11_ Cicatrizes.

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Eliza Claire

A minha irmã me mandou uma carta.

O que foi surpreendente, já que eu achei que ela me mandaria uma bosta embrulhada.

Era literalmente a foto de uma carta que ela fez por mensagem.

"Eu decidi te mandar essa carta porque um personagem do livro de máfia que eu to lendo mandou uma carta pro amor da vida dele, e isso é romântico. Mas essa carta é romântica do tipo irmã, e não romântico do tipo que eu te pego e te jogo na parede com as pernas abertas pra eu depois... Enfim, uma carta.

A gente precisa falar da mamãe.

Eu to realmente começando a acreditar que a mamãe me achou perto de uma lata de lixo como você sempre diz.

Ela se preocupa demais com você, principalmente agora que você tá longe de casa.

Evite passar vergonha e não fale pros gringos que você acha que o Brasil e os Estados Unidos ficam em continentes diferentes, você só vai me fazer passar vergonha quando eu for uma stripper famosa...

Mas o real motivo dessa carta, é que a situação aqui piorou. A mamãe pode tentar esconder isso, mas tá óbvio demais até pra mim.

Eu vejo a nossa mãe todos os dias levantar cedo e entregar currículos o dia todo, pra só de noite ela voltar com os olhos cansados e tristes.

Até mesmo a relação dela com o nosso padrasto tem piorado, e eu realmente acho que eles tão tentando se divorciar...

Mas a gente sabe perfeitamente que a mamãe nunca te contaria isso, por mais que a situação aqui em casa esteja péssima, ela quer te ver viver o seu sonho e não vai deixar que os problemas dela façam parte das suas preocupações.

Eu ouvi que você tá concorrendo para uma bolsa, e essa vai ser a única vez que eu vou me permitir falar isso mas... eu acredito em você e no seu potencial. Menos no potencial de geografia.

P.S.: Se você vai viver, viva incrível."

E mais uma vez, a minha família me fez tomar uma decisão doida.

[...]

- Soso, você viu o Theo? - Falei puxando a minha amiga no meio do corredor do colégio.

- Depende, você vai matar ele? - Ela me olhou preocupada.

- Depende. - Dei de ombros sorrindo.

- Você vai sentar nele ou sentar a marretada nele? - Ela questionou semicerrando os olhos.

- Soso, você vai ser jogada no esgoto se não me responder. - Ameacei e ela desviou o olhar pro banheiro masculino.

- Ele tá no banheiro masculino com o resto do time de futebol americano. - Ela respondeu e eu sorri.

- Te amo. - Declarei e ela arregalou os olhos ainda mais.

- Você consegue amar? - Ela me encarou desacreditada enquanto eu andava em direção do banheiro masculino.

Entrei sem pensar muito, e arregalei os olhos encontrando aquele tanto de gostosos sem camisa, quer dizer, horrorosos.

O IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora