CONHECENDO O NOVO MUNDO

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Yori

Nath é minha criada e única amiga nessa vida, portanto, ninguém melhor do que ela para ir na "farra" comigo.
Certo, tenho que me conter e não manchar a reputação do meu querido esposo, ou o meu destino é a morte e isso não está nos meus planos tão cedo.
Nesse mundo, as mulheres são recatadas e puras, ao menos devem ser as moças de "família".
Partindo desse pressuposto, sou estupidamente virgem aqui. Que pena!
Pelo que vi da janela da carruagem, tem muitos homens lindos com os quais eu adoraria me divertir.
Mas, infelizmente, um pé fora do decoro e meu pescoço será cortado.

Céus, estou quase tendo que limpar a baba aqui, mas não dá pra ficar muito frustrada sobre isso; fiz muito sexo na vida passada, dá pra compensar não fazer nessa vida.
Arranjarei outras formas de me divertir, então.
Meu sorriso vai de orelha a orelha quando vejo uma joalheria e uma loja de roupas lado a lado.

— Vamos Nath, preciso de tudo novo...

Vejo ela apertar as mãos no vestido em claro desconforto.

— O que foi?

— Senhora, só temos alguns taéis de bronze, mal dá para abastecer a mansão com comida...

— Hum... sério? — Ponho a mão no queixo um tanto desapontada. — Que príncipe mesquinho!

— Eu sinto muito...

— Ah, Nath, aqui tem alguma casa de jogos?

— Sim! Na rua de baixo! Mas o que está pensando senhora? Mulheres não podem entrar lá, ainda mais a consorte do príncipe.

— Fique calma! Eu tenho uma ideia! Aposto que esse dinheiro dá pra comprar dois trajes masculinos e sobra um pouco, certo?

— Sim!

— Então, vamos lá...

Sorrio com minha ideia. Não será difícil se disfarçar aqui. A maioria dos homens tem cabelos longos, só precisamos usar os trajes masculinos e prender nossos cabelos como eles fazem, e claro, mudar nossa postura.
Após termos feito isso, descemos rua abaixo.

— Estou me sentindo estranha...

— Nath, você só precisa se comportar como meu criado. Fique o tempo todo em silêncio e deixe que faço o resto, sim?

— Perfeitamente, minha Lady!

A casa de jogos está lotada e mal nos dão atenção. Melhor assim, gosto de ser discreta.
Observo as mesas de jogos uma a uma, preciso ter certeza de que meus sentidos são bem aguçados aqui também e obviamente estou no pário.
Dados, são a minha escolha. Melhor não arriscar muito.

— Criado, ponha os taéis na mesa! — Aponto dando uma piscadela pra Nath.

— O senhor vai apostar essa quantia toda na próxima jogada?

O senhor que está manuseando os dados me pergunta.

— Sim!

Os que estão ao redor põe suas quantias também.
Hum, mal posso esperar pra limpar esses granfinos.
Meia hora depois, eu havia quebrado essa banca e agora estava com taéis suficientes para comprar tudo que eu queria e ainda ia sobrar.
Melhor não arriscar mais nada.
Ponho tudo numa bolsa de couro e saimos dali o mais rápido possível.

— Senhora, onde aprendeu a fazer aquilo?

— Foi pura sorte, Nath! Agora vamos gastar...

Compramos muitos vestidos, cosméticos, jóias e mantimentos.
Não pude deixar de comprar roupas novas também para minha parceira, as dela estão muito gastas.
A vantagem de ser princesa, é que tenho uma mansão só para mim, apesar que essa aqui está meio caidinha.
Devem ter feito de propósito ao me colocar aqui, afinal sou a filha menos favorecida do poderoso general Leônidas, o destemido.
Que título idiota.
Quase dou gargalhadas ao pensar nessa baboseira toda.

O que ele pensaria se descobrisse que o corpo de sua filha bastarda e apática, foi possuído por uma assassina cruel e sem escrúpulos?
Oh, melhor nem pensar nisso. Iam me chamar de louca ou sei lá o quê.

— Nath, temos que dá um jeito nesse lugar!

Digo olhando em volta do espaço da mansão. O problema é que seria muito trabalho só para nós duas.

— Por onde começamos?

— Que tal contratar alguns empregados de confiança?

Agora me ocorreu uma lista de nomes de pessoas que eu conhecia e sabia que possuíam boa reputação.
Entreguei a lista à minha escudeira fiel e comecei organizando meu quarto.
Céus, que príncipe miserável!
Como pôde me mandar pra um lugar em ruínas?
Arrumei minhas roupas no armário e dispus os cosméticos na penteadeira e as jóias foram para uma caixinha própria para isso.
Resolvi trocar o tecido do dossel por algo mais claro e moderno.
Esse azul royal com traços dourados me dava nos nervos.

O banheiro aqui não era algo com o qual eu tivesse acostumada, mais parecia uma sala de banho; era uma coisa enorme com uma banheira parecendo madeira. Ok! Nada de chuveiro com água quentinha saindo da hora. Hora de improvisar.

— Senhora, quer que prepare seu banho?

— Sim, Nath! Por favor! E os empregados?

— Já começaram o trabalho, logo esse lugar estará totalmente diferente.

— Maravilha! Então prepare meu banho de  beleza, estou precisando de um à tempos...minha pele está muito ressecada e os cremes que comprei são perfeitos...

— Ah, minha senhora, fico tão feliz de ver você assim tão bem disposta. A senhora está diferente...

— Espero que não de um modo ruim...

—Não, não!

— Confie em mim, não vou deixar ninguém mais nos intimidar.

Nath tem agora um sorriso genuíno nos lábios, um sorriso de aprovação. Deve ser bom para ela ver que não sou mais um capacho.
Pobre daquele que tentar me atrapalhar.
Esse mundo é perfeito para mim, é "olho por olho e dente por dente".
Bom, mas agora, vamos pro meu banho.
Minha serva é a melhor.
Nunca imaginei que gostaria de alguém me ajudando a tomar banho.
É incrível o que uma rotina de beleza faz com uma mulher.

— Sinto-me revigorada, Nath! Como estou?!

— Tão linda que fico até emocionada, minha senhora!

— Sua boba!— digo fazendo um cafuné nela — Vamos comer, que tal?

— O que minha senhora tem em mente?

— Sopa de gengibre, torradas e um bom licor... Parece bom? Está um friozinho gostoso!

— Excelente!

O entusiasmo da minha dama é contagiante.

Depois do jantar me permiti dormir o sono dos justos, no meu caso, nem tão justo assim.
O problema é o que o dia mal amanheceu e eu já tinha problemas para lidar, porque pelo barulho que estavam fazendo lá fora, talvez, os demônios tivessem escapado do inferno.

Maldição!
Odeio acordar cedo e quem quer que tenha vindo me provocar uma hora dessas, vai pagar, e caro!

Uma Assassina Em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora