Capítulo 2

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Qual envelope ele abriria primeiro? O do resultado dos exames ou o da conta? Christian era paranoico em relação a proteção, então talvez devesse optar pelo primeiro. Devia ser o melhor a fazer. Por sua experiência, merdas aconteciam sem motivo. Já as contas eram sempre a mesma coisa. Um pé no saco. A única diferença era a força do impacto.

Por algum motivo, ele abriu o envelope da conta, tenso e se preparando para o golpe. Quanto estaria devendo aquele mês? Seus olhos foram direto para a parte inferior da fatura, que discriminava cada compra. O ar se manteve em seus pulmões por um bom tempo antes que conseguisse soltá-lo. Não era tão ruim assim. Numa escala de "incômoda" a "massacrante", a conta ficaria na categoria "dolorida".

O que provavelmente significava que ele estava com clamídia.

Christian deixou a conta sobre o armário de metal atrás da mesa da cozinha e abriu o envelope com o resultado de seu mais recente exame de DSTs. Todos negativos. Ainda bem. Era sexta à noite, o que significava que ele precisava trabalhar.

Estava na hora de entrar no clima para trepar. Não que fosse uma coisa fácil depois de passar tanto tempo pensando em DSTs e boletos aterrorizantes. Por um instante, Christian se permitiu imaginar como seria se as contas parassem de chegar. Enfim estaria livre. Poderia voltar à sua antiga vida e... se afundar na vergonha. Não, ele não queria que as contas parassem de chegar. Aquilo não podia acontecer. Jamais.

Enquanto tirava a roupa no caminho para o banheiro do apartamento barato, Christian tentou reviver o entusiasmo que costumava sentir pelo trabalho. De início, a natureza da função, cercada de tabu, foi motivação suficiente, mas depois de três anos como acompanhante seu ânimo tinha acabado. A necessidade de vingança, porém, continuava lá.

Olha só o que seu único filho faz da vida, pai.

Ele ficaria transtornado se descobrisse que Christian fazia sexo por dinheiro.

O que era o bastante. Não em termos sexuais, claro. Para aquilo serviam as fantasias. Christian repassou mentalmente suas favoritas. O que poderia deixá-lo tentado naquela noite? Uma professora? Uma dona de casa negligenciada? Uma amante secreta?

Ele abriu o chuveiro e esperou o vapor dominar o ar antes de entrar na água quente. Respirando fundo, conseguiu acalmar seus pensamentos. Como era mesmo o nome da cliente daquela noite? Shanna? Estelle? Não, Ana. Seria capaz de apostar vinte dólares que aquele não era o nome verdadeiro dela, mas tudo bem. A mulher tinha pagado adiantado. Ele tentaria fazer alguma coisa legal para compensar. Aluno com tesão pela professora, então.

Ele era um calouro de faculdade. Tinha abandonado todas as disciplinas menos uma, porque a sra. Ana gostava de deixar o apagador cair perto da carteira dele. Imaginando a saia dela subindo quando se abaixava para pegá-lo, Christian segurou o pau e o acariciou com movimentos firmes. Quando a aula terminava, debruçava a professora de costas sobre a mesa, levantava a saia até a cintura e descobria que ela estava sem calcinha. Começava a penetrá-la com estocadas fortes e aceleradas. Se alguém entrasse e os visse...

Com um grunhido, ele afastou a mão antes que fosse longe demais. Estava mais do que pronto para se encontrar com a sra. Ana fora da sala de aula.

Enquanto ele terminava o banho, se secava e saía do banheiro para vestir calça jeans, camiseta e blazer preto, sua mente se manteve voltada para a fantasia que criara. Com uma rápida olhada no espelho ainda embaçado e uma passada de dedos pelos cabelos molhados, teve certeza de que estava apresentável.

Camisinhas, chave, carteira. Por força do hábito, ele releu a seção de pedidos especiais do encontro daquela noite no celular.

Por favor não use perfume.

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