O CAMINHO DE VOLTA

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YORI

— Sacerdote, tem pistas de onde podemos encontrar o artefato? — Aaheru pergunta.

— Tem algo a ver com suas mortes! Isso é tudo que posso dizer. — responde friamente.

— Eu agradeço! — diz fazendo uma breve deferência.

Observo o homem se afastar de nós rápido e rápido demais para uma pessoa idosa.
Depois disso, meu olhar se volta para o chão. Estou um pouco apreensiva quanto a reação do príncipe comigo, por eu ter nos colocado nessa merda. Francamente nunca imaginei que uma simples pedra pudesse causar toda essa bagunça. E por que, de repente, preciso de sua aprovação? Eu deveria me comportar como a assassina top de elite que sou, ou fui.
Já nem sei mais o que me tornei e isso é tão frustrante.

— Está tudo bem, Yori! Você não tinha como saber...— suas palavras me reconfortaram como se lesse meus pensamentos, enquanto suas pequenas mãos fazem um carinho no meu rosto.

— Obrigada! — digo sinceramente. Ele não tem ideia do quanto isso é importante pra mim. — O que faremos? — É a pergunta que não quer calar, porque, francamente, não quero viver o resto dos meus dias no corpo de um homem.

— Primeiro vamos para a hospedagem, depois veremos isso.

Não entendo como ele pode estar tão calmo agora, se há alguns dias estava surtando. O que ele estará pensando?
Tivemos um longo período de silêncio, até nos agasalharmos para dormir.

— Yori, tem alguma coisa estranha naquele sacerdote... — ele fala repentinamente alisando o queixo como se tivesse alguma barba ali.

— Ahh, você também percebeu? Algo nessa estória não me cheira bem... o que tem em mente?

— Como foi sua primeira morte?

Não é uma pergunta fora do comum, embora tenha me pegado de surpresa.
Não há absolutamente nada vergonhoso para esconder, afinal era ele lá, mesmo que não se lembre de nada.
Narro a estória completa, com riqueza de detalhes, imaginando que ele não me perguntou isso atoa.
É engraçado vê-lo franzir o cenho feminino ao ouvir o que tenho para dizer. É claro que certas coisas falei só para provocá-lo, não tinha lá tanta necessidade de ser dito.
Tipo eu brincando de cavalinho...

— Eu era melhor na cama naquela vida? — ele me pergunta arqueando uma sobrancelha.

— Você é melhor nessa vida, com essas saias ...— falo e começo a rir.

— Sua bastarda! — ele resmunga enquanto se aninha nos meus braços.

— Você não reclamou quando eu estava dentro de você te fazendo ver galáxias inteiras, não só estrelas... Por falar nisso, já estou ficando duro só de lembrar... — provoco.

— Pare de falar nisso ou você vai dormir no chão! — ameaça dando um tapa no meu ombro.

Rio ainda mais. Quem diria que estaríamos tão entrosados depois de tudo. Nunca foi a minha meta de vida ter um relacionamento sério ou duradouro, até porque na minha "profissão" não se tem direito a coisas boas assim, principalmente família. Mas com ele foi tão natural. Não tem como não amar esse homem. Bom, mulher agora...
É, realmente, precisamos resolver essa merda o quanto antes.

— Você disse que foi morta num hotel nas montanhas? — ele me pergunta alguns minutos depois, quase me fazendo pular da cama. Eu tinha começado a cochilar.

— Sim! O que tem demais nisso?

— Morremos numa montanha na vida passada! — fala calmamente parecendo fazer uma reflexão sobre suas próprias palavras — É isso, a jade é o ponto de partida para nossas mortes e a montanha é o lugar...

Uma Assassina Em Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora