O Intercâmbio

12_ Leite do meu ex.

Eliza Claire

Senti o meu coração pular uma batida quando notei as várias cicatrizes e hematomas no seu corpo.

Os hematomas no seu peito e ombro pareciam ser recentes demais.

Talvez foi por causa dos treinos e o jogo de futebol, já que futebol americano era em si algo violento.

Mas nenhum dos outros jogadores pareciam ter hematomas e isso não explicava as cicatrizes que se estendiam pelas suas costas, ombros, peito e até mesmo no abdômen.

Por que ele tava se vestindo aqui na cabine e não com os outros?

As cicatrizes não eram recentes e pareciam ter todo tipo de tamanho.

Logo abaixo do seu peito, tinha uma tatuagem escrita "Lucky boy", mas ela tinha 2 cicatrizes passando por ela.

O Theo notou o meu olhar assustado sobre as suas cicatrizes e hematomas, fazendo os seus olhos se arregalarem e o seu corpo encolher.

Ele fechou a porta na minha cara e eu pisquei percebendo que estava prendendo a minha respiração.

Ainda em choque encarei a porta da cabine sem saber o que fazer, até ela se abrir novamente e revelar a imagem do Theo, agora com uma camiseta branca.

Senti a sua mão fria pegar no meu pulso e me puxar pra dentro da cabine com ele.

Aquela foi a primeira vez que ele me tocou voluntariamente desde que nos conhecemos, e eu, honestamente, achei horrível.

O Theo trancou a porta da cabine antes de me encarar confuso e indignado.

Tinha tantas coisas no olhar dele que eu mal consegui identificar o ódio e o medo lá.

O Theo Cooper demonstrou medo e eu quase sorri notando aquilo.

- O que você tá fazendo aqui? - Ele sussurrou irritado.

- Eu...

- Eu sabia que você era irritante e insuportável, mas não sabia que você era tão burra ou lerda. - Insultou ainda me encarando.

Eu desviei o olhar pra baixo, engolindo seco e fechando os olhos com força.

O meu orgulho gritava e implorava pra eu simplesmente esfregar a cara desse garoto na privada.

Talvez eu tenha a sorte de encontrar um tolete de bosta lá...

Engoli cada gota do meu orgulho e quase fiz uma careta feia logo depois.

O leite do meu ex tinha um sabor melhor que o meu orgulho.

Ok, eu sei que eu deveria superar o meu ex, mas a quenga dentro de mim fala mais alto.

- Eu vim fazer um acordo com você. - Voltei a encarar o Theo.

As sobrancelhas dele subiram pela surpresa junto dos seus olhos que se iluminaram pelo choque.

- E o que te faz pensar que eu faria um acordo com você? - Ele abriu um pequeno sorriso com desdém.

Eu respirei fundo, e naquele momento, agradeci que mau cheiro não era um dos defeitos que o Theo coleciona.

- Olha, nós obviamente somos os potenciais vencedores para essa bolsa de estudos, e pelo que eu fiquei sabendo, esse trabalho é o último trabalho que vamos receber antes deles decidirem o vencedor. Essa apresentação vai decidir tudo. Eu apenas achei que seria bom trabalharmos juntos no trabalho, cada um com o seu trabalho, claro. Mas apenas tendo uma segunda opinião e ajuda extra de outro concorrente. - Falei firme.

O Theo permaneceu em silêncio por alguns segundos, ainda olhando no fundo dos meus olhos enquanto semicerrava o olhar.

Ele estava contra a parede com os braços cruzados sobre o seu peito fazendo a sua camiseta ficar apertada e marcar o seu corpo.

Me permiti encarar a tatuagem de cobra que estava no seu braço, não tão longe do ombro antes de ouvir o Theo falar.

- Então, você está pedindo a minha ajuda? - Ele sorriu de lado afastando as suas costas da parede mas mantendo os seus braços cruzados.

- Chame do que quiser... - Revirei os olhos.

- Eu estou chamando do que é. - Ele retrucou semicerrando os olhos mais uma vez pra mim.

Analisei o olhar do Theo sobre mim e mantive o contato visual até ele decidir voltar a falar.

- Por que você acha que eu te ajudaria? - Ele questionou, quase honestamente.

Desci o olhar e encarei uma pequena cicatriz que escapou da camiseta do Theo e ele seguiu o meu olhar antes de engolir seco.

Eu quase vi o seu corpo se encolher novamente mas o Theo respirou fundo se aproximando.

- Eu vou estar na biblioteca amanhã. - O Theo contou ficando na minha frente.

Estávamos a poucos centímetros um do outro e eu não me importei em esconder o meu olhar de ódio pra ele.

Eu sempre odiei deixar as pessoas sentirem que tinham alguma vantagem sobre mim, mas pelo menos eu sabia que tinha alguma vantagem sobre o Theo também.

Vi ele destrancar a porta da cabine e me dar um sorriso falso antes de abrir a porta pra mim.

Ele me deu a visão de todo mundo no banheiro em volta da nossa cabine apenas nos encarando com os olhos arregalados.

Senti uma dor no meu coração e eu arregalei os olhos.

Eu sabia que se eu pedisse ajuda pro Theo, eu morreria...

Notei o Adam no meio daquele bando de gente me encarando com as mãos na cintura e o rosto indignado.

Com certeza, eu é que vou apanhar agora.

continua...

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Lucky boy: Garoto sortudo.

qnd tiver 6666 comentários eu posto o próximo cap ainda hj:)