🎩 Capítulo 23 🎩

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- Há quanto tempo está aí, Maurício?- falo atordoada.

- Digamos que "droga" não é uma palavra que escuto as damas falarem com frequência.

- Oh céus.- coloco a mão na cabeça de forma instintiva.

- Creio que não seja culpa dele, digo, dos céus, mas minha. Quando entrei, vocês estavam muito entretidas na conversa e eu não quis atrapalhar, mas fiz mal em não avisar que estava aqui esperando. Sinto muito.

- Olha.- começo nervosa, minhas mãos ainda estão irrequietas e meus lábios tremem a medida que falo qualquer coisa.- Podemos esquecer que você ouviu tudo o que eu disse?

- Não, mas podemos discutir isso depois.

- Que tal o depois nunca chegar?- tento e ele dá um sorrisinho.

- Por agora, vamos voltar com nossa investigação. Por favor, peguem uma folha, uma pena e um tinteiro. Vamos anotar o capítulo e o título de todos que olharmos, assim teremos uma organizada forma de não nos perder, para não correr o risco de ter que começar tudo de novo.- saio da sala em busca dos materiais pedidos e assim que volto, logo retomamos a procura que começara ontem.

7 horas depois, entre lanches e momentos de ânsia de desistência...

- Achei! Finalmente!- eu que estava deitada de um modo nada sutil em um sofá e Clara que estava quase do mesmo modo, mas um pouco mais comportada no outro, levantamos em um pulo e nos sentamos no chão ao lado de Maurício. Depois de três horas, tínhamos resolvido revesar. Eu resolvi começar e há quase uma hora era ele quem estava procurando depois.- Capítulo 302: Outros Índios. Olhem o subtítulo.- pediu ele.

- Zoewas e Tribalis.- leio em voz alta e a felicidade toma conta de mim.- Puxa, matamos dois coelhos com uma cajadada.- sorrio, extasiada para os dois. Viro a página para ver quantas são sobre eles e me decepciono.- duas? E não é nem frente e verso. Uma página frente e verso.

- Ou seja, o pouco que descobrirmos será lucro.- Eu e Maurício nos entreolhamos.

- Algum de vocês lê latim?- pergunta Clara, olhando para o livro.- Porque eu não.- Nós dois olhamos também.

- Ótimo! Mais um problema. Como não percebemos que está tudo em latim?- falo chateada.

- Faremos o seguinte.- começa Maurício- Aqui tem algum dicionário de latim?

- Tem.

- Pois iremos utiliza-lo e anotar tudo que traduzirmos.

- Isso levará tempo.- comenta minha amiga.

- Então não devemos desperdiça-lo. Vamos começar agora.

☀️

(Em português)

Outros índios:

Zoewas e Tribalis

(em Latim)

Duas tribos distintas coexistiram por muitos anos, aliás, por muitas décadas e há quem diga e suspeite que por muitos milênios. É extraordinário, complexo e peculiar a organização dessas duas culturas. Ao mesmo tempo em que apresentam suas diferenças, apresentam semelhanças bem maiores, como, por exemplo, a rotina. Nosso grupo de pesquisadores, a parte mais antiga e que hoje já não habita no mundo dos vivos, resolveu passar um tempo com ambas tribos e foi justamente nesse período que as duas estavam, em uma espécie de ritual, unidas pelo tempo de uma quinzena para dar continuidade as suas alianças e tratados. Como não fomos nós, autores atuais desta edição, resolvemos pôr aqui o catálogo feito por nossos antigos mestres, datado de 1735.

- Exatos 100 anos.- murmuro.

1735, relato de John Walter e Laurence Middleton

Como se fosse um ritual. Para chegarmos aqui, enfrentamos o vicejante lugar, aqui há o gorjear, aqui há a brisa que balançaria os cabelos de qualquer dama, por mais recatada que essa possa ser. Tudo é um enorme ritual. Desde nossa chegada até as encostas ditas como perigosas. Desde nossas suposições a realidade posta para nós nua e crua. Ao chegarmos, a primeira coisa que a natureza nos oferece é a água fresca do olho d'água límpido e cristalino que entre as duas milhas de laranjeiras está. Para chegar ao outro lado que é idêntico ao seu oposto, tivemos que pedras grandes pisar e ao redor delas, a nossa majestade aquática estava lá. A estrela das águas.

