🎩 Capítulo 47 🎩

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Por Maurício ✨

— Vamos, Clara! Precisamos chegar aos limites da propriedade indígena antes que nos peguem aqui. — Olho para trás e vejo que ela corre com certa dificuldade, então, com um suspiro de surpresa vindo dela, a pego no colo e disparo o mais rápido possível.

— Veja! As meninas já estão lá. — Consigo ver o lugar que ela aponta e a uns quinhentos metros, no lugar marcado, dá para ver duas pessoas aguardando. Espera...duas? 

Assim que chegamos, Clara é a primeira a perguntar quando a ponho no chão.

— Onde está Luan? — Questiona enquanto alisa a saia de seu vestido, já puído, para ajeitá-la.

— Não sabemos. O pajé o chamou e o perdemos de vista depois, ele nos mandou continuar correndo. — Tara olha aflita para nós. — Deu certo?

— Ah, meu Deus! — pestaneja ao meu lado, ignorando a pergunta da amiga.

— Deu sim — respondo. — E agora? Esperamos ou saímos antes que seja tarde?

— Esperamos, claro! — Não preciso nem explicitar de que boca saiu essa frase.

— Cinco minutos e saímos. — Falo. — Não temos o luxo de perder a todos.

— Não podemos deixá-lo... Se fosse a Tara, você não a deixaria e eu não a deixaria. Ninguém fica para trás. Cinco minutos e vamos procurá-lo. Entendeu? — Seus olhos parecem ter fogo no lugar de pupilas.

— Está bem. Mas vocês correm e eu vou. Não adianta protestar — digo, quando percebo que Clara já começou a abrir a boca. — Você está ferida, Tara é o alvo e Íris conhece essas matas. Vocês vão e eu fico para procurá-lo.

— Não será necessário — Uma voz atrás de nós ecoa. Todos olhamos na direção dela.

— Luan! — Grita Clara e ele lança-lhe um sorriso.

— Escutem, precisamos de uma ligeira alteração de planos... — ele levanta as mãos como quem pede para esperar e continua. — Antes que possam interferir, preciso que confiem em mim para que nada desague abaixo. — Continuamos calados, prestando atenção. — Muito bom. Vocês seguirão o plano e correrão até chegar a vila próxima, chegarão em alguma autoridade e pedirão para enviarem uma carta endereçada ao duque. Isso permanece. A diferença é que, enquanto, vocês irão chegar provavelmente pela manhã, Clara e eu chegaremos só depois.

— Como é que é? — Tara interrompe ao ouvir essa última parte.

— Preciso que a Clara venha comigo... é de extrema importância. — Nesse momento, escutamos um farfalhar no mato e ficamos em silêncio e em alerta. Se alguém nos pegar, teremos de correr, pois nossas vidas dependerão disso. 

Ao notar que, provavelmente, foi algum bicho, continua-se a discussão.

— Confiem em mim. Vão! Íris e eu conhecemos os arredores, ninguém vai se perder. Vai dar tudo certo, mas vocês precisam ir agora. — Olho para ele com uma certa intensidade, me questionando se ele sabe mesmo o que está fazendo. Ele parece entender a pergunta não dita e apenas faz um leve afirmar com a cabeça.

— Tudo bem. Vamos. Íris, você na frente.

— Claro. — Responde ela. — Ah, e Luan? — Ele se vira para escutá-la. — Ela tira de uma bolsa de pele uns três cadernos de mão com capa de couro e os exibe. — Acho que isso será de seu interesse, então, nem pensem em morrer. — Ele sorri em agradecimento, entendendo que ela conseguiu resgatar os diários de seu irmão.

— Isso nunca fez parte de meus planos. — ele oferece a mão a Clara e eles se viram novamente para ir, assim como nós.

☀️

Nosso grupo sai em disparada, enquanto minha amiga - e irmã do coração - e Luan ficaram para trás por motivos misteriosos. Deixamos minha maior aliada na vida nas mãos de um homem que conhecemos pouco e por motivos desconhecidos e eu quero gritar por causa disso, mas ela confia nele e foi a primeira a aceitar essa mudança repentina de plano, já que não posso obrigá-la a vir conosco, ela foi e nós continuamos a jornada. Agora só posso pedir com todas as forças para que os céus e qualquer divindade a proteja. Na pressa e falta de luminosidade, piso com tudo em um amontoado de folhas e vejo uma aranha qualquer saindo delas, me arrepio um pouco. Não sou tão fã de insetos.

Seguimos Íris e, no silêncio confortável, mas atentos aos arredores, acabo fazendo uma introspecção e me lembrando que meu casamento marcado com Maurício está mais próximo...nem sei bem que dia é hoje, mas se eu fosse apostar, apostaria que deveria estar casada com ele entre hoje e o dia de amanhã. Está escuro e estamos confiando totalmente no senso de direção de nossa amiga tribal que segura uma vela grande. As horas vão passando e não paramos para não darmos chance nem para bichos nem para quem possa estar nos seguindo, se é que já perceberam que sumimos. Precisamos chegar na minha vila, até o padre que vai realizar nossa cerimônia, pois o único jeito de afastarmos de vez um casamento meu com Luan é participando de outro com outro homem e será com o meu grande amor. Não moro tão perto daqui, então, iremos tentar chegar a vila mais próxima e enviar uma carta com urgência para o duque, pedindo que nos encontre em meu endereço futuro - a casa do visconde-  para que possa averiguar conosco qualquer brecha que a profecia possa oferecer, caso apenas casar com Maurício não seja o suficiente para que saiam de nossas vidas e tentem um rapto ou coisa similar. Me sinto exausta, minhas pernas tremem e meu estômago ronca. O céu fica um pouco arroxeado, como se estivesse mudando de cor e está, porque vai amanhecer a qualquer momento. Uma leve garoa se inicia e juntar esse fator com a hora da madrugada e com a brisa constante, me deixa com frio. Passo os braços em minha volta para me aquecer um pouco e continuo.

— Vejam! Estamos chegando. — Fala Íris ao apontar para um local ainda distante, mas visível no horizonte.

— Já está amanhecendo, chegaremos lá pela manhãzinha. — Percebo que minha voz treme um pouco, graças ao frio.

— Você está tremendo. — Constata Maurício. Ele retira o paletó e o coloca ao meu redor, aplacando, enormemente, meu estado quase congelante.

— Sim, Tara. — Íris concorda comigo. Escutamos um movimento atrás de nós, na mata, e todos nós silenciamos momentaneamente, mas como nada muda nossa paz e os primeiros raios solares aparecem e, concomitantemente, o chuvisco cessa; voltamos a nos comunicar. — E, finalmente, todo esse terror terminará.

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Hmm, sinto o cheiro de capítulo fresquinho saindo do forno...

Vou pôr aqui a mesma mensagem que coloquei no conto "mortos não contam histórias", de minha autoria, aqui na plataforma:

"Eu peço desculpas pelo sumiço, pessoal! Tá corrido demais e estou tentando arranjar tempo para escrever... Não posso prometer dias específicos, então, só peço paciência e os livros serão atualizados."

XoXo! 💋

Amando o Visconde             (TRONNOS-2)Onde histórias criam vida. Descubra agora