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Sam anda pelos corredores do hospital tranquilamente até ouvir uma voz chamando por ele.

- Sam!

Ele se vira e vê Bucky correndo em sua direção. Estranhamente contente. Considerando que eles não tiveram uma conversa muito legal naquela noite, mas Bucky costuma ser imprevisível como Sam já sabe bem.

- Bucky?

- Ei. Eu estava com um tempo então passei aqui almoçar com você - Bucky respira tomando fôlego e coloca as mãos na cintura.

- Agora?

- É uma hora da tarde. Que horas você almoça? - Bucky pergunta sorrindo.

Sam não encontra um jeito legal de dispensar Bucky.

- Eu estou ocupado.

- Até o super homem descansava - Bucky tira o sorriso do rosto - qual o problema?

- Nenhum Bucky, só não posso parar agora.

- E quando você foi ao meu trabalho eu tive que parar, não foi?

Sam olha para outra direção respirando fundo.

- Olha quem tá se afastando agora - Bucky olha diretamente para ele.

- Bucky, eu errei em procurar você no outro dia. Você estava certo, nós temos que nos afastar - Sam fala de uma vez - eu sinto muito.

Bucky encara Sam com raiva.

- Você é pior que garotas - diz se aproximando dele com a intenção de intimidar - você foi atrás de mim como quem precisava realmente e me fez acreditar nisso, agora você mudou de ideia? Seu mentiroso.

Bucky empurra o ombro de Sam para trás com os dedos, Sam revira os olhos.

- O que você vai fazer? Me bater no meu trabalho?

- Você bem que merece.

- Escuta, o Steve não merece isso.

- E eu mereço? Droga! - Bucky fica irritado - a minha vida toda eu pensei em deixar o Steve bem e confortável, enquanto todo mundo também tentava fazer a mesma coisa. Eu me deixei de lado e não me importei em não ser a porra do melhor em tudo e favorito de todos. Mas olha só - ele ri ironicamente - encontrei alguém tão péssimo quanto eu. Você!

Bucky aponta o dedo para Sam.

- Eu? Do que você tá falando?

- Você é uma pessoa horrível. Está me forçando a trair meu irmão.

- Você é louco - balança a cabeça não acreditando no que está ouvindo.

Bucky chega mais perto de Sam.

- Eu sou horrível porque por você eu estou disposto a trair meu irmão. Só não desista de mim igual todo mundo faz.

Bucky é tão convincente e por um momento Sam sente pena dele, mas tudo é um jogo.

- Você tá tentando me manipular com esse papinho, Bucky. Dá um tempo. Tudo pra você é um jogo.

- Olha pra mim! Eu estava bem, eu estava melhorando e por um instante eu pude alcançar a felicidade quando tive você. Meu pai estava me respeitando e você me enxergou como uma pessoa de verdade e não como um problema!

- E?

- E que tudo acabou no momento em que o Steve voltou. Eu sou uma pessoa péssima por culpar o retorno do meu irmão? Eu o amo mais que tudo nesse mundo, Sam. Eu sou uma pessoa horrível?

Sam observa a expressão medrosa em Bucky, mas não diz nada sobre o que ele está pesando.

- Você não precisa de mim, do seu pai ou do seu irmão para ser uma pessoa melhor, Bucky.

- Mas eu quero mesmo assim.

- Não sei o que dizer.

- Nenhum relatório sobre mim, doutor Wilson? - Bucky dá dois passos para trás dando um sorriso sínico - esse cara devia ser demito - fala mais alto falando para uma enfermeira que está passando por eles - ele não me ajudou em nada, só ferrou mais ainda minha cabeça. Pode jogar seu diploma no lixo.

Bucky anda para longe deixando Sam sozinho encostado na parede.

————
Bucky conseguiu um apartamento meia boca perto do restaurante onde trabalha. Não é um hotel 5 estrela, mas é tudo o que ele pode pagar. Morar com Sam e Steve não é uma opção e ele prefere a morte do que morar com seu pai de novo.

Chegando em seu ap, ele tem que bater duas vezes próximo a fechadura para a chave girar e trancar a porta por dentro. Dessa vez ele exagerou pois ele não para de bater na porta até ela quebrar com a chave dentro da fechadura.

Ele se sente um lixo por não ter o que quer. Por ter achado a sensação por qual passou a vida interina procurando para no final ser proibida.

Nada disso é justo. Bucky deslisa pela porta até se sentar no chão com os braços em volta dos joelhos. Ele não queria chorar por isso, mas vai aproveitar a dor que sente da mão e dizer para si mesmo que esse é o motivo de sua tristeza.

O pior de tudo é que Bucky realmente odeia o fato de pensar o pior do irmão. Roubar sua vida não era sua intenção. Steve já teve tudo na vida. Amor, respeito, admiração e Sam. Por que ele não pode compartilhar um pouco? Isso é tão simples na cabeça de Bucky.

Mas ele prefere transferir sua raiva para Sam, porque quando eles se odiavam era mais fácil lidar com todo o resto e agora Bucky só consegue pensar no quanto foi idiota e o quanto Sam brincou com ele esse tempo todo.

Bucky só quer se sentir bem de novo e não importa como. Ele vai escolher o caminho mais fácil.

Bucky: Ei cara. Sou eu o Bucky... Sim... Duas doses... Metanfetamina é melhor... certo, tô esperando.

120 dólares as duas doses, isso deve valer a pena. Bucky paga seu fornecedor porque já ficou devendo antes e o resultado não foi legal.

Vai até o seu quarto bagunçado e procura por uma seringa e agulha novas. Depois vai para a cozinha expor a substância numa colher ao fogo com um isqueiro. Quando se transforma em líquido, Bucky despeja com cuidado dentro da seringa. Amarra seu braço com um pedaço de pano fino para que apareça uma veia em seu antebraço e enfia lá dentro, liberando toda a substância Bucky se sente livre. Mostra um sorriso e se deita no chão curtindo a onda dessa droga perigosa.

Rapidamente a melhor sensação da sua vida não é mais qualquer bobagem que esteja acontecendo no momento e sim a sensação da droga correndo por suas veias. Nada pode quebrá-lo ou atingí-lo sequer. Sentindo isso ele é alguém superior.

Onde todos acham que Bucky ama se embriagar em um bar qualquer com uma bebida quente barata e depois partir pra briga com qualquer idiota bêbado, não imaginam que ele só não gosta de ter marcas de agulha em seu braço, nem hematomas roxos na sua pele por causa da furada. Seu braço esquerdo já foi muito marcado e quando você está claramente bêbado, ninguém vai se dar ao trabalho de levantar a manga de sua jaqueta para verificar o seu braço. A distração perfeita. Sem preocupações, sem explicações.

O namorado do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora