DESCONFIANÇA

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Príncipe Aaheru Runihura

Depois do encontro inusitado com minha princesa, tenho estado um tanto ansioso para estar em sua presença. Ela é bem diferente do que as mulheres costumam ser e totalmente oposta aos rumores.
Não sou estúpido, sei perfeitamente que era ela naquela noite, só não está claro qual era sua intenção.
Mas eu descobriria.

Outra coisa que ficou bem claro pra mim foi o desprezo que a própria família tem por ela. Eu sempre soube que existe isso entre os nobres, mas daí a armar contra minha princesa escolhida de forma tão vil, é algo que realmente merece minha atenção, mas por enquanto vou apenas observar.
Yori já me mostrou que não é uma mulher comum e pretendo observá-la mais de perto e já tenho um plano perfeito em mente.

Com tudo preparado, só me resta esperar num ponto estratégico na minha montanha particular; pedi que a trouxessem aqui e mais que isso, armei para que fosse emboscada a caminho.
Meus guerreiros não a machucarão, mas estou certo que lhe darão um grande susto.
Observo à certa distância o desenrolar das coisas.
A carruagem é barrada e ela desce sozinha, obrigando a serva a ficar lá dentro.
A expressão em seu rosto é um misto de prazer e fúria.

Por que ela tentou se passar por uma mulher frágil e inútil?
Porque o que estou presenciando aqui se difere totalmente disso; meus guerreiros estão levando uma surra e ela está batendo com um prazer assassino. Não é apenas defesa, vejo o prazer que ela sente em massacrá-los.
Um deles lança mão de pó envenenado e joga no rosto dela, o que só atiça sua fúria.
Esse imbecil me pagará por isso, não o ordenei que agisse de forma tão vil.
Esse veneno é imprevisível.

— Está satisfeito com o que está vendo? — ela grita olhando na minha direção como se estivesse me vendo, o que é impossível. — Saia, eu sei que está aí, alteza!

— Como soube? — pergunto saindo do esconderijo absolutamente confuso e curioso.

— Seu cheiro almiscarado tem uma nota única, é bem discreta, mas meu olfato é muito apurado para deixar passar despercebido. — Ela explica chutando o guerreiro aos seus pés.

— Mestre, nos salve! Essa mulher é um monstro! — Ele choraminga.

— Um monstro? Vocês vieram aqui me intimidar e eu que sou malvada?

— Nos perdoe, não faremos mais isso no futuro.

— Que saco! Dá pra ter um pouco de dignidade? Assim não tem graça bater em vocês. — esbraveja — Arrastem seus traseiros daqui, não quero vê-los mais ou vou batê-los até moer seus ossos.

Vejo meus guerreiros se arrastarem para longe como pragas fugindo do seu predador natural.

— E quanto a você, só não vou te espancar porque você é o príncipe. Como se atreve a mandar esses homens intimidar uma garota? Minha serva ficou apavorada. Coitadinha, até desmaiou de medo.

— Acho que ela desmaiou com medo de você! — dou-lhe uma leve alfinetada.

— Bobagem! Sou um doce de pessoa! — ela diz enquanto se abana com o leque — Era pra estar tão quente aqui? Está praticamente nevando!

— Sinto muito por isso, meu guarda terminou indo longe demais ao lançar aquele pó afrodisíaco em você.

— O QUÊ? VOCÊ ME DROGOU FILHO DE UMA CADELA? — Ela brada agarrando minha camisa.

— Só não vou levar em conta suas palavras por que o veneno está afetando seus sentidos.

— Eu vou matar você!

Ela diz e me ataca furiosamente; não cri que ela seria capaz, porém cá estavamos.
Seus golpes eram precisos e direcionados aos meus pontos vitais.
Onde ela aprendeu essa arte marcial milenar? Apenas o mestre das montanhas do norte conhecia e ele não aceitava ser tutor de qualquer pessoa.
Tive que provar meu valor para que fosse aceito em sua academia.
Ela é mais misteriosa do que imaginei.

Percebendo que não conseguiria me vencer com esses truques, minha furiosa esposa lança mão de um novo golpe e se joga contra meu corpo.
O resultado foi pouco agradável, já que me desequilibrei e rolamos despenhadeiro abaixo.
Fomos parar à beira de uma fonte termal.
Meu corpo absorveu maior parte do impacto durante a queda e pelo que avaliei, salvo alguns arranhões, estamos bem.

— Seu bastardo, vou matar você! — Vejo-a engatinhar, apanhar água e jogar no rosto. — Merda! Meu corpo está queimando!

A cena que vejo agora me deixa paralisado.
Yori parece esquecer que estou ali e arranca as vestes do corpo e se joga na água; um segundo depois emerge e vejo o rubor em suas faces.
Vou matar o bastardo que jogou esse veneno nela. Posso imaginar o quanto ela está sofrendo, pois já passei por isso.
Realmente devo me apressar e tirá-la daqui; tenho que lhe dá o antídoto.

— Aaheru?

Meu coração pula uma batida ao ouvir meu nome sendo proferido por ela. Nunca me senti assim por mulher nenhuma.
Parece a visão de uma fada vê-la ajoelhada na grama e os raios da lua banhando seu corpo.

— Venha! Deixe-me te ajudar com as vestes...

Ao tentar puxá-la para cima, ela me agarra e derruba no chão.

— Você fez isso comigo, agora vai ter que me ajudar!

Eu não esperava que ela se sentasse escarranchada sobre meu corpo e me beijasse, enquanto tentava me despir.

— Pare! Você não sabe o que está fazendo! — digo agarrando seus pulsos e afastando suas mãos do meu corpo.

— Essa é a minha segunda vida, acha que não sei de nada? — ela diz mordiscando minha orelha e a sensação envia uma onda de calor bem pro meio das minhas pernas.

Droga! O veneno está afetando a mente dela.
Yori não para; desce a língua por meu pescoço, ao mesmo tempo que empurra seu corpo contra o meu numa dança suave e erótica, que está me deixando enlouquecido de desejo.
Já não consigo mais me conter; solto suas mãos e agarro seu corpo.
Minha boca vai na sua e ela aprofunda nosso beijo; nossas línguas brigam pelo domínio.

As pequenas mãos feminina são rápidas em me deixar nú.
Observo o modo como ela encara minhas cicatrizes de batalha.
Não é um olhar de nojo, como a maioria das mulheres fariam; é um olhar de admiração e respeito.

— Elas são lindas! — ela afirma beijando uma que desce por meu ombro na direção do coração.

Não me sinto mal com seu toque; nunca tive tanto orgulho das minhas cicatrizes como estou tendo agora.
Capturo seus lábios macios em mais um beijo intenso e quente, para em seguida provar seus seios delicados.
Yori emite um grunhindo baixinho enquanto crava as unhas em minhas costas.

— Ahhhhh...

Uma Assassina Em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora