Capítulo 1

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Pessoal antes de começar vossa leitura quero que vocês mantenha a mente aberta a respeito da nossa Ana que aqui sofre
autismo  de  alta  funcionalidade,  antes conhecido  como  síndrome  de  Asperge.


—Sei que você odeia surpresas, Ana. Para alinhar nossas expectativas a um cronograma aceitável para você, saiba que já estamos prontos para ser avós.

O olhar de Ana Steele saltou da mesa do café da manhã para o rosto de sua mãe, que envelhecia da forma mais graciosa possível. A maquiagem sutil chamava a atenção para os olhos cor de café, prontos para a batalha. Aquela não era uma boa notícia para Ana. Quando sua mãe punha alguma coisa na cabeça, era impossível fazer com que mudasse de ideia.

__Recado dado, - Ana respondeu.

O choque deu lugar a questionamentos acelerados, motivados pelo pânico. Netos significavam bebês. E fraldas. Montanhas de fraldas. Uma explosão de fraldas. E bebês choravam, dando gritos agudos como criaturas mitológicas que nem os melhores fones de ouvido eram capazes de abafar. Como conseguiam berrar tanto e por tanto tempo sendo tão pequenos? Além disso, bebês implicavam maridos. Maridos eram precedidos por namorados. Namorados eram precedidos por encontros. Encontros levavam a sexo. Ela estremeceu.

__Você tem trinta anos e ainda está solteira, Ana. Estamos preocupados com você. Já experimentou usar o Tinder?

Ana deu um gole enorme de água e engoliu acidentalmente um cubo de gelo junto. Depois de limpar a garganta, respondeu:

__Não. Nunca experimentei. - Só de pensar no Tinder — e no encontro decorrente do uso do aplicativo — já começou a suar. Ana detestava qualquer coisa relacionada a um encontro: a quebra da rotina confortável, as conversas rasas e constrangedoras, e, de novo, o sexo...

__Me ofereceram uma promoção no trabalho, - ela disse, na esperança de distrair a mãe.

__De novo? - questionou seu pai, baixando o Wall Street Journal e revelando seus óculos de aros finos. __Faz uns quatro meses desde a última promoção, não? Isso é incrível.

Ana se acomodou na beirada do assento.

__Um novo cliente, um grande varejista da internet que não podemos divulgar, tem um banco de dados incrível.Me deixaram brincar à vontade com os números, então criei um algoritmo para ajudar a sugerir compras. Pelo jeito, está funcionando bem.

__E qual é seu cargo novo? - seu pai quis saber.

__Bom... - O molho e a gema do ovo dos bolinhos beneditinos de siri tinham se misturado, e Ana tentava separar as duas texturas viscosas com o garfo. __Não aceitei a promoção. Era para econometrista sênior, com cinco subordinados e muito mais interação com o cliente. Prefiro trabalhar só com dados.

A mãe recebeu a informação com um gesto de reprovação.

__Você está ficando acomodada, Ana. Se não aceitar novos desafios, não vai evoluir no seu traquejo social. Por falar nisso, tem algum colega na empresa com quem aceitaria sair?

O pai baixou o jornal e cruzou as mãos sobre a barriga saliente.

__E aquele rapaz,Sawyer Luke? Ele me pareceu um bom sujeito na festa de
confraternização da empresa.

As mãos da mãe voaram para a boca.

__Ah, por que eu não pensei
nele antes? Um moço tão educado. E bonito também.

__Ele é legal, acho. - Ana passou os dedos nas gotículas de água condensadas do lado de fora do copo. Se fosse sincera, precisaria assumir que até daria uma chance a Sawyer. Ele era convencido e desagradável, mas pelo menos era direto, algo que ela apreciava nas pessoas. __Acho que Sawyer tem vários transtornos de personalidade.

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