- Já está bem tarde.- Diz Maurício ao olhar o relógio.- 00:30. Amanhã continuamos.

- A boa notícia é que temos um avanço e tanto.- falo.- Mas está um tanto confuso esse relato. Se bem entendi, eles estavam dando a localização, entretanto, acabou ficando bem enigmático, não acham?

- Sim, não sei o que faremos quando terminarmos a tradução, mas já que insiste em saber o conteúdo, vamos em frente.- ele conclui.

- É minha vida, Maurício. Não posso viver sem saber o que houve comigo.

- Não pode viver presa ao passado, Tara. Tem que se desamarrar das correntes que a vida te impõe, se não se desprender, ao menos saiba conviver com elas.

- Não entende que nem ao menos sei com que correntes estou lidando? Não conheço a mim mesma e é isso que pretendo descobrir.

- E o que fará caso descubra o que não quer?

- E como saberei se quero ou não aceitar minhas futuras descobertas? Primeiro, eu descubro. Depois, eu vejo.

- Está bem. Como queira. Só espero que não se decepcione depois ou acabe pagando um preço alto demais pela verdade.

☀️

No dia seguinte, Maurício, Tara e Clara continuaram a leitura e tradução daquele livro e avaliaram as pinturas de símbolos que continham naquele capítulo, entretanto, eles pouco entenderam o que ali estava escrito e o que indicava aqueles desenhos. Eles passavam horas tentando decifrar, mas eram frases e contextos enigmáticos demais para o estudo deles acerca dos índios, que era muito escasso. Passaram-se dias. Tantos dias que a data do casamento estava próxima demais para continuar com aquilo. Logo, logo, eles deveriam se casar (daqui a três dias para sermos mais exatos) e Tara não tinha nada concreto. E ela queria. Ah, como ela queria. Não gostaria de se casar sem conhecer a si mesma. Afinal, era como Sócrates dizia: "Conhece-te a ti mesmo", mas que tola, ela pensava, como posso conhecer algo obscuro? Como descobrir a grande incógnita da minha história, da minha existência? Ela tinha vontade de gritar. Vai que o universo a respondesse? Se apiedasse dela e a enviasse um sinal que seja. Eis que isto acontece e ela sorri, três dias antes da data de seu casório. Não, o universo não mandou para ela um livro com as respostas que ela precisava, mas duas ideias brilhantes, ao menos ao seu ver, brotaram-lhe na mente e naquele fim de tarde, enquanto os raios de sol adentravam pelas frestas deixadas pela cortina, demonstrando que ele estava se pondo, ela gritou (sim, não pôde conter a empolgação que invadia o seu ser).

- Como não pensei nisso?.- Maurício e Clara olharam-na assustados por causa da voz alterada e pelo pulo em que se levantou do chão.- Podemos visitar o duque e pedir para que ele nos ajude a decifrar isto.- eles pareciam desconfiados. Clara a encarava como se ela fosse um bicho vindo de outro planeta e Maurício levantara a sobrancelha esquerda.- Ele estuda cultura. Talvez, entenda mais que nós. Qualquer um deve entender mais que a gente. E tem mais.

- Mais?- questiona Clara.

- Eu acho que sei o que são esses símbolos, mas precisaremos da ajuda de Luan.- Os olhares não são nada calorosos.
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Olá leitores maravilindos!!
Então, como vcs bem sabem, estou tão ocupada que para publicar este capítulo tive que ceder meu único tempo livre, mas, por vocês, eu cedo sim❤️. Entretanto, tenho que pensar o futuro da história e para isso tempo (que eu não tenho) é necessário.
Façamos o seguinte: não sei se postarei domingo. Farei de tudo para publicar, mas não prometo nada.
Estou pensando na continuação futura do livro e postarei assim que estiver isso estabelecido (na semana que vem, com certeza)
Espero que me entendam e até a próxima semana❣️
XoXo. 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Onde histórias criam vida. Descubra agora