Capítulo 28

1.1K 137 34
                                    




Uma batida na porta distraiu Ana do algoritmo que estava formulando. Quando virou, a porta se abriu e um enorme buquê de copos-de-leite foi levado para dentro de sua sala.

A recepcionista da portaria, Benita, uma mulher curvilínea de quarenta e poucos anos, pôs o vaso sobre a mesa e soltou o ar com força pela boca.

__Nossa, estava pesado. Parece que você tem um admirador.

Ana pegou o cartão no meio das flores. Reconheceu imediatamente a caligrafia de Christian.

Para minha Ana. Estou pensando em você. Com amor, Christian.

__Não entendi nada. - Ela ficou olhando para o bilhete na palma da mão. Benita inclinou a cabeça para ler o cartão e sorriu.

__Christian é o cara com quem você está saindo, né? Ele é bem bonitão.

__A gente terminou.

O sorriso de Benita se tornou mais malicioso.

__Parece que ele quer reatar. Vai dar mais uma chance a ele?

Antes que ela pudesse responder, Sawyer passou na frente da porta. Uma fração de segundo depois, estava de volta, olhando feio para o buquê sobre a mesa. Um hematoma bem escuro decorava o lado direito de seu rosto.

__Aquele filho da puta. - Ele entrou na sala sem pedir licença e se dirigiu às flores.
Ana se jogou na frente dele.

__O que está fazendo?

__Vou jogar essa porcaria no lixo, onde é o lugar dela.

__Ah, não vai, não. As flores são minhas. - Era a primeira vez na vida que ganhava um buquê de um homem.

__Eu compro outras melhores, - ele disse com os dentes cerrados.__Essas daí precisam sumir.

__Não quero ganhar flores de você.

__Estamos saindo juntos, lembra?

__Não estamos, não. Saímos uma vez, e não quero repetir a experiência. Não somos compatíveis.

Benita contorceu os lábios e ficou observando Sawyer com as sobrancelhas erguidas, obviamente apreciando o drama.

Ele se aproximou de Ana com os ombros carregados de tensão e os punhos cerrados.

__E você e ele são compatíveis?

Ana segurou o cartão entre os dedos. Era possível uma compatibilidade unilateral?

__Fui muito feliz enquanto estávamos juntos. Ele me ouvia. Queria saber mais sobre mim, sobre meu dia, sobre o que eu estava fazendo e...

__Para mim só interessa se ele é bom de cama ou não, - interrompeu Benita.

Ana mordeu o lábio, ficou vermelha e olhou para o chão. O "bom" não fazia justiça a Christian.

__Fenomenal, - parecia mais apropriado.

__Sua sortuda. - Benita se virou para Sawyer e o pegou pelo braço. __Vem, SL, vamos lá para a cozinha. É melhor pôr um gelo nesse olho.

SL?

Sawyer resmungou baixinho e ainda olhou feio mais algumas vezes para as flores antes de permitir que Benita o levasse do escritório de Ana. Enquanto os dois andavam pelo corredor, ele pôs a mão na base da coluna dela, então a desceu um pouco e apalpou a mulher. Em vez de dar um tapa nele, como Ana imaginava que faria, Benita afastou os cabelos claros do rosto dele e examinou o hematoma.

Aquilo era... interessante.

Parecia que Benita não se importava que Sawyer fosse um verdadeiro cachorro.

Acompanhante de Luxo Onde histórias criam vida. Descubra agora