Capítulo 6

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Por volta das seis da manhã o meu turno da noite havia terminado. Passei a noite dançando e divertindo os homens, ao contrário dos outros dias que passo noites os satisfazendo.

Naquele horário algumas lojas estavam abertas na cidade e como teria o dia livre decido fazer as compras. Não havia cumprido com o que prometi aos meus irmãos, eu disse a eles que chegaria mais cedo, mas não cumpri, e penso que talvez algum brinquedo os faça me perdoar.

Empurro a porta a minha frente e o sino denúncia a minha entrada. Meus olhos encontram a mulher por detrás do balcão e alguns clientes dentro da loja.

"Deseja alguma coisa senhorita?." a mulher por detrás do balcão caminha até mim com um sorriso entre os lábios.

"Sim, gostaria de escolher alguns brinquedos." digo e sorrio.

"Quantos anos tem a sua filha?." ela questiona com simpatia.

"Na verdade são para os meu irmãos, eles têm apenas nove anos e são gêmeos." digo.

"Bem, talvez lhes agrade uma bola de futebol." ela diz enquanto me guia ao sector dos brinquedos masculinos. O Pedro adora futebol talvez uma bola o agrade, embora eu tenha o proibido de jogar como castigo decido levar uma bola na mesma.

Não sei de fato do que o Miguel gosta ele passa a maior parte do seu tempo estudando, por isto estou em dúvida sobre o que devo comprar.

Penso que talvez algum brinquedo que envolva ciências possa o agradar. Ou talvez algum brinquedo do homem no espaço.

Após pegar os brinquedos necessários a mulher os embrulha. Agradeço a mesma simpaticamente e me retiro da loja.

Chamo por um táxi depois de escolher algumas roupas para mim, também compro algumas para os meus irmãos, já estava na hora de atualizar o guarda roupa de ambos, assim como o meu.

Havia sobrado algum dinheiro para comprar comida e foi com isto que o mesmo terminou.

Caminho com dificuldades em direção às escadas devido as sacolas que tenho em mãos, e mesmo antes de encontrar a porta do apartamento me deparo com a multidão e fumaça. Os meus olhos encontram o caminhão de bombeiros, apreensiva largo as sacolas e corro desisperada em direção a multidão.

Procuro freneticamente pelos meus irmãos, e ao que tudo indica houve um incêndio.

"Os meus irmãos." digo em tentativas de passar pela porta do apartamento.

"Fique calma senhorita já estamos nos encarregando disto." disse um dos bombeiros, me segurando pela cintura, impedindo a minha passagem.

"Por favor me deixem passar, os meus irmãos...eles estão lá dentro eu..."

"Dayane.." a voz baixa me interrompe e rapidamente olho para trás. Os meus olhos os encontram em direção a ambulância e ambos estão cobertos por um cobertor, e os seus rostos mostram os rastros de fumaça.

"Miguel..." neste instante me sinto aliviada e rapidamente corro em direção a eles." O que aconteceu? vocês estão bem?." questiono entre lágrimas, e me agacho até a altura de ambos, acariciando seus rostos.

"Nos desculpe dayane nós estávamos com fome e tentamos..."

"Vocês tentaram preparar o café?."

"Sim, mas não sabíamos como usar o fogão e deixamos o gás ligado."

"Está tudo bem, vocês não tem culpa, eu não devia tê-los deixado sozinhos, são menores de idade." soluço.

"Senhorita Dayane?." ouço a voz masculina mesmo ao meu lado, e não desconheço está voz.

"Inspector." me indireto e enxugo as lágrimas.

"A senhorita foi uma irresponsavel, não devia ter deixado os seus irmãos menores de idade sozinhos. Por sorte a senhora Laura estava atenta e chamou por ajuda, se não fosse pelos vizinhos não apenas a casa desapareceria como também os seus irmãos." o inspetor cospe as palavras sem ao menos me dar a chance de protestar.

"Eu sei, e lhe garanto que isto não voltará a acontecer." digo.

"Sim, isto não voltará a acontecer, eu pessoalmente irei me encarregar disto. Eles estarão mais seguros em um orfanato."

"Não senhor por favor, eu cometi um erro e..."

"Um erro que não voltará a se repetir disto eu lhe garanto."

"Por favor não os tire de mim eu..."

"Nós não queremos ir para o orfanato." meus irmãos dizem em uníssono, e entre lágrimas.

"Não se preocupem eu não vou permitir que nos separem." digo para acalma-lòs.

"Isto não é uma decisão que a senhorita terá de tomar." o inspector diz e suspira." Não tarda e viram busca-lòs." ele adiciona e me dá as costas prestes a se retirar.

"Dayane..." disse o miguel entre lágrimas.

"Senhor por favor espere." digo e caminho a passos largos a sua trás." Me dê uma segunda chance eu juro que isto não voltará a acontecer os meus irmãos eles..."

"Não é a primeira vez que me diz isto, para começar a senhorita não tem um trabalho digno." ele diz com repugnância.

"Não me envergonho do que faço, por que faço pelos meus irmãos, e em momento algum o fiz na presença deles."

"Pelo trabalho que tem não tem tempo para cuidar dos seus irmãos, a senhorita passa a maior parte do seu tempo nas ruas deixando assim os seus irmãos de lado."

"Eu posso contratar uma babá alguém que possa..."

"Não. A decisão já está tomada, se não se importa tenho mais que fazer. Não acredito que possa ter um bom dia depois de tudo que aconteceu, no entanto passe bem."

"Senhor..." digo e me sinto incapaz de convence-lo. Dòu-me por vencida e cabisbaixa me viro para direção dos meus dois irmãos. Agora tudo está perdido, como direi a eles que perdi a guarda para cuida-lòs?. eu quebraria a promessa que fiz aos meus pais, eu os prometi que cuidaria deles, mas não consegui cumprir. No final tudo que fiz foi envão. Se sou o que sou hoje é pelos meus irmãos.

"Lhe dou uma semana para largar o seu trabalho atual e procurar por um emprego digno. Se dentro da semana que lhe dei a sua vida não mudar, não me dará outra alternativa a não ser lhe tirar os seus irmãos." o homem que acreditei ter se ido embora diz e quando me viro para olha-lo ele caminha a passos largos para longe do local, sem dar-me a chance de protestar.
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A vigarista e o criminosoOnde histórias criam vida. Descubra agora