faremos de tudo para que seja o mais seguro possível e, Tara, — Ele olha especificamente para mim depois de chamar meu nome. — terá de ser especificamente Maurício e Clara porque os demais já possuem um lugar exato no plano que não pode ser modificado, caso aconteça, não dará certo.

— Tudo bem. — Diz Maurício. — Fale seu plano detalhadamente e o que, com exatidão, teremos que fazer.

☀️

Por Maurício

Assim que Luan termina de descrever seu plano penso em duas coisas:

A primeira é que isso é uma loucura total que, se não der certo, vai ferrar a gente bonito e eu serei morto porque só assim para me conter quando tentarem forçar Tara a fazer algo que não queira.

A segunda é que é simplesmente genial.

Íris sai para pegar os ingredientes para fazermos a pólvora e leva Tara e Clara consigo, caso precise de ajuda ou de uma desculpa se as pegarem no flagra. Enquanto isso, Luan e eu estamos indo em direção a clareira para avaliar do modo mais imperceptível possível o local de nosso plano. Ele está me mostrando como Clara e eu chegaremos lá mais tarde e como poderemos pôr um fogo à parte de modo contido.

Enquanto andávamos em silêncio pelos bosques laterais à passagem principal dos transeuntes, inesperadamente, ele para seus movimentos e, com os braços dobrados em suas costas, quebra a paz celestial das bocas seladas.

— O que vou falar fica entre nós, mas eu preciso que você faça o que eu vou te pedir.

— E caso eu não o faça...

— É bom dar-se como um homem morto, pois, eu mesmo terei a honra de fazer isso.

— Vejo que é uma pessoa de coragem.

— Você nem viu o quanto... — Ele mantem o olhar ameaçador. Se precisasse, ele certamente, me degolaria vivo. Admiro isso.

— Tudo bem, o que tem para me pedir?

— Preciso que não deixe Clara chegar perto daquela bomba, nem inalar a fumaça, deixe-a o mais longe possível de prováveis ferimentos. Ela não pode correr e nem ter seus pulmões prejudicados e precisando trabalhar mais pesado do que já estão. Se ela tiver um corte sequer, Maurício, eu juro que corto sua garganta. — Solto uma leve risada que sai mais sombria do que alegre.

— Então, enquanto discorria seu plano tão calouradamente e quando foi, em suas palavras, brutalmente interrompido por minha noiva, nunca teve a intenção de pôr Clara em perigo. — Não é uma pergunta, apenas uma constatação em voz alta.

Nunca! Jamais! Estava apenas esperando o momento certo para falar com você. Não poderia falar isso na frente dela, pois ela não me permitiria deixá-la ficar fora do plano para sua proteção e eu, tampouco, poderia colocá-la em uma parte menos perigosa e encaixá-la sem criar suspeitas na hora da ação. — Voltamos a andar compassadamente, os olhos voltados para frente.

— Você gosta dela. — Mais uma afirmação.

— Na verdade, temo amá-la. — Isso me faz arregalar os olhos e voltá-los em sua direção, quase paro, mas continuo no ritmo. — E me entristece saber que a primeira pessoa a quem conto isso seja justamente você. — Pelo canto, observo ele sorrir abertamente e isso me faz gargalhar.

— É. Parece que nem tudo é como planejamos.

— Não mesmo. — Nossos sorrisos estão lá e o vento está agradavelmente fresco, mexendo em nossos cabelos e nas folhas verdes das árvores ao redor.

— Se contar que ameacei você para não colocá-la em perigo, você está acabado. — Uma carranca fingida? É isso que estou sentindo ele esboçar enquanto seguimos em frente.

— Olha, mais uma ameaça! — dá para ouvir o bom humor em minha voz. — Então, a parte que se refere a sua "declaração de amor não dita para a moça em questão" ainda está em jogo na lista de coisas que posso falar para ela?

— Cale a boca. — E, mais uma vez, me escuto gargalhar.

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Estou sentindo um clima leve entre eles dois ou é apenas impressão minha?
Sorry pela demora da postagem, estou tentando escrever o livro, mas devo confessar que a preguiça me pegou desprevenida!
Tentarei lutar contra essa inconveniente aflição e logo mais um capítulo brotará. É uma promessa!
XoXo 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Onde histórias criam vida. Descubra agora