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Sam acorda às 6 da manhã. Se move em sua cama e sente outro corpo, se vira e olha Bucky dormindo ao seu lado.

Ele se assusta de primeira. Nenhum deles beberam na noite anterior e Sam também não lembra de ter chamado Bucky para dormir com ele. Ele se lembra que nada aconteceu.

Bucky rastejou do seu quarto até o quarto Sam durante a madrugada. Ele colocou seu braço sobre Sam, mas sem acordá-lo. Bucky não esperava nada, apenas queria ficar perto de Sam por mais tempo.

Sam vai até o banheiro tomar um banho e escovar os dentes, depois desce para a cozinha. Enquanto despeja leite em uma tigela com cereal, pensa em como Bucky se sentiu autorizado a dormir no mesmo quarto que ele, mas por algum motivo Sam se sentiu bem com isso.

Há tempos que ele não sentia a presença de outra pessoa assim tão íntimo e lembrar dessa sensação o deixou inexplicavelmente feliz. E estranhamente, Sam não pensou em Steve, pela primeira vez em muito tempo não sentiu sua falta mais do que qualquer coisa no mundo. Mas no fundo, ele se sente culpado por isso.

Bucky aparece na cozinha ainda sonolento, com o cabelo bagunçado e roupa leve de dormir. Caminha lentamente para ilha onde Sam está e se senta deitando a cabeça para fechar os olhos mais uma vez.

- Bom dia - Bucky fala com a cabeça baixa.

- Bom dia - Sam responde.

Ele se levanta e vai até os armários para levar uma tigela para Bucky também.

- Obrigado- Bucky pega - isso é tão doméstico.

Ele ri baixinho e fica vermelho. Sam não diz nada e se senta novamente.

- A propósito - Bucky continua - você não se importou de eu ter ido dormir no seu quarto, não é? A gente nunca tinha feito isso antes e eu tinha que ter pedido, então se você não achou legal, eu-

Sam o interrompe.

- Tudo bem, Bucky.

Bucky fica aliviado e volta a respirar.

- Eu tive um sonho estranho e ferrou minha cabeça. Não consegui dormir até ir para o seu quarto.

- Que sonho? Quer saber, não se lembre dele. Agora já acabou. Se você continuar tendo pesadelos, pode dormir no meu quarto quando quiser.

Quase hesitou em falar isso, mas decidiu falar. Ele sabe que é isso que Bucky quer ouvir.

Bucky mentiu sobre o pesadelo, mas não se arrepende. Ele realmente só queria a liberdade para fazer isso sempre que quiser, e com sempre ele quer que seja todos os dias. Bucky queria acelerar as coisas, mas ele sabe que Sam não conseguiria, então ele vai dar o tempo necessário. Tudo seria mais simples se Sam se permitisse amar livremente, sem se sentir culpado ou responsável pela memória de Steve. Desejar isso faz Bucky sentir que ele está sendo egoísta, talvez isso seja tudo o que ele é. Isso é mais complicado do que apenas ele querendo o namorado do irmão.

——————
Sam sai para o hospital e Bucky fica em casa até a tarde esperando o horário do restaurante abrir.

Tudo parece estar indo bem. Bucky finalmente parece ter tomado um rumo na vida e sendo estável pela primeira vez na vida. E parte disso ele deve a Sam, por fazer coisas e tomar decisões apenas para agradá-lo até fazer por vontade própria.

- Ei Bucky! - Yelena chama pela terceira vez.

Bucky balança a cabeça e olhar para a loira que está parada na entrada da cozinha.

- Você tem cinco pedidos na fila e tá demorando!

- Desculpa, só um pouco distraído hoje - ele volta a montar os pratos.

Yelena se aproxima de Bucky.

- O que está acontecendo?

- Nada - Bucky ainda se concentra na comida.

- Pode me contar, Bucky.

Bucky respira e olha para a garota.

- Acho que estou apresando as coisas com uma pessoa. Só o medo normal de ferrar as coisas - não dá muita importância para a conversa.

Yelena se surpreende em ouvir de Bucky que ele tem uma pessoa.

- É bobagem, é óbvio que em algum momento tudo vai dar errado pra mim.

- Por que você acha isso?

- Porque é assim que funciona comigo. A maioria das vezes parece que é minha culpa, mas o errado sempre me persegue e dessa vez eu não estou com medo de machucar outra pessoa como sempre acontece e sim de me machucar. Tá parecendo mais provável...

- Você pode mudar isso. Nem sempre o errado é tão ruim assim - a loira deixa algo subentendido no ar e caminha para a porta.

- Esse foi o pior conselho que eu já recebi - Bucky fala sorrindo.

- Só estou dizendo que você pode está focado em alguma coisa fadada a dar errado e não presta atenção na possibilidade mais fácil...

Ela deixa Bucky sozinho, mas ele não consegue entender muito bem o ponto que a garota quis mostrar, então decide parar de pensar nisso e volta a pensar na noite anterior que dormiu pela primeira vez ao lado de Sam.

Voltando para casa, Bucky encontra Sam paralisado no meio da sala atendendo a uma ligação telefônica. Ele está ouvindo a outra pessoa falar. Sam não tem expressão e parece estarrecido.

Bucky fica preocupado e curioso, joga sua mochila no chão perto da porta e anda para mais perto dele para tentar ouvir um pouco da ligação, mas não consegue. Então ele espera Sam desligar para que ele mesmo fale o que está acontecendo.

- Certo, obrigado por avisar.

Sam desliga o telefone e não diz nada. Bucky fica esperando ele dizer alguma coisa, mas ele só vai para a cozinha tomar um copo com água. Bucky acompanha.

- Tá tudo bem? - pergunta para ele, mas não consegue resposta alguma.

Sam se senta na ilha e fica com um olhar perdido encarando lugar nenhum.

- O que foi? Algum paciente seu morreu, Sam? O que houve? - Bucky tenta adivinhar.

Sam olha para Bucky e finalmente fala.

- Ele tá vivo.

- Ele quem?

- O steve. Ele está vivo, Bucky.

Sam não sabe ter reação, não sabe se chora ou se grita, ele só sabe que está feliz e aquele calor interno voltou a queimar dentro dele novamente.

Por outro lado Bucky não perde tempo antes de dar um sorriso. Afinal seu irmão não morreu e Steve é provavelmente a pessoa que ele mais ama no mundo todo. Ele não pode pensar em mais nada agora, ele não quer pensar. No fundo ele sabe que vai ser doloroso.

O namorado do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora