Hey there shadow

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Uma semana depois....

Faltava uma semana para o natal. Como faziam em todos os anos, sem falta, os pais Uzumaki planejaram por meses uma viagem de fim de ano, e desta vez foram para o Egito. E como sempre, chamavam o filho para ir junto. Mas Naruto não tinha ânimo algum para ir ver nada. Havia também o fato de que os genitores se divertiam muito mais quando o mais novo não ia junto. Então preferiu ficar em casa sozinho.

Eles partiram há quatro dias e voltariam dia cinco de Janeiro, ao que tudo indicava. Este ano foram antes do que normalmente iam, aparentemente para não terem que lidar com aeroportos e estações tão cheias. E também tinham muitos planos para o Egito.

Naruto passaria o natal sozinho. Shikamaru estava de férias e foi à uma cidade no interior junto com Temari e Gaara, para passarem o natal com os pais e avós dos dois irmãos. Shikamaru gosta do interior, é a cara dele na verdade; Hinata foi para o Marrocos e Hanabi iria pra lá também para passar o natal com o pai; Sai teve que viajar com a família de Ino para uma pousada. O Uzumaki não tinha mais ninguém.

Mas tudo bem. Não comemorava o natal de qualquer forma, a última vez foi no ano antes de Sasuke ir embora. Não tinha mais graça depois daquilo, e nos anos que teve amnésia, apenas observava a comemoração de outras pessoas. Gostava, mas não fazia muita coisa assim. Fazia para comer biscoitos de gengibre com formato de homenzinhos, e isso era tudo.

Desde o dia que o loiro caiu na neve e tiveram aquela conversa na rua, Sasuke não estava mais ignorando a existência do mais novo. Quando se topavam, o Uchiha o cumprimentava com pequeno aceno de cabeça. Aquilo deixou Naruto um pouco menos triste, pois o outro não estava mais demonstrando o ódio e desprezo que sentia. Então começou a tentar, de maneira singela, aos poucos, fazer com que o vizinho o odiasse um pouco menos.

Como estava de férias e não tinha nada para fazer, passava o tempo atoa ou cozinhando alguma coisa que inventava na cabeça. Algumas vezes nos últimos dias, preparou receitas — para se distrair e testar algumas ideias, claro — como biscoitos de canela com chocolate; bolo de banana com recheio cremoso de nozes e canela por cima; muffins de banana e chocolate salpicados com canela em pó. E na tarde anterior, teve a ideia de usar sua sorveteira e fez um sorvete de canela, que ficou muito gostoso com banana assada e lascas de chocolate. Tudo aquilo por um mero acaso não tinha nenhum traço de glúten. E ficou bem gostoso.

Naruto juntava toda a coragem que tinha dentro de si e levava um pouco daquelas coisas para o outro lado da rua. Sasuke aceitava o que era levado pra ele. E agradecia.

E isso era tudo.

Mas Naruto não sabia se o Uchiha aceitava aquelas coisas porque gostava, ou se aceitava porque não queria ser mal educado. Gostava de pensar que talvez o moreno tivesse entendido que não estava mesmo incomodado com ele morando ali. E também tinha esperança de que o Uchiha o odiasse um pouco menos. Não sabia o que mais poderia fazer. Aquilo era tudo o que achava que poderia fazer. Dar coisas para o vizinho comer. Então fazia.

Cerca de três minutos ou menos era o tempo que podia passar na frente de Sasuke enquanto entregava as receitas. Era o que podia ter.

Naquela noite, Naruto estava com vontade de comer pizza e resolveu fazer uma. Queria testar a massa de couve flor. Já faz um tempo que viu um chef falando sobre essa massa, e não tinha farinha nela! Ninguém precisava de glúten mesmo. Ninguém. Levou cerca de uma hora e meia para ter a pizza toda pronta, e ficou uma delícia. Metade marguerita e metade pepperoni.

Quando terminou de comer, se levantou para lavar a louça suja, vendo pela janela da cozinha que o vizinho estava em casa. A luz da sala dele estava acesa. Se observasse bem, e também utilizasse da boa audição, podia escutar aquele barulho de coisa batendo, e uma movimentação de sombra atrás das cortinas. Sasuke deveria estar batendo naquele saco de areia.

N.W. Dicken's ElixirOnde histórias criam vida. Descubra agora