- Como assim não há quartos?- explode Maurício na recepção.
- Eu já expliquei, senhor.- diz tremendo e meio acuado o recepcionista.- Não temos mais vagas.
- Então faça o possível para conseguir uma! Tem uma dama aqui.- Maurício tenta massagear sua têmpora com os dedos. O recepcionista analisa um livro, provavelmente o registro dos hóspedes e quartos.
- Veja, daqui a meia hora acabará a estadia de recém casados no quarto 12.
- Mas eu pedi dois quartos e uma camareira pessoal para uma dama solteira.- estou apenas alguns passos de distância, mas consigo escutar toda conversa e ouvir aquilo me entristeceu um pouco, eu não estou solteira, sou noiva dele, mas parece que ele não aceitou o compromisso comigo e tem vergonha de declarar.
- Mil perdões! Não há mais vagas, senhor.- diz amedrontado, o recepcionista.
- Tudo bem. Irei querer o quarto e uma camareira pessoal.- fico em choque e olho para Maurício que parece sentir a ação, já que se vira e vê minha reação, que parece bem transparente, pois ele anda até mim e diz:- Você poderá descansar no quarto vago, eu ficarei aqui na recepção. Posso descansar naquela cadeira ali.-ele balança a cabeça na direção de uma poltrona de couro, próximo a um pequeno centro de vidro, na sala de espera.
- Não parece nada confortável.- digo em uma reflexão alta, mas sincera.
- Não se preocupe com isso.- ele pega em uma mecha de meu cabelo que soltara da tiara, que eu nem ao menos percebera, e coloca atrás da orelha. Esse pequeno ato, faz nossos olhos se encontrarem e uma energia forte parece estar no ar, me deixando sem fôlego.
- Senhor? Tudo pronto.-diz o recepcionista, segurando a chave na mão e balançando-a no ar.- E temos outro problema, senhor.- falou assim que o visconde estava no balcão. A expressão parece desmoronar de medo novamente, Maurício está de costas para mim, mas tenho quase total certeza de que os gestos faciais demonstrados àquele homem não foram nada amigáveis.
- O que desta vez?- O tom da voz acabou de confirmar minha suspeita.
- As camareiras estão todas em serviço, mas poderemos tentar fazer uma delas dividir o tempo entre duas senhoras.
- Isso é um absurdo! Quer dizer que minha noiva terá que ficar sem acompanhante feminina respeitável em certos momentos?- Noiva? Minha esperança se eleva.
- Perdão, porém é o único jeito.- ele parece a ponto de desmaiar e, mesmo com as bruxuleantes luzes das velas dos candelabros, percebo que a cor que daquele homem tinha, já se esvaíra há tempos.
- Está bem, partiremos logo cedo, de qualquer modo. Grato.- e pega a chave do jovem.
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Virei mais uma vez na cama, coloquei o travesseiro no rosto, bufei, contei até 10, tirei o travesseiro, olhei o relógio em cima da lareira que apontava 00:35. Eu não vou conseguir dormir, me conheço bem o suficiente para tentar, acho que um passeio pela hospedaria irá me ajudar a distrair e com sorte, talvez, eu fique sonolenta e volte para cama pronta para fechar os olhos. Levantei da cama e peguei um robe fino de cetim azul, sei que não posso ficar de camisola em um lugar cheio, eu acho que é isso que a etiqueta diz, mas ela fala alguma coisa sobre andar de robe em uma hospedaria? Eu não me lembrava. Passei pela recepção na ponta dos pés, atrás da poltrona em que Maurício dormia, com o cuidado para não despertá-lo, e fui em direção ao minúsculo jardim.
Achei um banquinho de madeira e fiquei sentada observando o luar. Minha mente vagava distante, enquanto meus olhos estavam desfocados na lua cheia brilhante, eu pensava em como será minha vida daqui para frente. Eu teria filhos? E se os tivesse, como os educaria se eu mesma não sei cuidar de mim? Meu Deus! não sei nem o que se passa entre um homem e uma mulher após o casamento ou até mesmo antes, já que tinham criadas lá em casa que, logo cedo, chegavam, com rapazes da vila, na cozinha e estavam vermelhas e com um sorriso no rosto, e eu que lia um livro na cozinha dos empregados, sempre que os via, me escondia atrás do balcão no qual eu estava sentada e observava a troca de beijos e a despedida calorosa, mas nunca entendi o motivo pelo estado de calamidade que as pobres moças chegavam e como tão paradoxalmente elas pareciam mais felizes e com um brilho nos olhos que as deixavam radiantes.
