Escrito nas Paredes

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Inocente menino eu fui ao confiar,

Embora o teu papel fosse convincente

Sob o tempo investido para nos delongar,

E a personagem de um fiel crente

Foi merecedora de um galardão;


Satã reveste-se de anjo de luz para enganar

E fui uma vítima por uma longa duração,

Por mais que eu não goste de me equiparar;

Por fim, não partilhamos da mesma comunhão;


Sou, portanto, a substância que te pereces,

Um templo constituído por sangue e influição;

Após localizar as letras do escrito nas paredes,

Minha indenidade e inocência em decomposição,

Segreguei-me da virtude e de suas alvas redes

E entreguei-me à perversidade e à deturpação;


Sentei-me à mesa, compartilhei da mesma ceia,

Bebi o vinho do cálice de sangue como um irmão;

Com os olhos fechados, minh' alma anseia

Por vingança e relembra quando me ajoelhei em adoração;

Tu ajoelharás clamando por tua vida alheia,

Porém a espada de dois gumes cortará o teu pútrido coração;


Tu és a entidade que se alimenta da mocidade,

És o dissimulado demônio da corrupção;

Assola minha mente e minha carne com indignidade,

Roubou a alma de uma criança para própria unção;

Fechou ad aeternum a janela dourada do ocidente

E agora morro nesta masmorra de escuridão.

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