32_ Bosta da ratazana do esgoto voadora.

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Eliza Claire

- Os opostos se atraem. - A Soso falou e eu revirei os olhos.

Não diga isso para o Bolsonaro e o Trump! Eles são um casal de bostas tão lindo...

- Os opostos se estressam. - Corrigi.

- Punhetico. - Ela assentiu me encarando.

Soltei uma pequena risada e encarei a minha amiga com a cabeça inclinada enquanto nós andávamos pelo lado de fora do hotel.

Tínhamos acabado de voltar de uma das atividades da excursão. Nunca achei que seria tão humilhada por não saber nadar até que fui perseguida por um ganso.

- E como foi dormir com ele? - A Soso questionou me entregando uma garrada de água.

- Eu não sei... - Admiti erguendo o olhar para ela. - Eu dormi primeiro que ele e quando levantei, ele não estava no quarto. - Dei de ombros.

Observei as pequenas sardas que se estendiam pelo rosto da minha amiga e engoli seco vendo um sorriso enorme se estender pela boca dela.

- Eu sou muito mais feliz quando ele está a 50 privadas longe de mim. - Falei bebendo finalmente da água e a Soso ergueu uma sobrancelha imitando a Mirella.

- Vocês estão agora separados por alguns centímetros na mesma cama. - Ela brincou e eu fiz uma careta indignada.

De repente, senti algo cair na minha cabeça. Era estranhamente líquido e sólido ao mesmo tempo e caiu tão rápido que eu achei que tava chovendo pirocas de plástico.

Os olhos da Soso se arregalaram e eu movi minhas mãos até a minha cabeça com cautela.

- Não! - A Soso segurou as minhas mãos antes que eu tocasse o que caiu no meu cabelo. - Um pombo acabou de cagar na sua cabeça.

O meu queixo caiu igual a minha dignidade.

- Pombo filho da puta da desgraça! - Xinguei em português em choque com os olhos arregalados.

Comecei a andar para o hotel em pânico enquanto xingava o pombo em todas as línguas que eu conhecia, ou seja, português e o meu inglês atropelado pela raiva. Cheguei no meu andar e corri para a porta do quarto.

Eu provavelmente parecia um hétero top que acabou de receber um fora.

- Se eu pego aquele pombo na rua eu jogo uma pedra nele. Aquele satanás daquele pombo pra me cagar aqui. Tá achando que é quem pra cagar na minha cabeça? Vou xingar mesmo, Deus que me perdoe. Filho da puta miserável. - Caminhei pelo quarto irritada e assim que cheguei na porta do banheiro travei.

Se eu encontro aquele pombo maldito eu quebro ele com pedras...

O Theo estava de costas para a porta terminando de colocar a camiseta preta.

Tive uma pequena visão dos músculos das suas costas flexionando enquanto os seus braços faziam o trabalho de passar a peça cuidadosamente pelo seu corpo. O cabelo dele estava molhado, fazendo algumas gotas de água escorrerem pelo seu pescoço e molharem a sua camiseta recém colocada.

Ele passou a mão grande e com veias pelo cabelo, puxando boa parte da água pra fora do mesmo.

Pisquei atentamente, não entendendo o porquê de eu ter paralisado com aquela visão.

A atenção do Theo era toda para o espelho que refletia a sua imagem e eu consegui ver um sorriso de lado iluminar o seu rosto. A sua covinha apareceu, rasgando a sua bochecha com charme, e a maçã do seu rosto ficou rapidamente visível, apagando totalmente a expressão dura que ele tinha no rosto alguns segundos atrás.

O IntercâmbioOnde histórias criam vida. Descubra agora