- O que diabo faz aqui uma hora dessas?- meu susto foi grande e instintivamente levei a mão ao peito, que parecia que ia explodir com as batidas do coração, me virando para me deparar com Maurício com a cara fechada, mesmas roupas e cabelo bagunçado, aquilo me arrepiou de uma forma indescritível. Ele é muito, extraordinariamente-e até pecaminosamente-lindo. E eu queria o beijar novamente.
- Não consegui dormir, então vim para cá.- me levantei e os olhos dele caíram, não, despencaram, sobre meu corpo, seu semblante eu não conseguia desvendar, era uma mistura de surpresa, raiva e...desejo?
- Por que está vestida assim? Alguém poderia ter a visto. Maldição!- agora, raiva, definitivamente raiva.
- Mas não estou só de camisola.- digo em um tom pensativo.
- E por acaso não sabe que não deve sair de robe, além do mais, um tão fino que consigo ver toda sua curvatura e um pouco mais. Céus, parece que estou lidando com uma criança.- ai! Isso doeu.
- Não.- digo, com a voz embargada pelas lágrimas presas nos olhos. Não vou chorar, não na frente dele, pelo menos.
- Não o que?- pergunta ele com a voz cansada e os dedos apertando a curvatura do nariz, os olhos fechados.
- Não, eu não sabia.- ele abre os olhos e parece ver a tristeza estampada no meu rosto, pois relaxa e começa...
- Olha, Tara...- mas eu começo a sair, pois sei que se não fizer isso, as lágrimas farão antes. Quando passo por ele, porém, ele pega meu braço levemente para que eu pare e me olha intensamente, parece desvendar meus segredos, parece saber quem sou de todas as maneiras possíveis. Alguém disse que os olhos são as janelas da alma, pois essa pessoa estava coberta de razão, pois era como se ao apenas olhar para os escuros olhos de Maurício, tão próximos, eu pudesse acreditar que ele estava em minha vida há muito tempo e não era um tempo cronológico, era algo além. Sua mão limpou uma lágrima que eu nem sabia que tinha escorrido. Tão perto... Tão lindo... - Me perdoe pelo que falei.- sua voz não passava de um sussurro, o que me deixou rouca de desejo, transparecendo isso em minha voz quando falei seu nome.- Meu nome sai tão bem da sua boca.
- Também acho- falei no mesmo tom que ele. Suas mãos encaixaram-se nas minhas costas, perigosamente perto do traseiro e o ínfimo espaço entre nós diminuía.
- E minhas mãos encaixam tão perfeitamente no seu corpo, suspeito que nossos corpos também tenham esse poder de perfeita adesão um ao outro.- esse sussurro está me matando e estou sentindo calafrios em todas-exatamente todas-as partes do meu corpo, cada extensão do meu ser se arrepia.
- Também acho e suspeito do mesmo que você. Como faremos para provar se tais fatos são verídicos?- nossas bocas estão muito próximas, tão próximas que sinto seus lábios roçarem os meus, fazendo cosquinha.
Eu queria ficar assim para sempre, mas como nem tudo que pedimos é realizado e os sonhos são destruídos assim que acordamos, o momento foi desligado, e acordamos daquele frenesi entre nós. Tudo por causa do que se seguiu.
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Ui ui, parece que o clima esquentou por aqui, ein? 🔥 🔥
Sentiram esse calor? Ufa! Me abana que eu to passando eh mal.
O a será que aconteceu em seguida? Beijo? Algo além disso? Ou nada de mais?
Só no próximo capítulo! Até lá, caro leitor!
XoXo!💋
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Amando o Visconde (TRONNOS-2)
RomanceTara é uma jovem que possui uma beleza exótica que chama atenção por onde passa, mas desconhece a aparência que tem, já que usa sempre o mesmo penteado e vestidos que não a favorecem tanto. Sua personalidade afasta os seus pretendentes porque ela é...