NADA É O QUE PARECE

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Aaheru Runihura

— PARE, Yori! Isso não é engraçado! — maldita bastarda que não para de rir, enquanto avalia e brinca com minhas saias. — Não me faça querer bater em você! — ameaço.

— Apenas tente, florzinha! — ela sussurra em meu ouvido pressionando seu corpo gigantesco no meu. — Vamos para seu quarto, hoje a noite é uma criança! — a desaforada diz com um sorriso pervertido no rosto.

Dou alguns passos para trás e ela arqueia uma sobrancelha e percebo seu olhar malicioso sobre meu novo corpo.

— Corre que vai ficar bem mais divertido te perseguir, PRINCESA! Você fica tão fofo quando está coradinha.

É sério! Estou com vontade de socar a cara dele, ou dela. Estamos nessa situação deprimente e ela se atreve a brincar comigo assim? Agora estou com vontade de pular no rio.
Estou parecendo um tampinha de saias e ela se divertindo. Duvido que estivesse fazendo isso se fosse o contrário.
A questão é que ela não parece está brincando e vem na minha direção me fazendo andar para trás, como um rato fugindo de um gato raivoso.

— O que pensa que está fazendo? — Tento me desvencilhar quando ela me agarra pela cintura.

— Vamos lá, não seja tímida, querida! Você vai adorar tudo que vou fazer com seu novo corpo. — ela sussurra em meu ouvido com sua voz máscula incrivelmente aveludada.

— Nem morto! — Recuso e tento me afastar mais ainda, porém ela me agarra e joga no colo como se fosse só um vaso a ser mudado de lugar. — Para onde está me levando? Solte-me! — Brigo, mas não adiantou nada me debater.

Acabo sendo levado para os meus aposentos e assim que ela me joga na cama, salto para o outro lado na velocidade da luz e tomo certa distância.
Ela apenas me olha e se senta na beirada da cama calmamente.

— Venha aqui, Aaheru! — ela me chama com semblante sério — Senta comigo! — Pede.

Embora relutante, retorno e me sento ao lado dela com o receio de uma donzela em perigo. Ela não está com cara de quem vai brincar nesse momento. Isso é tão frustrante, não foi assim que imaginei reencontrá-la.

— Desculpe, isso é muito desconfortável para mim! — admito um tanto sem graça, enquanto torço uma das saias do vestido entre os dedos.

— Tudo bem, querido! Me dê sua mão! — ela pede estendendo a sua para mim.

Faço o que ela me pede e a sensação de toca-la é reconfortante. Imaginei enfrentar muitos inimigos, menos isso. Queria poder não me lembrar de quem sou, ou fui. Talvez fosse bem mais fácil enfrentar essas dificuldades. Realmente estou parecendo uma "menininha" com tantos questionamentos infames, enquanto a Yori parece tão à vontade.

— Aaheru, entendo que você está perdido nessa nova vida, eu mesma fiquei da outra vez...

— Outra vez? Como assim? — pergunto surpreso.

— Essa já é a terceira vida de que me lembro. Não estranhou sua esposa ter mudado tanto? Eu era uma assassina de elite na primeira vida de que me lembro e então fui assassinada e sugada para o mundo no qual te conheci, mas isso não é tudo, — ela faz uma pausa e acaricia minha mão — Você estava lá na minha primeira vida e foi assassinado comigo. — Essa última frase me deixa estático.

Sei que ela não está inventando nada disso, porém é muito estranho tudo que está acontecendo. Por que com a gente? Por que estamos renascendo? Eu não deveria lembrar da primeira vida que ela mencionou? Não entendo qual a finalidade de tudo isso. Parece uma brincadeira de mau gosto.  É como se alguém tivesse decidido fazer um jogo com nossas vidas.
Preciso descobrir o que está provocando esse colapso em nossa existência.

Nessa vida, tenho acesso a conhecimentos e informações que não havia na vida anterior e pelas memórias desse corpo, sei que há um livro sagrado que fala sobre a linha do destino das vidas de  um indivíduo; preciso pôr as mãos nele o mais rápido possível. Talvez encontre respostas lá. Porque nada disso me parece algo natural.
Não é como se a vida tivesse seguindo seu fluxo natural.
Está decidido, amanhã cedo irei ao templo ver o "livro do destino".

— Yori, odeio ser mulher! Sabe, chorei na noite passada...nunca chorei na minha vida anterior e agora parece que minhas lágrimas ficaram rasas. — Acabo confessando.

— Ah, querido! — ela suspira em sua nova voz de trovão — Essa é uma das "delícias" de ser mulher e é porque você ainda nem chegou na TPM ou menstruação! Você vai desejar morrer! — ela dá uma gargalhada e subitamente me puxa pro seu colo — Mas posso te dá algo bem divertido essa noite. — sussurra.

Não entendo a razão, mas sinto minhas bochechas queimarem. Maldito corpo!
E essa pervertida em pele de homem acaba puxando meu rosto e me beija.
Que sensação é essa?
O modo como minha boca é invadida e ela se aferra à minha cintura com suas mãos grandes envia uma onda de calor bem pro meio das minhas pernas.
Então é assim que as mulheres sentem prazer?

De repente, ela me deita e se põe sobre o meu corpo, o que me deixa bem nervoso.
Isso não pode ser certo. Não, não está certo.
Porém, é uma sensação boa e irresistível.
É algo totalmente diferente do prazer de um homem. Não consigo explicar.
Óbvio que não vou deixar ela seguir adiante. Não vou permitir que um pênis me invada, mesmo que seja a Yori aí dentro, mesmo que eu seja uma mulher aqui fora, ainda assim é muito bizarro.

— Ei, pare! Não estou confortável com isso...

— Não está? Seu corpo está me dizendo totalmente o contrário. — ela fala mordiscando minha orelha e descendo na direção do meu ombro — Já fui mulher e sei como te proporcionar o melhor prazer da sua vida! Não resista, aproveita que posso te dá vários orgasmos, seu bobo! Me deixe ver o que está escondendo sob tantas roupas delicadas. — diz puxando o laço que  que prende os tecidos ao meu corpo.

É claro que desejei estar com ela, não desta forma. Eu que queria estar dentro dela e não o contrário.
Eu estava pronto a recusa-la, mas simplesmente não conseguia me desvencilhar à medida que ela explorava minhas partes mais sensíveis.
É tanto prazer junto que estou me tornando irracional.
As mulheres são realmente agraciadas nesse sentido.

Uma Assassina Em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora