- Então, o que fez esses dias, Tara?- questiona Maurício e meu coração acelera, pois não quero que ele acabe descobrindo para onde irei hoje, até porque ele parece ter o poder de olhar em meus olhos e me decifrar, ir além, cavar até a alma, me conhecer mais que todos, mais que eu mesma, e isso me assusta.
Estamos sentados em uma grande toalha daquelas clássicas de piquenique, com listras vermelhas e brancas, no parque, sob a sombra de uma grande árvore. Nunca fui boa em catalogar espécies, muito menos da área da botânica, então não sei o nome dessa que nos oferece proteção do sol. Maurício trouxe um verdadeiro banquete: um típico frango natalino, embora não seja natal, arroz à grega, feijão caseiro, salada de camarão e uma jarra de suco de goiaba. Assim que vi aquilo tudo, tirei uma piada. "Para alimentar um batalhão?" ele riu daquilo e me entregou o prato. Pedimos para que Clara nos acompanhasse, mas ela ficou sem jeito "Não posso atrapalhar o encontro de vocês", mas pude ver que estava faminta e aquele almoço dava água na boca só de olhar e o cheiro era maravilhosamente bom, peguei, portanto, um dos pratos que o visconde trouxera e pedi para que ela me dissesse quais dos alimentos iria querer, depois de muito resistir, ela falou e eu entreguei. Ela resolveu não sentar conosco, porém ficou perto o suficiente para que pudesse nos observar.
Estava tudo muito bom, assim como o cheiro e aparência prometiam.
- Nada muito interessante.- é tudo que digo.
- Até o que não é interessante para você, interessa para mim. Você me interessa, das coisas mais banais às suas transcendências e, mesmo que não ache, para mim, és sempre esta última característica.- coro fortemente e uma sensação boa perpassa toda a extensão de meu corpo e me sinto quentinha, como se fosse um dia frio e eu estivesse com o melhor cobertor do planeta para me aquecer.- Agora, desenvolva o "nada interessante", por favor.
Droga! nunca fui muito boa em mentir... É uma desvantagem de não ter tido muito contato social e ter por perto alguém que parece saber tudo que se passa em sua mente.
- Hamm... Eu... é... e-eu li.- ÓTIMA DESCULPA, Tara Fernandes. Meu desespero está notório não só na voz, mas tenho certeza de que está visível e, se isso fosse possível, teria até cheiro e seria palpável.
- Você leu?- pergunta pausadamente, prolongando as sílabas e as arrastando. Ele está desconfiado e com razão, uma mentira dessas é terrível, se eu realmente tivesse apenas lido, não teria gaguejado tanto. Entretanto, sigo com a mesma desculpa, otimismo, né? Vai que (por um milagre) funciona.
- Ahaaaam.- balanço bem lentamente a cabeça afirmativamente. Bem a expressão dele não indica que fui bem sucedida.
- Tudo bem.- ele diz simplesmente.
- E você?- questiono.
- Bem, cheguei ontem à noite da cidade vizinha, estava buscando seus pertences novos e as coisas para a nova casa. Acordei cedo e resolvi vê-la, mas isso você já sabia.- ele finaliza.
- E o que eu não sei?- não sei por que falei aquilo e nem o que exatamente significa, apenas saiu de meus lábios.
- Como assim?- como explicar algo que nem você mesma entendeu. Pois é. Mais uma das idiotices ditas por Tara.
- Esqueça.- balanço a mão no ar.
- Agora estou curioso e até um pouco ansioso para respondê-la. Não se restrinja ou se preocupe em me explicar sua dúvida.- ele parece sincero.
- Tenho que me preocupar em como irei...- começo e paro imediatamente. Ele levanta a sobrancelha, seu corpo antes relaxado, pareceu tensionar um pouco.
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Amando o Visconde (TRONNOS-2)
RomanceTara é uma jovem que possui uma beleza exótica que chama atenção por onde passa, mas desconhece a aparência que tem, já que usa sempre o mesmo penteado e vestidos que não a favorecem tanto. Sua personalidade afasta os seus pretendentes porque ela é...