03_ Xereca flash.

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Eliza Claire

Que tipo de ser vivo repugnante e desesperado por atenção é esse?

Observei o Theo soltar o abraço da mãe do Adam, que tinha uma expressão surpresa, e entrou para a sala já botando o olho na mesa cheia de comida.

Eu também já tinha grudado o olho na comida, mas a diferença, é que a comida era pra mim.

- Uh, bolo... Faz tempo que eu não vejo bolo. - O Theo sorriu para a mãe da Brenda.

- Isso não deve ser a única coisa que você não vê faz tempo. - Murmurei baixinho.

Tipo caráter, respeito e buceta.

Eu duvido que um cara tão sem senso veja a xereca de alguém tão frequentemente.

O Theo se virou para me encarar surpreso, exibindo uma sobrancelha levantada.

Ele parece a Mirella desse jeito.

- O que você quer dizer com isso, querida? - Ele soltou e as minhas sobrancelhas se ergueram.

Ele soltou aquilo tão naturalmente, que parece que nem mesmo ele percebeu quando saiu.

É tipo aqueles peidos que você pensa que é apenas um peido e na verdade sai um projeto de Satã do seu rego.

- Querida? - Eu repeti desacreditada e enojada. - Que carambolas de querida você tá vendo aqui, sua peste?

Eu me arrependi profundamente, de ter reagido tão instantaneamente ao apelido, e me amaldiçoei ainda mais quando o Theo abriu um sorriso de lado divertido.

Ele estava se divertindo com a minha raiva.

- Realmente, você não tem nada de querida. - Ele falou simples e eu abri a minha boca indignada.

- Não faz nem 3 minutos que vocês quase se mataram lá fora. - O Adam mencionou atrás de nós. - Vão mesmo começar de novo? - Ele sorriu com medo.

Eu nem percebi que tinha caminhado pela casa, ao ponto de ficar de frente com o Theo.

- Calado, Adam, eu quero ver fogo no parquinho. - A Brenda soltou com um sorriso enquanto nos observava do sofá confortável.

Eu revirei os olhos me virando para os pais e encontrei os dois rindo silenciosamente, mas quando os nossos olhares se encontraram, eles prenderam a risada tão forte que ficaram parecendo dois tomates.

Depois de alguns segundos, a mãe — que eu vou chamar de Foguinho, por causa do seu cabelo ruivo — conseguiu controlar a sua risada e se virou para o Theo.

- A festa é para a Eliza, já que ela agora é tipo nossa filha. - A mulher explicou e eu sorri orgulhosa.

Toma essa, imundo.

- Você tá dizendo que eu não sou um filho para a senhora? - O Theo debateu com a voz ofendida.

- Exato. - A Brenda falou sem se importar.

- Eu não deixava... - O Adam sussurrou prendendo a risada.

- Theo, claro que você é um filho pra mim, mas às vezes, você não pode ter tudo que quer. - A Foguinho se aproximou do melhor amigo do seu filho com um sorriso carinhoso.

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